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Wanderlei Barbosa também não se afastou inteiramente do sistema carlessista. São anti-carlessismo: Ataídes Oliveira, Irajá Abreu, Paulo Mourão e Ronaldo Dimas

Mauro Carlesse: o sistema carlessista ainda vigora no Tocantins | Foto: Divulgação

Com o governador afastado do Tocantins, Mauro Carlesse, às portas do cemitério político, há quem não queira aparecer em público ao seu lado, embora mantenha conversações por intermédio de emissários.

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Wanderlei Barbosa
Wanderlei Barbosa de Castro, governador interino do Tocantins, e Mauro Carlesse: o primeiro é uma “criatura” do segundo | Foto: Reprodução

O governador interino (que tende a terminar o mandato, pois Carlesse não deve reassumir) Wanderlei Barbosa (sem partido, o que mostra fragilidade política) procura, publicamente, se manter afastado de Carlesse. Na prática, não abre a caixa-preta do governo do líder do PSL. Por quê?

Porque, como vice-governador, Wanderlei Barbosa é corresponsável pelo governo de Carlesse, ainda que não tenha participação direta nas bandalheiras do carlessismo. Mas ele, a rigor, é um político do carlessimo, uma de suas crias.

Neste momento, como Carlesse ainda tem certo “poder”, dadas as muitas ligações com políticos e empresários, Wanderlei Barbosa não o critica, pelo menos não da maneira correta — franca e direta — porque teme desagradar os principais aliados, que, a rigor, jamais deixaram de ser aliados do governador afastado pela Justiça. Nos bastidores, não perderam conexão com Carlesse.

O caso mais grave talvez seja o senador Eduardo Gomes (MDB), no momento trabalhando para tentar esvaziar a candidatura de Ronaldo Dimas a governador (notas plantadas nos jornais, sobre uma possível “fragilidade eleitoral” do ex-prefeito de Araguaína, têm as digitais do político bolsonarista).

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Eduardo Gomes
Mauro Carlesse e Eduardo Gomes: amigos íntimos| Foto: Reprodução

Eduardo Gomes “era” carlessista? Porque a palavra “era” está entre aspas? Porque, a rigor, o senador ainda é carlessista, só não vai dizê-lo aos eleitores, porque o governador afastado está queimado em todo o Tocantins. Ele é mais carlessista, por sinal, do que Wanderlei Barbosa.

Na campanha, se for candidato, não deverá defender, abertamente, o legado de Carlesse, mas também não criticará os desmandos do governador afastado. Porque, no fundo, pertence ao “sistema” carlessista de fazer política. Os métodos podem ser ligeiramente diferentes, mas não muito diferentes.

O fato é que Carlesse tem conversado com políticos e empresários e têm pedido a todos que apoiem Eduardo Gomes para governador. Portanto, se o senador for eleito daqui a oito meses, não será surpresa se, em janeiro de 2023, nomear Carlesse para alguma sinecura.

Os pré-candidatos que são anti-sistema carlessista

Dos seis pré-candidatos — Ataídes Oliveira, Eduardo Gomes, Irajá Abreu, Paulo Mourão, Ronaldo Dimas e Wanderlei Barbosa —, quatro de fato não pertencem ao “sistema carlessista”. Os anti-Carlesse são, em ordem alfabética, Ataídes Oliveira, Irajá Abreu, Paulo Mourão, Ronaldo Dimas.

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Ataídes Oliveira
Ataídes Oliveira: ex-senador | Foto: Divulgação

O mais crítico do carlessismo é o ex-senador Ataídes Oliveira, do Pros. É provável que, por ser totalmente anti-sistema de Carlesse, tenha dificuldade de montar uma chapa. Porém, para uma limpeza geral na gestão do governo do Tocantins, talvez seja o político adequado. Venceu não via política, por meio de conchavos e assaltos aos cofres públicos. Venceu no meio empresarial, no mercado, onde, como se sabe, é muito difícil sobreviver. Entretanto, exatamente por ser um outsider, não é confiável para os grupo tradicionais da política do Tocantins.

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Irajá Abreu
Irajá Abreu: senador | Foto: Divulgação

O senador Irajá Abreu (PSD), na verdade, não quer ser candidato. Ele pressiona os grupos políticos, ao informar que pode postular o governo, com o objetivo de conquistar uma vaga numa chapa majoritária para sua mãe, a senadora Kátia Abreu, que pretende ir à reeleição (há quem postule que vai disputar mandato de deputada federal, o que não é, claro, o seu desejo).

O ex-presidente Lula da Silva, com apoio da ex-presidente Dilma Rousseff, estaria pressionando o pré-candidato do PT a governador do Tocantins, Paulo Mourão, a aceitar Kátia Abreu para senadora. Porém, mesmo sabendo que deve obediência ao chefão do PT — o verdadeiro projeto da lulopetismo é a Presidência da República, e não governos estaduais —, o ex-deputado federal tocantinense não tem apreço pela senadora do PP.

Sabe-se que Kátia Abreu negocia com o PT e com Wanderlei Barbosa. Como é uma política experimentada, ela ficará com aquele candidato que é melhor para seu projeto de tentar permanecer no Senado. Se for o caso, banca o filho para governador.

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Paulo Mourão
Paulo Mourão: ex-deputado federal | Foto: Divulgação

Paulo Mourão é candidato muito mais para organizar o palanque de Lula da Silva no Tocantins. É um político sério e anti-sistema carlessista. Há quem o ache moderado demais no PT e, fora do petismo, há quem o avalie como radical (o que não é).

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Ronaldo Dimas
Ronaldo Dimas: anti-sistema carlessista | Foto: Divulgação

Ronaldo Dimas é anti-carlessismo. Mas sua ligação com Eduardo Gomes é uma incógnita. A ligação é pessoal, mas eles estariam estremecidos. Se conquistar o apoio de Eduardo Gomes, o que é possível, trará, ainda que de maneira indireta, o carlessismo para sua campanha. Mas o senador tem força eleitoral e poderá ajudá-lo a se eleger. Ao menos duas pesquisas o apontam como “favorito”.

É fato, porém, que Ronaldo Dimas é crítico do sistema criado no Tocantins por Carlesse. Portanto, é uma ruptura como o sistema gestado pelo governador afastado. E, como Ataídes Oliveira e Paulo Mourão, é visto como um político decente. Como disse um político de Palmas, “Dimas é a porção boa que anda com Eduardo Gomes”. Se é que ainda anda.