Articulação com o sistema fisiológico do Congresso sugere que o gestor federal continua pensando em termos democráticos

No Brasil, desde o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, passando pelos presidentes eleitos pelo PT, Lula da Silva e Dilma Rousseff, todos negociaram com o centrão. Não há dúvida de que o grupo é fisiológico, mas a ele pertencem pessoas reais que estão no Congresso Nacional eleitas pelo povo brasileiro. Há anos. Os deputados e senadores estão lá, conhecem as entranhas da Câmara e do Senado como poucos e sabem como funciona a política brasileira.

O deputado Arthur Lira e o presidente Jair Bolsonaro: caindo na real | Foto: Reprodução

Portanto, exigir que o presidente Jair Bolsonaro se comporte como santo e se mantenha afastado dos integrantes do centrão, é desconhecer como funciona a política brasileiras há décadas. Não se governa sem o centrão, ou seja, sem uma base ampla no Congresso. Assim, Bolsonaro e o próximo presidente sempre terão de passar pelo centrão — é incontornável. Porque o centrão não é meramente um grupo político. É um sistema, um modo de fazer política e de fazer o Congresso funcionar.

Mas há um aspecto positivo, que os analistas não querem perceber, porque Bolsonaro está se tornando a “geni” do país.

Enquanto Bolsonaro estiver negociando com o centrão — que, aliás, antes estava conectado com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e aí ninguém reclamava (o deputado Arthur Lira, hoje “amigo de infância” de Bolsonaro, era “amigo de maternidade” do político do Rio de Janeiro) —  é sinal de que não planeja nenhum golpe político.

Significa que o presidente está tentando negociar com os políticos, tentando viabilizar seu governo junto ao Parlamento. É um sinal. Por ruim que possa ser, na avaliação da maioria, é, mais do que retrocesso, um avanço. Pelo menos no que se refere a Bolsonaro. (Euler de França Belém)