A entrevista concedida à Folha de S.Paulo e publicada neste sábado, 8, foi só uma mostra a mais. Toda a imprensa nacional ressaltou: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), foi o único entre todos os chefes dos Executivos estaduais que se posicionou frontalmente contra a reforma tributária votada e aprovada na Câmara na quinta-feira, 6.

O resultado da batalha, com a derrota expressiva em votos, foi um revés para o comandante goiano? À primeira vista, sim – mas só dessa forma.

Caiado conhece o jogo do Congresso Nacional e, pelos movimentos que se delineavam, já tinha ideia de como seria difícil evitar a aprovação da matéria, notadamente depois que o “capo” Arthur Lira (pP-AL) começou a descortinar seus ases.

No fim, com a larga margem de votos pró-reforma, o governador lamentou a aprovação do texto-base. Seguiu na militância contrária no dia seguinte, pelas redes sociais, discorrendo sobre o que entende que sejam prejuízos para o Estado e para os empresários, embutidos na nova norma tributária.

No balanço, porém, o que há? Caiado sai respeitado em três frentes: pelos adversários, por ter feito o jogo de fato “dentro das quatro linhas” democráticas – para usar uma expressão que esteve na moda recentemente; pelos aliados, porque conseguiu mostrar comando sobre os votos da bancada goiana, que votou mais “não” do que “sim” (9 a 8), trazendo para sua posição até gente de partidos fidelizados pelo governo federal desde o fim do primeiro turno das eleições, como Flávia Morais (PDT); e pelos bolsonaristas, que passaram a enxergar no governador alguém mais “oposicionista” do que gente tida como “raiz”, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Portanto, se em termos de resultado factual a aprovação da reforma tributário foi um desgosto pessoal, em se tratando de projeto nacional para 2026, coisa que Caiado não nega que pretende, a coisa não ficou tão ruim assim para o governador.