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marc iris
Ausência dos líderes absolutos, Marconi e Iris, cria um vácuo, mas isso não quer dizer que as eleições de 2016 e 2018 estejam atreladas

A eleição municipal em Goiâ­nia, neste ano, está sendo tratada como uma prévia da próxima, ao governo, em 2018. Isso porque há um vácuo de lideranças no Estado, visto que os dois líderes-mor de Goiás não estarão na disputa: Iris Rezende (PMDB) desistiu de sua vida política, aparenta estar irredutível e não deve voltar; Marconi Perillo (PSDB) não pode disputar o quinto mandato. Mas é a ausência do último que cria os maiores problemas. Iris e Marconi eram os dois líderes absolutos de Goiás, aqueles cuja autoridade é inquestionável.

Ao ser cada vez mais questionado dentro de seu próprio partido, Iris deixou de ser um líder absoluto e, atribui-se a isso uma parte de sua aposentadoria. Seu histórico é inegavelmente vitorioso, mas seu presente, embora ainda tenha muito vigor eleitoral, já não é inquestionável. Marconi, por outro lado, segue para se firmar cada vez mais como o líder absoluto que já é. Se conseguir dar o salto nacional que pretende, Marconi será, inquestionavelmente, o maior líder político do Centro-Oeste. Atualmente, é um dos nomes fortes do PSDB e tem chances reais de assumir a vice numa possível chapa pura tucana à Presidência da República em 2018.

Assim, sua ausência numa eleição para um cargo que seria naturalmente seu, caso pudesse disputar, cria um vácuo. E não há, hoje, ninguém que esteja inquestionavelmente à altura política de Marconi para assumir o governo.  Do lado governista, José Eliton (PSDB) é o candidato natural, mas não inquestionável; o mesmo ocorre com Thiago Peixoto (PSD) — os dois são os mais cotados. Do lado oposicionista, Daniel Vilela (PMDB) é o mais capacitado, mas não é inquestionável; o mesmo ocorre com Ronaldo Caiado (DEM).

É exatamente por essa falta de inquestionabilidade que a eleição deste ano é tratada como uma prévia da de 2018 e é o principal motivo para que os partidos da base estejam desunidos em Goiânia, apesar dos apelos de Marconi. Como o PSDB tem um pré-candidato à Prefeitura, os outros partidos com nomes fortes para tentar emplacar uma candidatura ao governo, tentam amarrar um eleição à outra. É o caso de PTB — que tem Jovair Arantes para a disputa ao governo — e PSD — que tem Thiago Peixoto ao governo e Vilmar Rocha ao Senado. Fora o PR da praticamente já anunciada pré-candidato ao Senado Magda Mofatto. Vem daí o principal motivo de divisão e que poderá fazer a base governista perder novamente em Goiânia.

Do outro lado, Daniel Vilela, ao se guardar para a disputa ao governo, em 2018, perde a oportunidade de se tornar prefeito da capital e projetar sua carreira política, estando mais perto de se tornar um líder inquestionável, absoluto.

Esquecem-se todos de que o momento do País, em 2018, será outro. Os nomes serão outros e as alianças e a reestruturação dos partidos também, assim como a mentalidade do eleitor. Dessa forma, 2018 não passa necessariamente por 2016 e atrelar uma eleição à outra é um erro que está sendo cometido pelos dois lados.