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Deputado faz discurso, senador grava vídeo, mas é o prefeito quem abre o palanque, reúne o povo, distribui os abraços e define o tom da eleição. E, quando dois presidentes de entidades que conseguem reunir essa tropa toda começam a se alinhar com um projeto político, é bom prestar atenção.

O prefeito de Jaraguá e presidente da Federação Goiana dos Municípios, Paulo Vítor (UB), junto ao prefeito de Hidrolândia e presidente da Associação Goiana dos Municípios, José Délio (UB), viraram personagens centrais do jogo de 2026. E, ao que tudo indica, já escolheram o lado pelo qual vão marchar: o do vice-governador Daniel Vilela (MDB).

Os dois nomes são hoje lideranças institucionais, mas exercem uma função ainda silenciosa de cabos eleitorais de elite. Com trânsito livre entre prefeitos, acesso direto às bases e influência nas pautas locais, eles têm nas mãos algo que partidos e lideranças estaduais não possuem: capilaridade real e diária em todos os 246 municípios goianos.

A FGM e a AGM organizam prefeitos, defendem interesses, pressionam governos e pautam recursos. São verdadeiros hubs de articulação política. Por isso, o apoio de seus presidentes equivale a colocar o exército em campo antes da batalha começar.

Paulo Vítor e José Délio não são novatos em política. Sabem como a engrenagem funciona. E já mandaram sinais claros (com direito a discursos efusivos) de apoio ao projeto de continuidade de Daniel Vilela, que se posiciona como herdeiro político do legado de Ronaldo Caiado.

Na prática, esse apoio significa agendas organizadas nos rincões do estado, mobilização de lideranças locais, encontros regionais regados a discursos e, o mais importante: controle do ambiente político nos municípios. O apoio dos prefeitos, conduzido com inteligência por essas duas entidades, significa votos consolidados antes mesmo de qualquer marqueteiro entrar em cena.

Daniel Vilela sabe disso. Não é à toa que intensificou sua presença no interior, entregando obras, visitando feiras, inaugurando escolas e ginásios e, discretamente, fortalecendo os laços com as prefeituras. Caiado também sabe o valor dessa engrenagem e tem colaborado, ao estilo dele, dando prestígio a eventos municipalistas.

Em um cenário em que a oposição ainda engatinha, e o nome do senador Wilder Morais surge como possível antagonista, a força dos prefeitos pode ser a diferença entre um projeto viável e um delírio eleitoral. (T.P.)