A candidatura da direita a presidente da República pode cair no colo de Ronaldo Caiado

19 julho 2025 às 21h00

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O taritrump do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter atingido, de maneira letal, uma candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a presidente da República.
De início, Tarcísio de Freitas, para agradar o bolsonarismo, apoiou a estripulia de Trump. Porém, quando a realidade bateu à porta — São Paulo será o Estado mais prejudicado pelo taritrump —, o gestor estadual mudou de posição.
Então, além de desagradar o país, Tarcísio de Freitas, ao fazer malabarismo em cima do muro, perdeu a confiança de parte do bolsonarismo. Porta-voz de Steve Bannon (“parente” de Simão Bacamarte), Eduardo Bolsonaro chegou a atacá-lo. O ex-presidente Jair Bolsonaro teve de interferir, articulando um armistício entre o governador e o filho (que chegou a apontar como “imaturo”).
Numa conversa com um deputado federal, o presidente nacional do PSD, Gilberto “José de Paris” Kassab — eminência parda do governador de São Paulo —, respondeu à pergunta “de 0 a 10, quais as chances de Tarcísio de Freitas disputar a Presidência da República?” de forma sucinta: “2”. E não disse mais nada.
É preciso considerar que a disputa eleitoral se dará daqui a um ano e dois meses — ou seja, há tempo para variadas mudanças de rumo. Mas hoje Tarcísio de Freitas, mesmo tendo o apoio do bolsonarismo, é um nome “queimado”. Se brincar, poderá passar “apertado” em São Paulo.
Sem Jair Bolsonaro — que poucos perceberam, mas já está praticamente preso, no estilo parecido como semiaberto —, totalmente inelegível, e sem Tarcísio de Freitas, como fica a direita?
O pré-candidato da direita — ou melhor, da centro-direita — com mais possibilidade de ocupar o espaço de Jair Bolsonaro e de Tarcísio de Freitas é Ronaldo Caiado (União Brasil). Se a direita tiver juízo, irá com o goiano de Anápolis.

Primeiro, porque, embora tenha ligação com Jair Bolsonaro, é um político autônomo, que, para além das afinidades ideológicas, é civilizado, culto, preparado, decente e, last but no least, democrata. Não é — e nunca foi — um epígono, ao contrário de Tarcísio de Freitas. Ele tem uma história fora do escopo do bolsonarismo e de qualquer outro.
Segundo, o discurso de direita, de centro-direita, caminha com Ronaldo Caiado desde seu “nascimento” político. Não se trata de um político circunstancial de direita. Ademais, sabe que, para governar, o importante é ser realista, ou seja, trabalhar com o que a realidade oferece. A ideologia é útil ao debate de ideias, mas, para governar, não serve para nada.
Terceiro, Ronaldo Caiado tem o que mostrar ao país. Ele poderá dizer aos eleitores do Oiapoque ao Chuí o que fez em Goiás e eles poderão verificar, por si — com a fartura de dados que há na internet —, as realizações do gestor goiano.

Se São Paulo vai mal na segurança pública, com o tráfico de fato sendo o Primeiro Comando do Estado — e não apenas da Capital — e elevados números de assassinatos, em Goiás o quadro é diametralmente oposto.
Ao contrário de teóricos do caos, que avaliam que não há solução para grandes problemas, em Goiás Ronaldo Caiado conseguiu resolver o problema da segurança — certamente, a melhor do país. O crime organizado, se não acabou, ao menos é contido no Estado. É reprimido com firmeza e não se estabelece como “primeiro comando”.
Ronaldo Caiado é, sem dúvida, um político liberal — e liberal por formação (o que Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior e Romeu Zema não são) —, mas dotou Goiás de uma rede de proteção social, com a participação da primeira-dama Gracinha Caiado, que aproxima o Estado da socialdemocracia europeia.
Há, claro, o social de caráter assistencialista — e quem pensa que isto não é necessário não entende que, no Brasil, há uma imensa quantidade de indivíduos retardatários (praticamente uma geração perdida) que precisam do apoio crucial do Estado, inclusive para comer, ou seja, para sobreviver diariamente.
Mas decisivo mesmo no governo de Ronaldo Caiado é o caráter moderno de seus programas sociais — que apostam na inclusão. A educação pública, apontada pelo Ideb como a melhor do país, é, a rigor, um programa de inclusão. Porque, quanto mais preparados os alunos da rede pública, mais chances terão de chegar à universidade e, depois, ao mercado de trabalho. Em consequência, a renda da família vai subir, e estará processa a inclusão social.
Então, depois do taritrump — e, mesmo se não for aplicado, já fez um estrago na direita bolsonarista —, sobram gestores e políticos como Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior e Romeu Zema. Se a direita quiser derrotar o presidente Lula da Silva, do PT, terá de se unir e propor um candidato democrático, arejado e com discurso pró-Brasil. (E.F.B.)