5G em Goiás vai começar por Rio Verde se tecnologia for a chinesa, diz governador Caiado

03 agosto 2020 às 19h55

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O governador Ronaldo Caiado demonstrou não apenas raciocínio rápido, mas excelente poder de decisão, além de estar linkado à modernidade
Nilson Gomes
Ah, se Jair Bolsonaro tivesse a agilidade de pensamento de que dispõe o governador de Goiás… Se o presidente tivesse a noção da grandeza de seu cargo teria usado a sabedoria e se curvado à urgência do tempo a que chegou Ronaldo Caiado.
Ah, bastaria ao chefe do Executivo nacional se espelhar no estadual que se renderia ao 5G, quinta geração da Internet móvel. A mistura de evolução com revolução é vista no governo brasileiro como mais uma carga de quinquilharias para lotar camelódromos. A impressão é que Bolsonaro não faça ideia do que se trata.
Num ritmo mais lento que o de uma ema cansada das gracinhas do inquilino da vez, a implantação do 5G foi adiada do ano passado para 2022, segundo o ministro de Ciências, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes. É um erro colossal, sobretudo num meio em que o minuto é contado em milionésimos de segundos.

Ah, se Bolsonaro (1G) tivesse a rapidez de Caiado (5G), a Huawei teria implantado sua invenção em Goiás ao mesmo tempo que na China. Na manhã desta segunda-feira, 3 de agosto, o governador disse no Sudoeste goiano que já conversou com a direção da Huawei e a gigante asiática da tecnologia se comprometeu a começar por Rio Verde a instalação do 5G por aqui.
Ah, se fosse o presidente e/ou seu ministro, iriam ligar para a Embaixada dos Estados Unidos, tentar falar com Donald Trump ou com o Pato Donald, pedir autorização para negociar com a diretoria da Huawei. Caiado já foi direto ao ponto: a chinesa será bem-vinda e deve começar pela Capital Brasileira do Agronegócio.
O governador Ronaldo Caiado demonstrou não apenas raciocínio rápido, mas excelente poder de decisão, além de estar linkado à modernidade.
Como foi publicado no Jornal Opção, a briga entre China e Estados Unidos não é pelas novidades em Inteligência Artificial, mas pelo domínio do planeta, “apenas” isso. Internet das Coisas é somente uma coisa. Tecnologia funciona como pano de fundo da geopolítica.
Há mais um detalhe, o mais forte em questão jornalística: como Caiado é muito bem informado em matéria de bastidores, pode ser que os blefes americanos não tenham incomodado Bolsonaro na preferência pelos chineses. E a opção tenha sido definida em favor dos chineses.
(Eu seria duplamente ruim de palpite: diferente de Bolsonaro quanto à tecnologia, prefiro os Estados Unidos; diferente de Caiado quanto ao município, começaria por Goiânia.)
O produto da Huawei é superior ao do Ocidente? A China quer o domínio do mundo? Trump, em fim de mandato e com pouquíssima chance de reeleição tem prestígio para cumprir a ameaça de seu embaixador e tirar do Brasil as empresas americanas?
Caiado respondeu às indagações com um ato: venham logo que Goiás tem pressa.
Quando Bolsonaro quiser acessar internet 20 vezes mais veloz que a atual ou até possuir uma ema de aço que tome cloroquina (Internet das Coisas, amigo) terá de se valer do 5G goiano.
Goiás deu ao Distrito Federal o terreno em que está implantado, até hoje fornece-lhe água e energia. Só falta emprestar ao governo federal um administrador moderno na inovação e ligeiro no tirocínio.
Nilson Gomes, jornalista, é colaborador do Jornal Opção.