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O Jornal Opção perguntou para um experimentado ex-presidente da Assembleia Legislativa de Goiás: “Sabe-se que Bruno Peixoto, Lincoln Tejota, Renato de Castro e Virmondes Cruvinel, todos do União Brasil, saíram na frente para a disputa da presidência da Assembleia de Goiás. Na opinião do sr., qual é o favorito?”

Lineu Olímpio: deputado eleito pelo MDB | Foto: Divulgação

O ex-deputado hesitou, pensou durante alguns minutos e disse ao repórter: “De fato, os quatro saíram na frente e, por isso, têm mais chances. Bruno é o líder do governo e foi o deputado mais votado em 2022. Lincoln Tejota é o vice-governador. Renato de Castro tem ligação pessoal com Ronaldo Caiado e seu pai é amigo do governador. Virmondes, pelo que se sabe, não é rejeitado pelo Palácio das Esmeraldas e tem um padrinho forte, Lissauer Vieira”.

O ex-parlamentar para, toma café, olha para o repórter e faz uma pergunta: “Você avalia que o quadro já está ‘fechado’?”. O jornalista assinala: “Tudo indica que não. Porque, se todos dizem que a decisão do nome do candidato será do governador Ronaldo Caiado, é sinal de que a disputa está em aberto”.

Jamil Calife e e Adib Elias, prefeito de Catalão | Foto: Portal Zap Catalão

Agora, o ex-deputado toma água, respira forte e diz, lenta e ponderadamente: “É difícil superar aqueles que saíram na frente e contam com estruturas amplas, inclusive financeiras, para a disputa. Como se sabe, deputados recém-eleitos têm dívidas e, com uma ajudazinha aqui e ali, podem resolver suas pendências. Mas vou dizer-lhe uma coisa heterodoxa e tu publica apenas se quiser. Eu apostaria, se fosse um apostador, que o próximo presidente da Assembleia Legislativa será um novato, um político ainda não ‘contaminado’ pelas variadas negociações e jogadas. Não estou dizendo que os quatro citados são ruins; longe de mim falar uma coisa dessa. O que estou sugerindo é que Ronaldo Caiado pode optar pela renovação no comando da Assembleia, apostando suas fichas num novato”.

Lucas do Vale: deputado eleito pelo MDB | Foto: Facebook

Mas qual novato teria experiência técnica e política para gerir a Assembleia Legislativa? “Vou dizer uma coisa: a Assembleia Legislativa, do ponta de vista técnico, funciona sozinha, por música, digamos assim. Seu corpo técnico é de excelente qualidade; por isso, mesmo deputados novatos, se quiserem, se saem bem. Seus projetos ganham consistência e legalismo. Porém, é claro que, se o presidente tiver noção de gestão, facilita as coisas. Mas o que um presidente da Alego precisa mesmo é de bom senso e capacidade de dialogar politicamente com todas as forças eleitas. Posto isto, acredito que um político novato, recém-eleito, tem condições de gerir a Assembleia, e com facilidade. Mas precisa ser hábil na articulação política — insisto nisto. Precisa ser um diplomata e precisa fazer a ponte com o governo do Estado, e, mesmo alinhado, deve preservar a independência do poder. Porque o presidente é o representante de todos os deputados, os da situação e os da oposição.”

Issy Quinan: deputado eleito pelo MDB | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

O repórter insiste: “Quais novatos poderiam disputar a presidência com possibilidade de vitória?” O ex-deputado responde: “Renato de Castro, a rigor, não é um novato, pois já foi deputado. Mas, como está afastado da Alego, é visto como ‘cristão-novo’. Mas veja só: ele foi prefeito de Goianésia, por quatro anos, e tem experiência administrativa. E tem expertise como legislador. Portanto, tem chances e condições de gerir o Poder Legislativo. Seu pai, Fião de Castro, um homem muito rico, é fortemente ligado ao governador Ronaldo Caiado”.

O ex-parlamentar continua: “Não conheço bem os deputados recém-eleitos Jamil Calife, do pP, Lucas do Vale, do MDB, e Veter Martins, do Patriota. Acho difícil Veter Martins ser presidente da Alego por ser filiado ao Patriota, partido que fez oposição a Ronaldo Caiado na eleição de 2022. Ele se aproximou do governador e, tudo indica, fará parte de sua base. Mas não é uma tradição ‘premiar’ um ex-adversário, de imediato, com a ‘posse’ de um poder tão forte quanto o Legislativo. O médico Jamil Calife é apadrinhado pelo prefeito de Catalão, Adib Elias, que é respeitado por Ronaldo Caiado. São amigos e aliados. Porém, o jovem político pode ser sofrer alguma rejeição do MDB de Daniel Vilela”.

Veter Martins: deputado eleito pelo Patriota | Reprodução

“Lucas do Vale, o segundo mais votado do pleito [ficou atrás apenas de Bruno Peixoto, com 55.747 votos — superando dois deputados federais eleitos, Ismael Alexandrino, 54.791 votos, e Lêda Borges, 51.346 votos], é filho do prefeito de Rio Verde, o médico Paulo do Vale — o político mais representativo do Sudoeste goiano. O gestor municipal é amigo e aliado de Ronaldo Caiado há anos Portanto, tem força política.”

O político veterano concluiu a entrevista assim: “Não falei de Issy Quinan (MDB), ex-prefeito de Vianópolis que é muito ligado a Daniel Vilela, e nem de Lineu Olímpio (MDB), que foi prefeito de Jaraguá e é um político experiente e articulado. Para finalizar, quero dizer o seguinte: os deputados novatos estão conversando e, aos poucos, estão descobrindo ‘identidades’. Eles podem marchar unidos, enquanto os deputados experientes estão divididos e, por assim dizer, se ‘canibalizando’. Os veteranos querem se ‘devorar’. Os novatos estão articulando, almoçam juntos, eventualmente. Então, admito que quatro políticos [Bruno Peixoto, Lincoln Tejota, Renato de Castro, Virmondes Cruvinel] saíram na frente, e talvez cedo demais, contrariando a orientação do governador. Mas hoje, nem digo daqui a 20 dias, aposto minhas fichas num novato para presidente da Assembleia”.