Aliança entre PSDB, PT e PSB pode se tornar a 2ª via e deixar Mendanha como última via

03 abril 2022 às 00h01

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Marconi Perillo articulou uma jogada para criar um palanque para Lula da Silva em Goiás, como se fosse do PSB, mas é do PSDB
No país, a terceira via não está conseguindo emplacar um nome para presidente da República. Aquele que era mais cotado, Sergio Moro, desistiu da disputa, embora, na sequência, tenha dito que não renunciou (parte do União Brasil já quer fritá-lo). Em Goiás, há, no momento, cinco pré-candidatos a governador, listados, a seguir, em ordem alfabética: Gustavo Mendanha (Patriota), José Eliton (PSB), Marconi Perillo (PSDB), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Wolmir Amado (PT).

O favorito, de acordo com as pesquisas de intenção de voto, é o governador Ronaldo Caiado.
Mas quais entre os pré-candidatos tendem a se tornar a segunda via e a terceira via? É preciso assinalar que, se Perillo for candidato a governador, Eliton não será. Este foi para o PSB para transformá-lo numa sucursal do PSDB. E, se Eliton for candidato a governador, Perillo não será.
O jogo real é o seguinte: Perillo, que é o mestre titereiro, bolou uma estratégia para produzir “o” candidato da segunda vida, numa aliança entre o PSDB, o PSB e o PT.
O PT torce por uma chapa com Perillo para governador, Eliton na vice e Wolmir Amado para senador. A chapa está aí. O que pode mudar são as posições. Eliton pode se tornar candidato a governador para, sendo filiado ao PSB — e não mais ao PSDB, que, em tese, terá candidato a presidente da República (e não será o postulante do PT, é claro) —, organizar o palanque de Lula da Silva em Goiás. Ou seja, um braço do PSDB, instalado no PSB, estará na campanha do petista para presidente. Sendo assim, Perillo poderá subir no palanque de João Doria (ou Eduardo Leite), mas, indiretamente, apoiar o postulante do PT. Na prática, ele cria, com habilidade, dois palanques em Goiás. Portanto, Eliton será Perillo na campanha do ex-gestor federal.

Se fechada a aliança entre Perillo, Eliton e Wolmir Amado, as chapas se reduzirão a três: Eliton (ou Perillo, que também é cotado para disputar mandato de senador), Mendanha e Ronaldo Caiado.
Há uma avaliação, no tucanato, de que faltam a Mendanha energia (“estamina”, diz um tucano) e capacidade de articulação. Ele é lento, “anda em câmera lenta”. Operou mal com Bolsonaro, acabando por perder seu apoio, ficou sem chapas consistentes para deputado federal e estadual, e negociou de maneira amadora com Perillo. Durante vários meses, os dois conversaram, verificaram a possibilidade de uma aliança, mas Mendanha tratou o ex-governador como uma “amante” a ser escondida. Nem fotos entre os dois permitiu que fossem feitas. Agora, depois da articulação de Perillo e Eliton com o PT, há a possibilidade de que a chapa PSDB, PSB e PT ocupe, se a aliança for configurada, o papel de segunda via. Quer dizer, no lugar de tornar uma terceira, Mendanha pode se tornar a última via, sem expectativa de poder.
De qualquer forma, é cedo para análises peremptórias. Os eleitores ainda não estão devidamente motivados. A “pré-campanha” (que é uma campanha disfarçada, ou seja, é um alongamento da campanha), na realidade, começou, mas apenas do ponto de vista dos políticos e do jornalismo. Porque os eleitores ainda estão pouco interessados em eleição. É provável que vão se interessar de verdade apenas durante a campanha, entre agosto e setembro.