CEI sem objeto definido é pizza encomendada

14 agosto 2025 às 13h51

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Com 16 assinaturas, o requerimento para a criação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investigará supostas irregularidades do Consórcio LimpaGyn foi lido e encaminhado ao presidente da Câmara Municipal, Romário Policarpo (PRD), nesta terça-feira, 12. O movimento chamou a atenção porque o texto não tem objeto definido. Nos bastidores, vereadores questionam a fragilidade do requerimento e o precedente aberto para a judicialização, caso o requerimento prospere.
A condicional “caso prospere” é importante porque, embora não seja necessária votação para autorizar a abertura com o apoio de um terço dos vereadores, o propósito da CEI também é questionado. Em 2023, a CEI da Comurg terminou em pizza, e o tempo revelou que sua real intenção era chantagear o então prefeito Rogério Cruz (SD) por cargos.
Com o acordo pelo fim das investigações, vereadores como Gabriela Rodart (PTB), Paulo Henrique da Farmácia (Agir), Igor Franco (SD), Welton Lemos, Thialu Guiotti (Avante) emplacaram parentes em órgãos e gabinetes do Executivo.
Embora não tenha objeto definido, pode-se presumir que a comissão usaria seus poderes para solicitar documentos e apurar o cumprimento de um contrato fechado entre o Consórcio LimpaGyn e a adminsitração de Rogério Cruz. Existe a óbvia dificuldade de apurar hoje qual a porção do lixo do ano que passado foi devidamente removido. Se a investigação ficar em segundo plano pela dificuldade de executar as diligências, cabe a pergunta: o que restará em primeiro plano?
Nesta quarta-feira, 13, o líder do prefeito na Câmara, Igor Franco (MDB), afirmou em entrevista coletiva: “Não haveria condições de essa CEI estar fora da base do governo, pois perderíamos naturalmente o controle e a governabilidade da Câmara.” Do ponto de vista da Prefeitura, a estratégia é dúbia. Até a realização da primeira reunião da CEI, os vereadores ainda podem retirar suas assinaturas do requerimento. Se quatro assinaturas forem removidas, cai a comissão.
(I.C.W)