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A prisão de Jair Bolsonaro pela Polícia Federal, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pode ter sepultado, de vez, a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, a presidente da República.

Tarcísio de Freitas não tem adversário na disputa pela reeleição. Mas, segundo consta, é o político que Jair Bolsonaro quer na disputa pela Presidência. Porém, por ser um candidato que precisa de padrinho — de sustentação —, o governador dificilmente irá para uma disputa nacional com o poderoso chefão preso.

A rigor, Tarcísio de Freitas é o grande nome do bolsonarismo, ainda que não seja, a rigor, bolsonarista. É um político de centro que, para se tornar palatável à direita bolsonarista, aqui e ali radicaliza o discurso. À direita. Não há nenhum político a-ideológico. Mas o governante de São Paulo é quase a-ideológico.

Sem Tarcísio de Freitas no páreo, o espaço, no espectro da direita, fica ligeiramente aberto. Porque Ratinho Júnior, do PSD, e Romeu Zema, do Novo, não empolgam a direita ideológica. Os dois têm cara e cheiro de centrão. Numa campanha contra o PT de Lula da Silva, um profissional difícil de ser vencido em debates, Ratinho e Zema enfrentariam amplas dificuldades. Poderiam ser “trucidados”. Não por falta de conteúdo, e sim de experiência em termos políticos nacionais.

Tarcísio de Freitas foto de Foto Divulgação Cleiby Trevisan
Tarcísio de Freitas: governador de São Paulo e quase a-ideológico | Foto: Divulgação/Cleiby Trevisan

Já Ronaldo Caiado é o aposto de Ratinho e Zema. É gestor como os dois, com alta aprovação dos eleitores, mas com um diferencial político. Primeiro, tem experiência política nacional, depois de anos no Congresso, como deputado e senador. Segundo, é mesmo de direita e tem discurso para enfrentar Lula da Silva.

A rigor, no momento há apenas dois grandes profissionais na ribalta da política nacional — exatamente Lula da Silva e Ronaldo Caiado. O debate entre eles será sempre “quente” e articulado.

Do ponto de vista ideológico, Ronaldo Caiado, dos três governadores, é o que tem mais identidade ideológica com a direita bolsonarista. Há quem postule que, nos últimos tempos, Bolsonaro estaria demonstrando entusiasmo, no sentido pessoal (fala da lealdade do gestor do Cerrado) e eleitoral, com o governador goiano. Sobretudo por causa de sua firmeza ideológica e, também, por apoiar a liberdade do ex-presidente.

De acordo com um bolsonarista, Bolsonaro estaria dizendo que conviveu anos na Câmara do Deputados com Ronaldo Caiado. Por isso sabe que se trata de um político que cumpre a palavra.

Então, que ninguém se surpreenda: Ronaldo Caiado, o político que não recua um milímetro de seu projeto de disputar a Presidência da República, daqui a 10 meses, poderá acabar sendo o candidato da direita bolsonarista e da direita moderada. (E.F.B.)