O senador Flávio Bolsonaro (PL) anunciou que terá o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para disputar o governo de São Paulo.

Mas a dúvida se Flávio Bolsonaro será mesmo candidato a presidente da República permanecerá até o dia 4 de abril de 2026. Nesta data, se quiser disputar a Presidência da República, Tarcísio de Freitas terá de desincompatibilizar-se. Ou seja, deixará o governo de São Paulo e não irá à reeleição.

Se não renunciar ao cargo, fica configurado que será candidato à reeleição. Uma fonte do Jornal Opção, que tem proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro, postula: “O candidato a presidente será Tarcísio… O lançamento de Flávio Bolsonaro é só para ‘calar a boca’ de Michelle Bolsonaro”.

Por enquanto, é preciso operar com a ideia de que Flávio Bolsonaro será o candidato a presidente da República pelo PL.

Mas Flávio Morais tem estofo e preparo para ser presidente? É provável que não. Certamente dirão: Jair Bolsonaro também não tinha. Por isso mesmo terminou na cadeia, por falta de conhecimento adequado, inclusive da correlação de forças, planejou um golpe de Estado que se revelou tabajara.

Flávio Bolsonaro, dizem, é o mais moderado dos Bolsonaros. Articula com mais desenvoltura no Senado e é menos dado a arroubos. Mas nunca geriu nada, nem mesmo a famosa loja de chocolates de sua mulher, no Rio de Janeiro.

Para ser presidente é importante que se tenha tanto experiência política — tráfego na Câmara dos Deputados e no Senado — quanto experiência administrativa.

Se trafega com alguma desenvoltura no Congresso, ao menos no espectro da direita, Flávio Bolsonaro não tem experiência como gestor.

Se a direita, toda ela, apostar em Flávio Bolsonaro poderá cometer suicídio eleitoral em 2026. O presidente Lula da Silva, altamente profissional, comerá o “fígado” do senador nos debates. Sem contar que a história da rachadinha (e Fabrício Queiroz) e da aquisição de uma casa em Brasília, num valor avultado, virá à tona, mais uma vez, com desgaste imenso.

Flávio Bolsonaro: senador pelo Rio de Janeiro | Foto: Roque de Sá/Agência Senado

De fato, Lula da Silva tem problemas e até chegou a ser preso. Porém, foi absolvido e tem couro grosso. É um mestre da política e, por isso, não teme mais nada. Já enfrentou Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Jair Bolsonaro.

Via racional passa por Ronaldo Caiado

Se seguir a via racional, as direitas, assim como o Centrão, acompanharão, não Flávio Bolsonaro, e sim o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pré-candidato a presidente pelo União Brasil.

Ronaldo Caiado tem estofo intelectual e experiência política e administrativa.

Durante anos, Ronaldo Caiado trafegou pela Câmara dos Deputados como um político do alto clero, respeitado inclusive por seus opositores. Depois, foi eleito senador. Em seguida, foi eleito e reeleito governador de Goiás.

Médico ortopedista, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com especialização na França, Ronaldo Caiado é um político e gestor dos mais dedicados. Debruça-se sobre vários assuntos e, ao término de seus estudos, deixa a impressão de que é um especialista.

Ronaldo Caiado é um profissional da política, no sentido weberiano. Ou seja, é um homem público de fato. Em termos de probidade, figura na lista dos políticos decentes — que são raros. É um gestor responsável e eficiente.

Em Goiás, além do alto investimento no social, o que o aproxima da socialdemocracia, e na educação — que acaba sendo social —, Ronaldo Caiado resolveu o problema da segurança pública.

O crime organizado, enquadrado, está contido no Estado. Pode até existir nichos do PCC e do CV, mas eles não fizeram do Estado uma base. Estão, por assim dizer, de passagem. Porque a polícia, além de dura, usa o sistema de inteligência, com alta eficiência, na prevenção do crime.

Diferentemente do Brasil, que cresce pouco, a economia de Goiás cresce mais do que a da maioria dos Estados. Porque, quando o governo é eficiente e aplica com retidão os recursos públicos, a iniciativa privada acredita e investe.

Então, as direitas e o centro (incluso aí o Centrão) têm dois candidatos: um, Ronaldo Caiado, é altamente preparado; o outro, Flávio Bolsonaro, é uma incógnita. A rigor, os currículos de ambos não são nem comparáveis. (E.F.B.)