Agronegócio e Ronaldo Caiado: hora de estender as mãos e pensar em Goiás

27 novembro 2022 às 00h01

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O agronegócio é importante para o país, portanto para Goiás. Aprovada a lei que cria o fundo de infraestrutura, com uma taxa mínima sobre o agronegócio, é hora, não de conflito, e sim de congraçamento.
Durante a tentativa de efetivar o projeto — aprovado por 22 contra 14 votos —, as críticas foram, no geral, acerbas. Porém, com o fato consumado, cabe aos produtores que sejam realistas e retomem as conversações com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil.
A reabertura do diálogo não tem a ver com “vitoriosos” e “derrotados”. Porque os que são apresentados como “derrotados” — produtores rurais e de minérios (frise-se que poucos setores realmente serão taxados) — são, no fundo, tão vitoriosos quanto o governo de Estado.
Os recursos do fundo para infraestrutura serão usados para melhorar as rodovias — e, se for o caso, para ampliá-las. Portanto, o dinheiro arrecadado será utilizado para beneficiar aqueles que decidiram, de maneira radicalizada, combatê-lo.
Durante o processo para aprovar o projeto, ouviu-se, na Assembleia Legislativa, produtores rurais falando em “segundo turno”. Noutras palavras, estavam se postando como oposição política a Ronaldo Caiado, que venceu o pleito de 2022, sendo reeleito — democraticamente — pela maioria da população goiana, no primeiro turno.
Na prática, a ideia de “segundo turno”, até por ser antidemocrática, era, quem sabe, mais produto de “irritação” e, ao mesmo tempo, e uma espécie de desejo de apresentar à sociedade que se tem capacidade de confrontar. A invasão do plenário da Assembleia, durante a tentativa de votar o projeto, mostra uma maneira antidemocrática de agir.
Mas agora, insistamos, é o momento de estender as mãos. Porque o projeto foi aprovado e será bom para toda a sociedade goiana e, sobretudo, para os produtores rurais.
Vale sublinhar que, além de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Maranhão, o Paraná também tentou cobrar uma taxa sobre a produção agropecuária. Como se sabe, Ratinho Filho é bolsonarista. Ou seja, a taxação não tem a ver com ideologia, e sim com a necessidade de mais recursos para investir no sentido de beneficiar exatamente os produtores rurais. Porém, sob pressão e aderindo ao populismo, o governador sulista recuou.
O economista Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York, depois de acertar sobre a crise de 2008 — que quase quebrou o sistema bancário e do setor imobiliário americanos —, agora está dizendo que o mundo sofrerá uma crise, possivelmente de grandes dimensões, em 2023. Os produtores rurais certamente terão de se preocupar mais é com isto — quer dizer, como a crise que afetará tanto a Europa quanto os Estados Unidos, parceiros comerciais do Brasil — e muito menos com uma taxação de 1,6%, que, de tão baixa, escandalizaria qualquer europeu ou americano.
Por fim, uma coisa é certa: com ou sem crise internacional, os produtores radicados em Goiás terão rodovias melhores — estradas que usam com frequência para transportar soja, milho e minérios — do que os produtores de vários outros Estados. Vão acabar “aplaudindo” a decisão do governador Ronaldo Caiado, que trabalha para todos os goianos, e não para lobbies poderosos e nem sempre com visão social.