Delegado Waldir diz que Caiado não discute o governo com o PSL
16 dezembro 2018 às 00h00

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O deputado federal, próximo de Jair Bolsonaro, afirma que, se estiver preocupado com a governabilidade, o governador eleito precisa conversar com seus apoiadores
O deputado federal Delegado Waldir Soares, além de se tornar líder do PSL na Câmara dos Deputados, mantém forte ligação com o presidente eleito, Jair Bolsonaro, do PSL.
Delegado Waldir estava se apresentando como candidato a presidente da Câmara dos Deputados. Mas, a pedido de Bolsonaro, desistiu do pleito. “Ele sugeriu, em nome da governabilidade, que o PSL não lançasse candidato a presidente. Não tive como não acatar o pedido do presidente da República; afinal, não sou maior do que a governabilidade”, frisa o deputado por Goiás.
Os candidatos estão se articulando para a disputa da presidência da Câmara dos Deputados, mas, por enquanto, não há definição, assinala Delegado Waldir. “O PSL tem 52 votos e vai escutar as propostas de todos os candidatos. Vamos examinar suas pautas. Nós queremos apoiar um candidato que seja liberal em termos de economia e atenda à pauta conservadora. Rodrigo Maia (DEM-RJ), João Campos (PRB-GO), JHC (PSB-AL), Fabinho Ramalho (MDB-MG), Capitão Augusto (PR-SP) e Alceu Moreira (MDB-RS) atendem à expectativa do PSL — uns menos, outros mais. João Campos aproxima-se bem do nosso perfil, mas há outros candidatos com perfis parecidos. Por ser aliado da esquerda, Rodrigo Maia enfrenta a resistência de quem optou pela pauta conservadora.”
João Campos tem enfrentado certa resistência dentro de seu próprio partido, anota Delegado Waldir. “Mas ele tem seu espaço, mas é preciso entender que ter o apoio do partido é fundamental. Rodrigo Maia, por exemplo, é o candidato definido do DEM. João Campos precisa primeiro se fortalecer dentro de sua casa política.”
Na Câmara dos Deputados, onde só há profissionais, Delegado Waldir afirma que uma de suas missões é contribuir para desarmar as pautas-bombas. “Nós barramos as principais pautas-bombas. Só avançou a questão dos incentivos fiscais do Norte-Nordeste e Centro-Oeste. Não somos contra incentivos fiscais, mas é preciso ter a definição de prazos. Os governos precisam de recursos para educação, saúde e segurança. A pauta do gasoduto, risco hidrológico e encontro de contas da Cemig, no valor de 73 bilhões de reais, foi derrubada por uma ação eficaz de nosso grupo. Queriam perdoar uma dívida de 5 bilhões de reais da Cemig.”
Inquirido sobre quem será o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, Delegado Waldir afirma que não sabe quem será o escolhido. “Se o governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado, me ligar e me perguntar darei o nome de minha preferência. Mas nem ele nem o secretário de Segurança Pública me ligaram. Até agora, por sinal, não falei com o secretário Rodney Miranda. Até por uma questão de cortesia, o secretário deve ligar para os parlamentares. O secretário de Segurança Pública, Irapuan Costa Junior, me ligou e pediu apoio. Tenho um carinho especial pelo Irapuan, que é um secretário espetacular. Faço oposição ao governo de José Eliton, mas o secretário é bom, tenho respeito por ele.”
O secretariado de Ronaldo Caiado ainda não foi escrutinado por Delegado Waldir. “Não tive tempo para analisar os nomes. No momento, minha preocupação é com o PSL, do qual sou líder. Tenho a confiança do Luciano Bivar e do Eduardo Bolsonaro. Estamos debatendo a questão de um bloco e a eleição para presidente da Câmara.”
Ronaldo Caiado está definindo seu secretariado. Delegado Waldir tem sido consultado? “Não recebi nenhuma ligação de Caiado. Mas a escolha do secretariado é uma decisão dele. Bolsonaro também não tem feito consultas para compor seu ministério. Caiado pode consultar ou não, é uma decisão pessoal, um direito seu. Vou ajudar o governo Caiado, porque ajudei a elegê-lo. Resta saber se Caiado quer ajuda para articular sua governabilidade. É preciso entender se quer minha ajuda ou não. Até agora, não se manifestou. Ele não chamou o PSL para dialogar.”
Quanto à escolha de um secretariado mais técnico do que político, Delegado Waldir diz que Caiado fez a opção certa. “Nos próximos quatro anos, ele tem de governar e, por isso, os técnicos lhe serão úteis.”
Perguntado sobre as prisões feitas pela Polícia Federal em Goiás, Delegado Waldir é enfático: “Anote — novas prisões virão. A situação em Goiás não difere do quadro articulado por Sérgio Cabral no Rio de Janeiro. Os jornalistas precisam ficar atentos, para não serem pegos desprevenidos. Polícia Federal, Ministério Público Federal e a Justiça Federal estão fazendo um trabalho exemplar em Goiás. Finalmente, com o tucanato deixando o poder, as investigações tambem poderão ser feitas, de maneira ampla, em âmbito estadual”.