Candidatura de Wilder ao governo é refém da sobrevivência política de Bolsonaro
26 julho 2025 às 21h00

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O PL não vive seus melhores dias em Goiás. Embora busque, nas redes sociais e na bolha da extrema-direita, demonstrar força entre o eleitorado goiano, a realidade que se reflete na política cotidiana é outra bem diferente.
Esse cenário pode ser visto a partir das últimas eleições municipais, quando o partido saiu com apenas 27 prefeituras, perdeu musculatura política e viu sua base minguar diante do avanço do MDB e do União Brasil, que juntos somaram 146 administrações. Nos bastidores, prefeitos eleitos pela sigla negociam migração para a base de Ronaldo Caiado, de olho no futuro governo Daniel Vilela.
Em meio a esse cenário de enfraquecimento e desarticulação, um nome tenta sobreviver à maré adversa: Wilder Morais.
A pré-candidatura do senador ao governo do Estado, inflada pelo bolsonarismo raiz e pela confiança de Valdemar Costa Neto, virou um castelo de cartas. E hoje se percebe que basta um sopro da Justiça (ou de Alexandre de Moraes) para tudo desmoronar. A possível prisão de Jair Bolsonaro, réu no Supremo pelos ataques de 8 de janeiro, pode enterrar de vez a única âncora que sustenta Wilder no jogo eleitoral.
Sem Bolsonaro no palanque (e, pior, com o ex-presidente atrás das grades), a narrativa desidrata, a militância desaparece e a viabilidade eleitoral do senador se evapora. Precisamos ser realistas: Wilder nunca construiu base sólida, não é conhecido por articulações habilidosas e vive isolado politicamente, até mesmo dentro do próprio PL.
A eleição de 2022 já ofereceu um retrato do que pode vir: com Bolsonaro ao lado, Major Vitor Hugo ficou em um distante terceiro lugar. Agora, imagine Wilder, com menos capital político e menos empatia popular, disputando um cenário ainda mais hostil.
Além disso, o senador segue rompido com nomes que poderiam ser estratégicos, como Marconi Perillo, que articula sua volta ao protagonismo estadual e não deve abrir espaço para aliados de ocasião. No PL, até o discurso de que “a estratégia é trabalhar” soa vazio, ninguém sabe ao certo qual é o plano real de Wilder, além da dependência total de Bolsonaro. (T.P.)
