A permanência das regras atuais vai provocar uma reviravolta nos partidos em Goiás. Podemos deve perder força e o PSD e o PL podem crescer

Vilmar Rocha e Gilberto Kassab: sem Distritão para a disputa eleitoral de 2022| Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção e Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente do PSD em Goiás, ex-deputado federal Vilmar Rocha, afirma que ouviu do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que o Distritão não será aprovado para a eleição de 2022. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tem dito que as coligações partidárias não voltam e tem sugerido que o Distritão não será colocado em discussão. O que se quer é preservar as cláusulas de barreira — até para acabar (ou reduzir) com os partidos ditos de aluguel.

No caso da disputa por vagas na Câmara dos Deputados, se o Distritão fosse aprovado, seriam eleitos, em Goiás, os 17 políticos mais votados. Se ele valesse para a disputa de 2018, o Major Vitor Hugo (foi “carregado” pela excelente votação do deputado federal Delegado Waldir Soares, seu companheiro de partido, o PSL), que obteve apenas 31.190 votos (1,03%), não teria sido eleito. Jean Carlo (67.729 votos), que disputou pelo PSDB, obteve mais votos do que três deputados federais eleitos — Alcides Cidinho Rodrigues (Patriota), José Nelto (Podemos) e Major Vitor Hugo (PSL). Com o Distritão, teria sido eleito. Sem, acabou derrotado, ficando como primeiro suplente de sua coligação.

Delegado Waldir Soares, deputado federal e presidente do PSL em Goiás: “As regras eleitorais têm de servir para todos” | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Com o fim das coligações partidárias — cada partido tem de lançar chapa própria, jogando sozinho —, alguns deputados federais terão dificuldades para se reelegerem.

O deputado federal Delegado Waldir Soares, presidente do PSL em Goiás, disse ao Jornal Opção que o Distritão não será aprovado. “Defendi o fim das coligações, assim como vários deputados — que aprovaram a mudança —, e os candidatos a vereador foram usados como ‘cobaias’ em 2020. Agora querem mudar as regras de novo, mas não será mais possível. Não há como aprovar o Distritão. Porque os grandes partidos não querem sua aprovação. Eu mesmo sou contra.”

Delegado Waldir frisa que deputados como José Nelto (que defende o Distritão), Lucas Vergílio, Magda Mofatto, Adriano do Baldy, entre outros, terão dificuldade de se reelegerem.

José Nelto: o deputado está se preparando para deixar o Podemos | Foto: Reprodução

O Professor Alcides Ribeiro, do Progressistas, pode se filiar ao PL da deputada Magda Mofatto. Ainda assim, os deputados terão de conquistar mais candidatos com o objetivo de que o partido obtenha pelo menos 300 mil votos — o que possibilitará a eleição dos dois. Não será fácil. Tanto um quanto o outro são capazes de mobilizar grandes estruturas, mas em 2018, juntos, obtiveram 177.439 votos — quantidade suficiente para eleger apenas um parlamentar. Magda Mofatto recebeu 88.894 (2,93%) e Professor Alcides, 88.545 (2,92%). José Nelto obteve 61.809 (2,04%). Sem o Distritão, ele disse ao Jornal Opção que não permanecerá no Podemos. Não porque não goste do partido, que o fortaleceu em Brasília, mas porque não terá chance alguma de ser reeleito. Por isso é cotado para se filiar ao MDB ou ao Democratas.

A manutenção das regras atuais deve provocar uma reviravolta em vários partidos. Alguns possivelmente serão esvaziados — caso do Podemos — e outros tendem a ser fortalecidos, como Democratas, MDB, PSD, Republicanos e, talvez, PL (o deputado federal Professor Alcides Ribeiro articula sua filiação ao partido, o que o fortalecerá).