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Um observador arguto do comportamento e da história política do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, fez o seguinte comentário para um deputado: “Quem pressionou o governador, sugerindo que deveria ficar ou deveria ser nomeado, tende a ficar fora do governo”.

De fato, Ronaldo Caiado é um político democrático, mas, cioso de sua autoridade — concedida pelos eleitores, no primeiro turno, em duas disputas, em 2018 e 2022 —, faz questão de escolher seus auxiliares. Pode até ouvir lideranças políticas, mas não sai nomeando, a torto e direito. O auxiliar precisa ser competente, do ponto de vista técnico, e ser ficha limpa.

O poder exige certa solidão e, quando o governo acaba, ninguém se lembra do secretário “x” ou “y”, mas, se não foi bom, o nome do gestor fica marcado para sempre. Por isso, Ronaldo Caiado gosta de nomear um auxiliar depois de examinar com lupa seu currículo e sua história pessoal e profissional.

Aos poucos, enquanto políticos esperavam uma reforma gigante da equipe, Ronaldo Caiado foi remontando o governo, de tal maneira que não houve crise alguma, em termos de continuidade de projetos. Manteve a maioria dos secretários, aqueles realmente empenhados com seu projeto de modernizar de modo amplo o Estado (economia, política, administração), incluindo uma ampliação do investimento no social, com o objetivo de assistir os pobres, mas também de inclui-los realmente na sociedade. E está indicando novos secretários.

Por ser atento aos fatos, e não aos discursos, Ronaldo Caiado tem consciência a respeito dos setores onde o governo avançou, onde persiste avançando e onde avançou menos. Por isso, as mudanças em algumas áreas.

O Ronaldo Caiado planeja um segundo governo com mais resultados, com avanços que mudem a vida das pessoas — notadamente dos pobres e também das classes médias — para melhor. Uma espécie de salto qualitativo. E, claro, sem desconsiderar as elites. A demora na remontagem total do governo tem a ver com isto. Porém, os postos chaves, aqueles que dão o norte do governo, já estão definidos.

Mas, repetindo, quem pressionou, quem arvorou-se em poderoso de plantão, ficou, como se dizia nos tempos de antanho, a ver navios.

Ronaldo Caiado está de olho na política nacional e, de fato, planeja ser candidato a presidente. Mas, como sabe que, para tanto, precisa governar bem e apresentar resultados aos goianos e aos brasileiros, vai se concentrar, em larga medida, em gestão nos próximos três anos. Não vai deixar de fazer política, mas vai fazer mais política como gestor do que como político. Quanto mais acertar, em sua administração, mais será respeitado como político. (E. F.B.)