Por Thiago Burigato
O irismo sustenta que, pelo menos na eleição de 2010, Iris Rezende foi traído, olimpicamente, pelo prefeito Antônio Gomide, que teria fingido apoiá-lo, mas “moitou” e teria feito uma campanha de araque. “Esperamos que, este ano, Gomide não nos traia pela segunda vez. A gente sabe que ele está fazendo jogo duplo. Garante que está apoiando Iris, mas mandou seu ex-vice, o prefeito João Gomes, do PT, apoiar Marconi Perillo”, critica um peemedebista dos mais iristas. “Como é que pode o vice não apoiar Iris. Tem alguma coisa muito estranha.”
Ao nomear Olavo Noleto (PT) para sua chefia de gabinete, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), começa a acertar a mão.
Porque Olavo Noleto, além de diplomata nato e de ter experiência política e administrativa, mantém contatos privilegiados no primeiro escalão e nos escalões inferiores, mas decisivos, em Brasília.
Como Iris Rezende pretende expulsar Júnior Friboi do PMDB, logo depois das eleições, apresentando-o como um político “infiel”, por não tê-lo apoiado para governador de Goiás, a queda de braço pelo comando do PMDB em dezembro se dará entre as forças do maguitismo e do irismo. O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, não aprecia confrontos, mas avalia que seu grupo, com um deputado federal eleito e um prefeito, tem o direito de indicar o presidente do PMDB. Leandro Vilela é cotado para presidir o PMDB, porém, como é um nome contestado pelo irismo, o candidato a presidente pode ser Maguito Vilela. O irismo pode bancar tanto Iris Rezende quanto Iris Araújo para dirigir o partido. Mas um nome pode conquistar o apoio dos dois grupos. O deputado estadual eleito Adib Elias não desagrada o irismo e o maguitismo. Em Catalão, Adib deu a vitória para Iris Rezende e milhares de votos para Daniel Vilela. Mas integrantes do PMDB temem que Adib Elias tenha o mandato cassado e desgaste ainda mais o partido.
Um peemedebista lamentava na semana passada: “O serial killer Tiago Henrique matou 39 pessoas e enterrou de vez a candidatura de Iris Rezende”. Segundo o peemedebista, se não fosse a revelação do serial killer, a escolha de Ronaldo Caiado para secretário de Segurança Pública, no caso de vitória de Iris Rezende, teria obtido muito mais impacto. “A prisão do serial killer sepultou, de vez, a campanha de Iris Rezende”, admite. “Mas não vamos entregar os pontos.”
Nas várias conversas com o governador Marconi Perillo, Aécio Neves tem afirmado que o PT é um adversário temível, porque não se entrega, e que a batalha vai ser travada na unha. Ele tem sugerido também que, além de um ministro, o tucano-chefe de Goiás poderá indicar vários diretores. Marconi não declinou nomes. Mas é quase certo que o competente Horário Santos, hoje a alma do Detran, irá para a cúpula do Denatran. Gilvane Felipe, ex-comandante-chefe do Sebrae Goiás, poderá ir para o Sebrae nacional. Seus nomes começam a aparecer nas listas locais e nacionais. Eduardo Machado é cotado para assumir o comando da Sudeco, mas na cota do PHS nacional.
Se eleito presidente da República, Aécio Neves (PSDB) poderá levar 2 goianos para o seu ministério. O senador eleito Ronaldo Caiado iria na cota nacional do DEM. O governador Marconi Perillo (PSDB), pode indicar um ministro, mas Aécio gostaria de vê-lo no governo, possivelmente como ministro dos Transportes. Porém, o tucano-chefe tem dito, quando as sondagens são feitas, que pretende governar Goiás nos próximos quatro anos. Permanecendo no governo, se for reeleito, Marconi tende a indicar Vilmar Rocha (PSD) para algum ministério ou uma diretoria importante. O nome do vice-governador José Eliton tem sido aventado para o Ministério da Justiça. O economista Giuseppe Vecci, embora queira passar pela experiência da Câmara dos Deputados, também tem sido citado.
Na eleição para prefeito de Rio Verde em 2016, a diferença pode ser a presença ativa de Júnior Friboi. É provável que o empresário atue no município, bancando uma aliança ampla entre Paulo do Valle, Karlos Cabral e Leonardo Veloso. O projeto do friboizismo é o seguinte: o médico Paulo do Valle, do PMDB, para prefeito e o deputado estadual não reeleito Karlos Cabral, do PT, na vice. Leonardo Veloso (PRTB), político jovem e articulado, seria candidato a vereador. Aposta-se que se o PMDB bancar Paulo do Valle e o PT lançar Karlos Cabral, numa cidade que não tem segundo turno, a situação mais uma vez vai eleger o prefeito de Rio Verde. Fácil, fácil. Sem choro nem vela. Porém, com estrutura política e financeira, o friboizismo avalia que poderá derrotar o candidato do prefeito Juraci Martins (PSD), possivelmente o deputado federal, Heuler Cruvinel (PSD), que mostrou força ao ser reeleito com uma votação expressiva.
O prefeito de Anápolis, João Gomes, do PT, começa a cair nas graças da população do município. Comenta-se que é proativo, não perde tempo com questiúnculas e gosta de trabalhar. Politicamente, João Gomes tem sugerido que não vai carregar a alça do caixão de Iris Rezende, do PMDB. Vai deixar isto para aqueles que acham que têm mas no fundo não têm expertise política alguma. Embora não esteja fazendo campanha aberta para o governador Marconi Perillo, o prefeito João Gomes vota no tucano-chefe e autorizou seus auxiliares a apoiá-lo. Acrescente-se que João Gomes é amigo de Marconi há vários anos. Ao apoiar Marconi e se postar contra Iris Rezende, João Gomes está, na verdade, ficando ao lado de Anápolis, que tem um contencioso histórico com o irismo, que sempre boicotou a cidade. A perseguição começou devido a Henrique Santillo e se estendeu a outros políticos e empresários locais. Anápolis, do ponto de vista de Iris Rezende, é o funcionalismo público das cidades, quer dizer, detestável. Em época de eleição, evidentemente, o peemedebista-chefe visita a município, diz que o ama, mas, passada a campanha, desaparece. Se for colocado num bairro de Anápolis, sozinho, Iris Rezende não consegue voltar para casa. Terá de telefonar para alguém buscá-lo. O peemedebista-chefe não conhece nada da cidade.
O peemedebista-chefe Iris Rezende não esconde de ninguém que tem certa repulsa pelo PT, sobretudo o PT de Lula, Dilma Rousseff, Rubens Otoni e Antônio Gomide. Ele só gosta mesmo do PT do prefeito Paulo Garcia, porque este se submete ao seu controle. Iris Rezende, que nunca foi de esquerda, sente-se incomodado na presença dos radicais do PT. Avalia-os como chato-boys.
Nos bastidores, com sua astúcia habitual, Iris Rezende, talvez para agradar Ronaldo Caiado (DEM), tem liberado alguns aliados para apoiar o candidato do PSDB a presidente da República, Aécio Neves. O ex-senador Mauro Miranda, homem inteligente e diplomático, é eleitor de carteirinha de Aécio Neves. Assim como Sandro Mabel.
Iris Rezende é tremendamente subserviente aos políticos nacionais. Quando conversa com o vice-presidente da República, Michel Temer, por exemplo, é “sim, senhor” para cá e “sim, senhor” para lá. Contra políticos de Goiás, Iris Rezende é um verdadeiro serial killer: passa o trator mesmo ou puxa o tapete. Diante de um grandão nacional, fica cheio de salamaleques.
O ex-presidente Lula da Silva já disse para mais de um político que não tolera o candidato a governador de Goiás pelo PMDB, Iris Rezende. Quando Iris Rezende vetou a candidatura de Henrique Meirelles para governador de Goiás, em 2010, pensou que estava descontentando tão-somente o presidente do Banco Central. Na verdade, Lula ficou possesso contra a sabotagem à candidatura de seu pupilo Meirelles. Por isso, quando visitou Goiás, exigiu que Iris Rezende lhe servisse água como se fosse garçom. Mesmo constrangido, o peemedebista-chefe serviu a água e, depois, comentou que nunca havia sido tão humilhado. Mas não teve coragem de dizer um “a” para o dirigente petista.
Iris Rezende, se eleito governador, pretende nomear Iris Araújo para a Secretaria da Educação ou então para a Secretaria de Cidadania e Trabalho. Iris Araújo, segundo aliados, quer ensinar a Thiago Peixoto como se trabalha com eficiência na Secretaria da Educação. Mas peemedebistas, evidentemente, tentariam travar a indicação.
Se Dilma Rousseff for reeleita, Iris Rezende já sabe o que vai pedir: o cargo de superintendente da Sudeco para sua mulher, Iris Araújo. Se Aécio Neves for eleito, Iris Rezende tentará se aproximar do político mineiro, por intermédio de Michel Temer. Ele vai batalhar algum cargo para Iris Araújo.
A retirada da titularidade dos professores da rede estadual de ensino talvez tenha sido responsável por “retirar” milhares de votos tanto do governador Marconi Perillo quanto do deputado federal Thiago Peixoto (PSD), reeleito com uma votação que o deixou na marca do pênalti. Não só. A retirada da titularidade pode ter impedido a vitória do tucano-chefe no primeiro turno e “atrapalhado” as pesquisas de intenção de voto em cima da hora.