Aposta-se que Flávia Arruda enfrentará Leila Barros ou Izalci Lucas no 2º turno no DF

22 agosto 2021 às 00h01

COMPARTILHAR
Especula-se inclusive que o governador Ibaneis Rocha, dado o desgaste gerado pelas denúncias de corrupção, pode não ser candidato à reeleição
O presidente Jair Bolsonaro estaria desistindo de apoiar a reeleição do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por dois motivos. Primeiro, ele é filiado ao MDB e o partido trabalha para apoiar a candidatura de Lula da Silva a presidente da República. Segundo, a popularidade do gestor distrital está caindo, dadas as denúncias de corrupção em seu governo. Por enquanto, as denúncias não o atingem pessoalmente — ou seja, não há indícios de que ele “meteu a mão” —, mas ex-auxiliares, como um ex-secretário da saúde, estão envolvidos em irregularidades tidas com “cabeludas”. Mesmo indiretamente, ele é responsável pelo que aconteceu. O senador Izalci Lucas, do PSDB, tem batido duro e exigido que se apure as denúncias com rigor.
O problema de Ibaneis Rocha, segundo aliados, é que, dado seu caráter errático, praticamente terceirizou o governo. “É como se Ibaneis fosse a rainha da Inglaterra, e se vários primeiros-ministros estivessem governando ao mesmo tempo. Ele passa a imagem de centralizador, dada a ‘gritaria’, mas, no fundo, o governo funciona meio no piloto automático e devido às ações de alguns secretários, que põem a mão na massa”, afirma um deputado de Brasília.
Aliados de Ibaneis estão espalhando que Flávia Arruda (PL), desde a indicação do senador Ciro Nogueira para a Casa Civil do governo Bolsonaro, teria caído em desgraça. De fato, perdeu força. Mas não saiu do mercado político. O presidente Bolsonaro, se não compor com Ibaneis — com quem “não simpatiza”, segundo um aliado —, tende a bancar Flávia Arruda para o governo.
Seguindo conselho do marido, José Roberto Arruda, a deputada licenciada, neste momento de forte crise política, decidiu submergir, do ponto de vista público, mas continua articulando, fortemente, nos bastidores, tanto em Brasília quanto no Entorno da capital. Há um consenso entre as elites locais que Ibaneis Rocha é “bananeira que já deu cacho”. Aposta-se que vai ganhar um candidato — ou candidata — que lhe fizer oposição.
Os epígonos de Ibaneis Rocha tentam convencer Flávia Arruda a ser sua vice — depois, no caso de vitória, ficaria com um terço do secretariado — ou disputar mandato de senadora. Ela está ouvindo os emissários, mas até agora não se convenceu de que o melhor é caminhar com o governador.
No campo estrito das oposições, dois nomes despontam, inclusive nas pesquisas: Leila Barros (a Leila do Vôlei), que trocou o PSB pelo Cidadania, e Izalci Lucas, ambos senadores. No momento, Leila Barros é considerada uma candidata mais forte do que Izalci Lucas. Mas o senador posiciona-se com mais firmeza como anti-Ibaneis Rocha. Como as pesquisas sugerem que os eleitores querem o oposto do governador, aquele que se mostrar o mais diferente dele —inclusive criticando-o de maneira acerba — pode acabar se consagrando.
Uma crítica que se faz a Leila Barros é que “pega leva” demais. Para a disputa de mandato de senadora, até que vai bem. Porém, para uma disputa do cargo de governador, ainda mais contra um governador explosivo como Ibaneis Rocha, é preciso ser mais proativa. A senadora não pode passar a imagem de “mãezona” ou de que é “mais do mesmo”.
O problema de Flávia Arruda é que está por demais identificada com Ibaneis Rocha. Isto pode desgastá-la. Porém, como a eleição possivelmente terá dois turnos, dado o número de candidatos, a deputada federal licenciada talvez não queira “brigar” com o governador porque pode precisar de seu apoio. Porém, se o eleitor quer um anti-Ibaneis Rocha, é vital que ela se afaste, criticando, do gestor estadual. “O que mais se diz, a partir do exame de pesquisas qualitativas, é que a disputa se dará entre Leila Barros e Flávia Arruda, ou então entre Flávia Arruda e Izalci Lucas”, assinala um deputado. Portanto, a mulher de José Roberto Arruda — que articula tão bem quanto o marido — não saiu do páreo. Só está esperando o quadro ficar mais claro. “É possível que Ibaneis Rocha nem dispute a reeleição”, postula o parlamentar.