Caloura em Brasília, Silvye tem início de mandato acima da média

07 maio 2023 às 00h05

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Deputada federal mais votada do Estado, caloura em Brasília e na política, exercendo primeiro mandato em meio a centenas de “cobras criadas” do Congresso Nacional.
Um prognóstico comum de gente experiente na cobertura do Legislativo era de que Silvye Alves se veria muito pressionada fora de sua zona de conforto – a apresentação de programas de TV, onde é “craque”.
Mas a aposta do União Brasil em Goiás (em especial de seu presidente estadual, o governador Ronaldo Caiado) vai surpreendendo críticos e eleitores. Estes, no entanto, positiva e negativamente.
Positivamente, porque faz um trabalho sóbrio e dinâmico em seus primeiros meses na Câmara, sem espalhafato. Mais do que isso, já consegue ser identificada por ter uma bandeira: colegas e jornalistas políticos já a veem como “aquela que combate as agressões às mulheres”. Ser vista de forma referencial nesse sentido, até mesmo pela imprensa, é importantíssimo para a sequência da carreira política e abre caminho, inclusive, para uma interlocução com a bancada progressista em determinadas pautas – o partido da deputada é mais identificado com o conservadorismo.
E aqui vem a questão julgada como negativa por outra parte, a mais radicalizada, do eleitorado que votou em Silvye. Para essa parcela, a parlamentar os decepciona quando critica a “lacração” de parlamentares de extrema direita como Nikolas Ferreira (PL-MG), a quem repudiou nas redes por debochar das mulheres, ao colocar uma peruca para discursar na tribuna em pleno 8 de Março.
Talvez Silvye Alves vá entender em breve que não precisa agradar (nem vai) a todos se fizer a “coisa certa”: assim, perderá alguns eleitores, mas certamente se tornará opção para muitos outros. Há de se destacar, ainda, o bom uso que a parlamentar e sua assessoria têm feito das redes sociais, hoje um mecanismo essencial para engajar eleitorado, especialmente no perfil midiático, como obviamente é natural que seja o de uma parlamentar comunicadora.
Por último, mas não menos importante: se quiser se cacifar com chances reais para uma eleição ao Executivo municipal, tudo o que Silvye não deve fazer é se tornar refém de um segmento – o que, no longo prazo, limita a vida política ao Legislativo.