Um vídeo divulgado nas redes sociais pelo prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa, na semana passada dá uma ideia clara da boa relação entre o governador Ronaldo Caiado e ele. No vídeo, Caiado tece elogios a Corrêa em um evento e se refere a ele como um político de “garra e coragem pessoal”, destacando que o gestor conseguiu recuperar uma cidade que pegou em estado calamitoso.

Corrêa, por sua vez, também parabeniza o governador e, também em tom elogioso, reforça que ele também pegou um Estado quebrado e foi capaz de reerguê-los.

Muito mais do que uma troca de afagos, o vídeo em questão transmite, ao mesmo tempo, uma lição e um sinal para 2026, ano em que teremos eleições.

A lição é justamente a da boa política institucional. Caiado é do União Brasil, Corrêa é do PL. Os políticos estiveram em lados opostos nas últimas eleições municipais (o governador apoiou a candidata do então prefeito Roberto Naves, Eerizania Freitas, contra o Márcio Corrêa – candidato do bolsonarismo e que saiu vencedor).

Passadas as eleições e a famosa “quebra do gelo”, o gestor estadual e o municipal deixaram de lado as diferenças eleitorais e deram evidência às semelhanças políticas e pessoais. Hoje, caminham juntos, dando prioridade ao interesse coletivo.

Já o sinal, é político-eleitoral. Caiado vai bancar seu vice, Daniel Vilela, na corrida ao governo. Enquanto ensaia a possibilidade de uma aliança com o PL em nível estadual, o presidente da legenda bolsonarista, o senador Wilder Morais, constrói sua própria pré-candidatura.

Aliança saindo ou não, a postura de Márcio Corrêa reflete um fenômeno que há tempos está sendo sentido: o municipalismo, apesar de ter muitos integrantes do PL, não está com o candidato da sigla, mas sim com o do governo.

Enquanto Wilder só agora começa a se movimentar em torno de fazer seu nome junto aos prefeitos de Goiás, Caiado e Daniel há tempos mantêm diálogo com eles, ouvindo demandas e mantendo a porta do Palácio aberta para qualquer gestor, seja qual for sua legenda partidária.

A bem da verdade é que o PL tem destaque de sobra em nível nacional, mas pouquíssimo em nível regional. A falta de diálogo da direção estadual, apontada por muitos de seus filiados, é um dos fatores que fazem com que cada vez mais prefeitos do PL se tornem governistas. (T.P.)