O sonho do consumo do PT para a disputa do governo do Estado não é exatamente José Eliton (PSB) — que não é nenhuma estrela dos votos —, e sim o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Por mais que tenha desgaste — com uma prisão no currículo —, o tucano-chefe constituiu algumas bases no Estado. Noutras palavras, é uma referência.

Então, ao articular a candidatura de Zé Eliton — o Barba Branca — pelo PSB, o PT articula, na verdade, em duas frentes.

José Eliton e marconi Perillo
José Eliton e Marconi Perillo: o primeiro era de direita e agora marcha para a esquerda; o segundo era de centro-esquerda e agora caminha para a direita | Foto: Instagram

Primeiro, faz uma tentativa de retirar o PSB da base do pré-candidato a governador pelo MDB, o vice-governador Daniel Vilela — aliado do governador Ronaldo Caiado, pré-candidato a presidente da República pelo União Brasil (note-se a conexão entre a política nacional e a política local).

Segundo, o petismo opera para tentar atrair Marconi Perillo para uma aliança mais ampla, com o objetivo de criar um palanque para a reeleição do presidente Lula da Silva em Goiás que não seja mera figuração.

Numa espécie de direitismo repentino, pois sempre foi um político de centro, Marconi Perillo começou a fazer juras de amor à direita bolsonarista — afastando-se da esquerda. O problema é que o amor não tem sido correspondido. O senador Wilder Morais, do PL, tem sugerido que quer distância do tucano-chefe.

IMG_0967
Aava Santiago: vereadora pelo PSDB em Goiânia | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Então, se não tem a direita — que tende a caminhar com Wilder Morais e, sobretudo, com Daniel Vilela —, o que terá Marconi Perillo? Na política, numa disputa majoritária, é suicídio ficar sozinho, sem alianças substanciais. Por isso, sem a direita — que não o quer —, resta ao tucano o quê mesmo? Nada, no momento.

Mas a presença de Zé Eliton no PSB, com a possível atração da vereadora Aava Santiago, pode resultar numa aproximação entre a esquerda e Marconi Perillo.

Diga-se, a bem da verdade, que, na circunstância, Marconi Perillo não opera uma aliança pela esquerda. Porém, sem aliança nenhuma, se tornará caititu fora do bando?

Elias Vaz, presidente do PSB em Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Se confirmado que Aava Santiago marchará com Zé Eliton no PSB — numa operação para tomar o partido de seu presidente, Elias Vaz —, não será estranho se, em 2026, a aliança incluir Marconi Perillo, como possível candidato de centro e das esquerdas (PT, PSB, PV).

Não é hora de julgamentos peremptórios. Mas ninguém está parado. Todo mundo está articulando, sobretudo o PT de Lula da Silva e dos deputados Adriana Accorsi e Rubens Otoni. Há outro operador hábil no circuito. Trata-se Olavo Noleto, do PT.

Pode-se sugerir, portanto, que o PT mira mesmo em Zé Eliton — na história do “não tem tu, vai tu mesmo” —, que é a árvore, mas de olho grande na floresta, quer dizer, em Marconi Perillo.

A rigor, o PT não acredita muito que Marconi Perillo possa derrotar Daniel Vilela. O que seus líderes querem é um palanque mais consistente para Lula da Silva em Goiás. Lembrando que, em 2022, o petista venceu Jair Bolsonaro, do PL, por apenas 2 milhões de votos de frente. Por isso não se falar que o eleitorado de Goiás, por ser menor do que o de São Paulo e de Minas Gerais, não tem importância. Tem… e muita.

Fica uma dúvida final: o PT precisa de Marconi Perillo para tentar dar substância político-eleitoral ao palanque de Lula da Silva em Goiás. Mas Marconi Perillo precisa do PT? É a questão chave. Na possibilidade de segundo turno, se o tucano não aceitar uma composição com o PT no primeiro turno, dificilmente poderá cobrar seu apoio. Por sinal, há muitos petistas que têm mais simpatia por Daniel Vilela. (E.F.B.)