Atrelar eleição deste ano à de 2018 é um erro
16 julho 2016 às 10h06

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A eleição municipal em Goiânia, neste ano, está sendo tratada como uma prévia da próxima, ao governo, em 2018. Isso porque há um vácuo de lideranças no Estado, visto que os dois líderes-mor de Goiás não estarão na disputa: Iris Rezende (PMDB) desistiu de sua vida política, aparenta estar irredutível e não deve voltar; Marconi Perillo (PSDB) não pode disputar o quinto mandato. Mas é a ausência do último que cria os maiores problemas. Iris e Marconi eram os dois líderes absolutos de Goiás, aqueles cuja autoridade é inquestionável.
Ao ser cada vez mais questionado dentro de seu próprio partido, Iris deixou de ser um líder absoluto e, atribui-se a isso uma parte de sua aposentadoria. Seu histórico é inegavelmente vitorioso, mas seu presente, embora ainda tenha muito vigor eleitoral, já não é inquestionável. Marconi, por outro lado, segue para se firmar cada vez mais como o líder absoluto que já é. Se conseguir dar o salto nacional que pretende, Marconi será, inquestionavelmente, o maior líder político do Centro-Oeste. Atualmente, é um dos nomes fortes do PSDB e tem chances reais de assumir a vice numa possível chapa pura tucana à Presidência da República em 2018.
Assim, sua ausência numa eleição para um cargo que seria naturalmente seu, caso pudesse disputar, cria um vácuo. E não há, hoje, ninguém que esteja inquestionavelmente à altura política de Marconi para assumir o governo. Do lado governista, José Eliton (PSDB) é o candidato natural, mas não inquestionável; o mesmo ocorre com Thiago Peixoto (PSD) — os dois são os mais cotados. Do lado oposicionista, Daniel Vilela (PMDB) é o mais capacitado, mas não é inquestionável; o mesmo ocorre com Ronaldo Caiado (DEM).
É exatamente por essa falta de inquestionabilidade que a eleição deste ano é tratada como uma prévia da de 2018 e é o principal motivo para que os partidos da base estejam desunidos em Goiânia, apesar dos apelos de Marconi. Como o PSDB tem um pré-candidato à Prefeitura, os outros partidos com nomes fortes para tentar emplacar uma candidatura ao governo, tentam amarrar um eleição à outra. É o caso de PTB — que tem Jovair Arantes para a disputa ao governo — e PSD — que tem Thiago Peixoto ao governo e Vilmar Rocha ao Senado. Fora o PR da praticamente já anunciada pré-candidato ao Senado Magda Mofatto. Vem daí o principal motivo de divisão e que poderá fazer a base governista perder novamente em Goiânia.
Do outro lado, Daniel Vilela, ao se guardar para a disputa ao governo, em 2018, perde a oportunidade de se tornar prefeito da capital e projetar sua carreira política, estando mais perto de se tornar um líder inquestionável, absoluto.
Esquecem-se todos de que o momento do País, em 2018, será outro. Os nomes serão outros e as alianças e a reestruturação dos partidos também, assim como a mentalidade do eleitor. Dessa forma, 2018 não passa necessariamente por 2016 e atrelar uma eleição à outra é um erro que está sendo cometido pelos dois lados.