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Com certa discrição, pesquisas começam a circular em gabinetes. Neste momento, a um ano e quatro meses das eleições, são relevantes? Não são se se acreditar que revelam um quadro definitivo, o que não é possível, porque não se sabe quem realmente vai disputar. Mas tem alguma importância para se entender quais nomes estão sendo considerados.

Vanderlan Cardoso, senador pelo PSD | Foto: Reprodução

Quem viu as pesquisas conta que o quadro está “embolado”, com nenhum dos candidatos despontando. Os mais lembrados são Silvye Alves (União Brasil), Gustavo Gayer (PL), Vanderlan Cardoso (PSD), Gustavo Mendanha (que não pode ser candidato, de acordo com as leis) e Adriana Accorsi (PT).

Curiosa ou sintomaticamente, dos cinco mais bem posicionados, quatro disputaram eleições em 2022, ou seja, ficaram com os nomes mais tempo exposto na mídia. Está se falando de Sylvie Alves, Gustavo Gayer, Mendanha e Adriana Accorsi — que foram candidatos há sete meses. Deles, só Mendanha não foi eleito.

Wilder Morais, Vitor Hugo e Gustavo Gayer: bolsonarismo tem nome em Goiânia | Foto: Reprodução

Gustavo Gayer está tentando consolidar-se como o nome “da” direita em Goiânia. O objetivo é isolar Vanderlan Cardoso, que, ao se aproximar do governo de Lula da Silva, do PT, estaria tentando se desbolsonarizar. Ao adotar a tática de se afastar de Jair Bolsonaro, o senador do PSD perdeu o apoio do senador Wilder Morais, presidente estadual do PL, que se tornou o principal padrinho em Goiás da candidatura de Gustavo Gayer.

Silvye Alves tem dito a aliados que não será candidata, optando por se preparar melhor para pleitos futuros. Se não disputar, será uma grande cabo eleitoral na capital.

Vanderlan Cardoso, como eterno candidato — consta que, se brincar, disputa lugar até em fila de banco —, sempre aparece nas pesquisas. E, realisticamente, está correto ao se apresentar com frequência, o que o faz ser lembrado.

Adriana Accorsi e Edward Madureira: nomes do PT em Goiânia | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Adriana Accorsi diz que não será candidata, mas, nos bastidores, opera como possível candidata. Pode não ser uma boa tática, pois prejudicará a estratégia do PT. Manter o nome da “melhor candidata” tende a esvaziar uma possível candidatura do ex-reitor da UFG Edward Madureira. Este é um bom nome, mas, se ficar carimbado como “candidato-reserva”, e não como “candidato-titular”, não terá a mínima chance. Ele está fazendo a coisa certa, se colocando e dizendo, com todas as letras, que planeja ser candidato, se deixarem.

O prefeito Rogério Cruz (Republicanos), que não está política e eleitoralmente morto, ao contrário do que alguns adversários pensam, está trabalhando melhor a imagem de que é administrador. Ele ainda tem tempo para melhorar sua imagem. Convém não subestimá-lo. O olhar dos eleitores em 2023 pode não ser o mesmo de 2024.

Rogério Cruz: o prefeito de Goiânia está no jogo | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

A hora e a vez de Ana Paula Rezende?

A incógnita fica por conta do candidato — ou candidata — da base governista em Goiânia.

Não é segredo para ninguém que o nome preferido do governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, e do vice-governador Daniel Vilela, do MDB, é Ana Paula Rezende, do MDB. Ela é filha de Iris Rezende e ainda não é uma política conhecida na capital.

Diz-se que é preciso convencê-la a disputar, o que, a rigor, não é uma boa ideia em termos de política. A impressão que se tem é que nem mesmo Ana Paula Rezende está convencida de que será uma candidata consistente, ou melhor, imbatível. As pesquisas atuais indicam que não é conhecida.

É muito difícil, para as lideranças partidárias, trabalhar com uma pré-candidata relutante, que não está convencida de que deve ser candidata.

Ana Paula Rezende com o pai, Iris Rezende, e a irmã Adriana | Foto: Divulgação da família

Se quer mesmo disputar, Ana Paula Rezende precisa mudar seu marketing, se marketing é. Embora seja filha de Iris Rezende, ela não é, evidentemente, Iris Rezende. E não pode trabalhar tão-somente com o “marketing” de que é filha do ex-governador e ex-prefeito de Goiânia.

É natural que queira defender o legado do pai, não há como não ser assim. Mas, para os goianienses, Ana Paula Rezende precisa ter um discurso mais amplo. O que planeja realmente fazer para melhorar o, digamos, “legado” (ou a vida) de todos os moradores da capital? Terá condições, para citar um exemplo, de enfrentar a especulação imobiliária e de reordenar o crescimento da cidade? Talvez sim.

Bruno Peixoto: presidente da Assembleia Legislativa | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

Desde já, se quiser mesmo ser candidata, Ana Paula Rezende precisa apresentar um ideário para convencer os eleitores de que terá condições de ser uma administradora eficiente. Porque ninguém se torna um gestor competente unicamente por defender o legado de alguém (legado, por sinal, que, por ser positivo, merece mesmo defesa).

Há uma outra questão a considerar. Se Ana Paula Rezende não definir que será candidata, e ficar segurando o processo político, a base governista poderá ter dificuldade de apresentar um candidato — ou uma candidata — competitivo para enfrentar aqueles que já estão se colocando, como Vanderlan Cardoso e Gustavo Gayer.

Romário Policarpo, presidente da Câmara Municipal de Goiânia | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Não há dúvida de que Ana Paula Rezende pode se tornar uma candidata competitiva, por causa da história do pai (e da mãe, Iris Araújo) e do apoio de Daniel Vilela e Ronaldo Caiado, mas precisa se posicionar. Não basta visitar líderes políticos, como Ronaldo Caiado, Daniel Vilela e Bruno Peixoto. Está passando da hora de a jovem empresária começar a dialogar diretamente com a sociedade e, sobretudo, com os eleitores.

As bases governistas vão esperar a decisão de Ana Paula Rezende até quando? Se esperarem muito, perdem o timing. Se outros nomes — Bruno Peixoto (União Brasil), Pedro Sales (União Brasil), Romário Policarpo (Patriota), Silvye Alves (União Brasil) — começarem a se posicionar muito tarde, poderão ser “atropelados” por Vanderlan Cardoso, Gustavo Gayer e, quem sabe, Adriana Accorsi.

Pedro Sales: secretário de Infraestrutura do governo de Goiás | Foto: Divulgação

Então, insistindo: Ana Paula Rezende pode se tornar uma ótima candidata, inclusive pelos apoios que poderá obter. Mas a tática de demorar a se definir, que funcionava para Iris Rezende — que era conhecidíssimo (e era cauteloso, mas não indeciso) —, pode não funcionar para ela (que não é conhecida) e, também, para as bases governistas, que podem ficar na chapada.(E.F.B.)