Por Do Leitor
Antônio Lopes Esta semana aconteceu mais uma rodada de palestra multiprofissional composta por trabalhadores da saúde, Judiciário, assistência social, jornalismo e voluntários da Igreja junto ao público feminino — em situação de liberdade restringida — composto por cerca de 140 mulheres, em sua grande maioria aguardando julgamento por infringir os artigos 33, 157 e 233 do Código Penal brasileiro. A liberdade não se conquista da boca para fora, mas do peito para dentro. Na Ala 3 Feminino da Casa de Prisão Provisória (CPP) da capital goiana, meninas entre 18 e 72 anos de idade convivem e dividem suas realidades, concretas, em espaço cercado por cimento, trancadas a sete chaves. Em meio a elas, cinco crianças recém-nascidas, duas do sexo masculino, as quais vão crescendo de braços em braços, em meio a muitas histórias, todas elas reais. Ali a vida torna-se, mais uma vez, mercadoria e fetiche na busca por esperança e liberdade. A cada canto do corredor de acesso à caverna iluminista — ou, num movimento inverso, de volta às luzes da escuridão pós-moderna —, ecoa o horror no som metálico das chaves, símbolo do poder ali exercido e negociado naquele que é o verdadeiro ninho da serpente. Trancafiadas, mulheres em formação dividem com as idosas, pejorativamente chamadas “vovós do tráfico”, o espaço comum. Territórios delimitados por fios emendados atados do teto ao piso de cimento frio, posses e espaços destinados ao namoro em dia de visita. Segundo Foucault, “a racionalidade formal manipulatória obstina-se por fundar a impossibilidade de um conhecimento racional sobre o real”. Sob a grande tenda em concreto cercada por grades, trancafiada a sete chaves e vigiada diuturnamente por agentes carcerários, a Ala 3 Feminino da CPP, hoje, restringe dezenas de almas, ainda vivas, que respiram por frestas o gás da coerção judicializada na restrição da liberdade. Há ânsia e sonho por liberdade, reconstrução de vida, recomeço fora da cela, para além dos muros e, segundo relatos de muitas delas, longe do convívio com o parceiro ou parceira, preso ou que ainda “tá de boa lá fora”. A faculdade humana de conhecer o real, em sua objetividade, esbarra num estruturalismo engendrado, segundo o filósofo marxista Nelson Coutinho, “pela concepção pancreática do poder [...] que tudo envolve e domina, revela-se tão tenebroso e monolítico quanto aquele descrito em sua fase arqueológica, sobretudo porque sua genealogia sustenta uma concepção de um poder transcendente sem sujeito”. Ali há muito que ensinar, aprender e apreender. O ego de muitos mestres os pendura na parede do orgulho, junto às titularidades, mas a realidade salta aos muros da academia. Preso e encarcerado, o ser social, ator do que acontece a cada esquina, ao vivo e em cores, promove a dialética das relações sociais. Essas se dão de olhos nos olhos, mãos dadas e através de direitos delegados, seja no ninho da andorinha, no olho da serpente ou sob as asas da liberdade. Antônio Lopes é assistente social, mestrando em Serviço Social (PUC-GO), pós-graduando em Filosofia (Nova Acrópole) e aluno especial em Direitos Humanos (UFG).
“Não haverá mais gestor como Pedro Wilson”
KEILA DAMACENO Gestor público como Pedro Wilson (PT) não haverá mais. Como prefeito de Goiânia, não investiu em propaganda política: investiu em educação, pagou precatórios paralisados há 28 anos. Esse foi o único político em quem senti orgulho de votar desde os meus 16 anos. Pena que não quis continuar a se candidatar em meio a essa lama nojenta que é a política. Keila Damaceno é advogada.“Estamos mesmo ‘bem’, com nossos governos”
MARIA LUIZA RODRIGUES Governo de São Paulo tratando de esconder material que possa incriminá-lo; Prefeitura de Goiânia devastando a cidade cortando árvores e praças; governo do Estado de Goiás militarizando escolas; governo federal apostando em desmatamento e hidrelétricas. É, estamos mesmo bem. Maria Luiza Rodrigues Souza, doutora em Antropologia, é professora da Faculdade de Ciências Sociais da UFG.“Dificuldades práticas para coibir violência”
VALÉRIA MORAIS LESSA Trata-se de um problema que atinge, na maioria das vezes, o sexo feminino e não costuma obedecer nenhum nível social, econômico, religioso ou cultural específico, como poderiam pensar alguns. Em alguns casos, o abuso do álcool é um forte agravante da violência doméstica física. A embriaguez patológica é um estado em que a pessoa que bebe torna-se extremamente agressiva, às vezes nem se lembrando com detalhes do que tenha feito durante essas crises de furor e ira. Nesse caso, além das dificuldades práticas de coibir a violência, geralmente por omissão das autoridades — ou porque o agressor quando não bebe “é excelente pessoa”, segundo as próprias esposas, ou porque é o esteio da família e se for detido todos passarão necessidade —, a situação vai persistindo. Lamentável! [“Violência contra as mulheres prova que a civilização não exclui a barbárie”, Jornal Opção 2099]“Damos extrema audiência à violência”
JORGE ANTÔNIO MONTEIRO DE LIMA Infelizmente, o ser humano pós-moderno é bruto. Existe muito poder e pouco amor pessoal e ao próximo. Damos extrema audiência à violência e pouca atenção ao que realmente é importante. Homens e mulheres estão embrutecidos e o aumento da violência urbana e social está ligado a isto. Jorge Antônio Monteiro de Lima é psicólogo e escritor.[caption id="attachment_47475" align="alignleft" width="197"] Foto: Lula Marques/Agência PT[/caption]
Marcelo Augusto Parrillo Rizzo
Como lutar contra grupos que preferem quebrar o País a ter o PT por mais quatro anos no poder? Antes de qualquer coisa, para que não seja acusado de distorcer a realidade, deve-se reconhecer os erros da presidente Dilma Rousseff. Não, não são os erros divulgados massivamente pela oposição e pelos setores conservadores da imprensa. O governo Dilma não destruiu o País para se reeleger, e isso fica claro ao comparar os dados da gestão Dilma com outras gestões como Lula e FHC.
Pode-se traçar o início da ofensiva ao governo Dilma tendo como marco a hostilidade ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e ao pensamento considerado heterodoxo pela oposição. Heterodoxia esta que ganhou alguns prêmios Nobel de Economia pelas mãos de Krugman [Paul Krugman, economista norte-americano, vencedor do Nobel de Economia de 2008, autor de diversos livros e colunista do “The New York Times”] e Stiglitz [Joseph Eugene Stiglitz, economista norte-americano, presidente do Conselho de Assessores Econômicos no governo de Bill Clinton, ganhador do Nobel em 2001], mas que, nos “think tanks” [instituições que atuam em certo campo de interesse, difundindo conhecimento sobre assuntos estratégicos] tucanos e nas opiniões de jornalistas de economia, se torna algo próximo a defender que a Terra é quadrada.
O erro de Dilma foi e é maior: começou durante a campanha eleitoral, quando sucumbiu a pressão e anunciou a troca de ministros da Fazenda. Aqui, não discutirei os méritos de Mantega ou Joaquim Levy [atual ministro da Fazenda], mas a burrice em não entender que o “mercado” e os seus pastores farejaram o medo e viram que podiam muito mais — e que não há coração valente que suporte a pressão.
Política econômica é gestão de expectativas e a partir do momento que o governo concordou com as premissas que tão mal fizeram ao nosso País, ele perdeu o jogo. Como Dilma pode fazer uma virada keynesiana, como pedem muitos comentaristas bem-intencionados? Em 1931, Keynes [John Maynard Keynes, economista] proferiu na rádio BBC um discurso em que exortava as donas de casa a gastarem suas economias e evitassem o “paradoxo da poupança”. O famoso economista entendia a necessidade de estimular o espírito animal.
Em 2015, vivemos a situação paradoxal em que a imprensa e oposição monetarista se utiliza de Keynes para derrotá-lo. É necessário para eles, entocar a dona de casa e fazê-la sentar-se em cima das economias. Entre divulgar que a inflação está diminuindo ou compará-la à inflação de anos atrás, a imprensa prefere a segunda opção. E Dilma, em uma ingenuidade que parece absurda, prefere se curvar e tenta agradar quem não quer ser agradado. Ajuste fiscal? Pouco demais. Liberar os preços da gasolina e energia? Encareceu o custo de vida. CPMF? A população não aguenta mais impostos. Os mesmos que criticam as tentativas do governo torcem para que a pauta-bomba seja aprovada no Congresso.
Pior: alguns dos que criticam foram fomentadores da pauta-bomba. Como os economistas neoclássicos defendem há décadas, não há nada paradoxal nessa situação, pois políticos sempre defenderão a política econômica que lhes garantam mais votos e, por isso, sempre defenderam a autonomia da gestão econômica dos agentes políticos. O que parece que não previram foi que a performance da economia não depende apenas dos políticos no poder. A imprensa e a oposição já perceberam. Dilma perdeu porque ajudá-la não dá votos para ninguém e, mesmo que suas propostas estejam baseadas no pensamento ortodoxo defendido pelos setores que querem tirá-la, estes setores não aceitarão. Eles querem somente o poder, como seus próprios gurus no pensamento econômico já previam.
Marcelo Augusto Parrillo Rizzo é servidor público federal e doutorando em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
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Foto: Renan Accioly[/caption]
“Machismo troglodita continua arraigado”
Divino Ribeiro Magalhães A nota “Apresentador chama Andressa Urach de ‘sem vergonha’ ao vivo e causa revolta na web” (Jornal Opção Online) mostrou, mais uma vez, que Andressa Urach precisou conviver com o machismo troglodita, que continua arraigado na Pátria do falso moralismo e da hipocrisia. Hélio Costa é um desses que pretendem a fama a qualquer custo, mesmo seja necessário desgraçar a dignidade alheia. O corpo e o existir de uma pessoa não são propriedades de outra, mesmo que essa outra se ache pura e santificada. E-mail: [email protected]“Andressa Urach foi humilhada em público”
José Mariano Ninguém tem nada a ver com a vida pessoal de Andressa Urach. O que ela fez ou deixou de fazer não cabe a ninguém julgar, ela foi humilhada em público e teria de meter um processo nesse camarada, a vida é dela, o corpo é dela. Ela faz o que bem entender e ninguém tem nada a ver com isso, devemos no mínimo respeitar as decisões das pessoas. Que jogue a primeira pedra quem nunca cometeu um pecado, como as sábias palavras ditas por um Homem muito sábio. E-mail: [email protected]“Ressuscitaram a política do café com leite”
Fábio Coimbra O artigo “Programa contra Dilma e o PT prova que PSDB é um partido de São Paulo, não do Brasil” (Jornal Opção Online) é mesmo oportuno, pois mostra que o PSDB não prioriza os políticos de todo o país, discriminando-os, e privilegiam os de São Paulo. Será que as outras regiões não tinham um senador para criticar o PT? O governador tucano de Mato Grosso, Pedro Taques, é um crítico ferrenho do governo da presidente Dilma Rousseff. A política do café com leite foi mesmo ressuscitada. E-mail: [email protected]“É preciso ir além da linguística padrão para melhorar o ensino”
Luana Alves Luterman Enquanto as escolas insistirem em fragmentar o ensino de língua portuguesa, por exemplo, e reforçar, nas aulas de gramática, apenas a modalidade linguística padrão, sem investimento em estudos de gêneros textuais e letramento, o quadro não vai mudar. [“Educação brasileira não melhorará enquanto as crianças tiverem dificuldade em ler, escrever e fazer contas”, Jornal Opção 2099]. Luana Alves Luterman é professora e doutoranda em Linguística (UFG).“PSDB deveria fazer seu mea-culpa”
Marco Antônio da Silva Não chegamos a merecer o tratamento dispensado aos “coxinhas” de Piratininga. O ideal seria que o PSDB desse exemplo a Dilma fazendo um “mea culpa” de suas falhas, como a aprovação da reeleição e de sua absoluta incapacidade de ser oposição ao PT e a qualquer esquerdismo. [“Programa contra Dilma e o PT prova que PSDB é um partido de São Paulo, não do Brasil”, Jornal Opção Online] Marco Antônio da Silva Lemos é desembargador do Distrito Federal e Territórios.“Segue-se um escândalo pior do que outro”
Lita Carneiro Em resposta à carta do sr. José Carlos da Silva, intitulada “Kajuru candidato a vereador pode não ser o sucesso que esperam” (Jornal Opção 2099), digo que não conheço o sr. Jorge Kajuru. Mas ele consegue despertar a população da apatia em que vive mergulhada. O Brasil é ridicularizado lá fora porque nossas autoridades e políticos não se cansam de praticar “malfeitos” e não reagimos. Quando a mídia deixa de divulgar os fatos, esquecemos tudo. E assim se segue um escândalo pior do que outro. Lita Carneiro é aposentada. E-mail: [email protected]
MARCELO FRANCO
Sobre as charges da publicação francesa “Charlie Hebdo” usando a morte do menino sírio em uma praia da Turquia como tema, venho dizer que “eu ainda sou Charlie”. As charges parecem ser mesmo muito ofensivas — “parecem”, pois, num nível mais profundo, podem ser também uma crítica ao “jogo duplo” europeu. De qualquer modo, mesmo me sentindo incomodado, baixo nível e indelicadeza ainda merecem a proteção da “liberdade de expressão”, isso por dezenas de motivos discutidos há décadas e amplamente conhecidos. Marcelo Franco é promotor.“Se a foto fosse do filho do editor...” PAULO LIMA
A liberdade de expressão dessa publicação seria autocensurada se a foto fosse do filho do editor dela.“Kajuru candidato a vereador pode não ser o sucesso que esperam”
José Carlos da Silva Tem muita gente apostando na candidatura do radialista e apresentador Jorge Kajuru (PRP) para vereador em Goiânia. Eu, particularmente, não duvido do potencial de votos que sua atitude denunciante possa ter perante o eleitorado da capital. Inclusive, pode se revelar um fenômeno como o hoje deputado federal Delegado Waldir Soares (PSDB) nas próximas eleições. Mas, mesmo assim, gostaria de fazer algumas reflexões sobre essa questão: Primeiramente, de santo e paladino da justiça Kajuru não tem nada; vive falando de muita gente e fazendo denúncias dessas pessoas com quem, em tempos de outrora, sentava-se à mesa e comia no mesmo prato. Em segundo lugar, a eleição para deputado federal tinha, ao todo, 152 pré-candidatos. Destes, 53 tiveram registro indeferido; logo, Kajuru disputou voto com menos de cem candidatos, em 243 municípios. Outro fator é que na eleição passada havia 32 partidos políticos; hoje, já são 34 aptos a concorrer ao pleito. Logo, o número de candidatos a vereador vai crescer: em 2012, na última eleição para vereador, 748 candidatos disputaram as eleições; nas próximas, provavelmente devem sair candidatos uns 800 a 900, pelo aumento de vaga na Câmara e pelo aumento do numero de partidos políticos — desses candidatos, 35 são vereadores e alguns já estão quase completando uma dezena de mandatos. Nesse contexto, a possibilidade do Jorge Kajuru angariar votos cai drasticamente. Para aqueles que pretendem disputar a eleição confiando nos votos de Jorge Kajuru: abram o olho! O PRP, seu partido, não tem chapa e a possibilidade de formarem uma chapinha composta pelos partidos PPS, PSB, PRP, PSC e outros que forem apoiar o candidato Vanderlan é real. Podem estar entrando numa canoa furada. José Carlos da Silva é psicólogo e secretário do diretório municipal do PTC.[caption id="attachment_33026" align="alignright" width="620"] Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil[/caption]
Arnaldo B. S. Neto
A respeito da nota “Bolsonaro: ‘Espero que Dilma saia. Infartada, com câncer, de qualquer jeito’” (Jornal Opção online), sinceramente, acho isso excessivo, desnecessário, violento, incompatível com a democracia. Democracia não se faz com juras de morte, com palavrões, com desejos de vingança, com estímulos ao ressentimento, com apelos ao que temos de mais primitivo. Ou a democracia nos coloca num patamar civilizatório melhor ou então não nos servirá muito.
Mesmo tendo me tornado crítico com relação ao atual governo, nunca chegarei ao ponto de me expressar assim, como o fez o deputado Jair Bolsonaro (foto) em Goiânia. De um deputado federal espero sempre um comportamento melhor, com mais argumentos, mais civilidade e menos violência verbal. Brasil precisa de reflexão, de aprendizado, de autocrítica, de visão de longo prazo, de projetos. Precisa que os brasileiros mostrem a serenidade e o discernimento que faz com que os povos maduros superem suas crises. Mas não precisa destas demonstrações pueris de pseudorradicalismo.
Arnaldo B. S. Neto é professor
“O que queriam ao trazer Bolsonaro para um painel?”
Marco Antônio Lara A pergunta que fica é: o que a Corregedoria-Geral de Justiça de Goiás e um workshop de Justiça Criminal queriam com Jair Bolsonaro em um painel? Com todo o respeito, mas um conferencista desse não acrescenta nada. Pelo contrário, só apequena qualquer evento de que participa.“Não sei quem é o mais errado”
Amauri Garcia Esse cidadão é, para mim, o próprio câncer. Eu não sei quem está mais errado: se é a Asmego [Associação dos Magistrados do Estado de Goiás], que traz “isso” para dar palestra, se é o jornal a dar espaço às suas asneiras (muito embora alimente polêmicas) ou se sou eu mesmo, que ainda abro notícias a respeito desse cidadão. Amauri Garcia é jornalista.“Edição para induzir os leitores”
Rafael Bela Adão Edição feita para induzir os leitores a achar que Bolsonaro de fato está fazendo orações para a morte da presidente. O que ele falou vem como resposta a uma especulação de que a presidente poderia simular uma doença para sua saída do Planalto ser menos humilhante e, nesse sentido, ele quis dizer que não lhe importa a forma como ela vai sair, se é por impeachment, cassação via TSE ou por doença, mas que, seja qual for a causa, ela tem de ser expurgada do poder. Nota da Redação: O repórter Frederico Vitor responde ao comentário: “Em relação à pergunta feita ao deputado Jair Bolsonaro – que está gravada, bem como a íntegra da entrevista – foi se ele achava que a presidente Dilma Rousseff concluiria seu mandato. A resposta do parlamentar, portanto, nada tem a ver com algum questionamento sobre boatos ou especulações.”
[caption id="attachment_45412" align="alignright" width="620"] DHA / Asspciated Press[/caption]
Anderson Alcântara
Dorme menino sírio, não acorde para nenhuma vida! Não sois filho da promessa, não sois povo escolhido! Da vida nada ganhastes além de um nome: Aylan Kurdi. Um nome que em vida não sensibilizou nenhum coração. Dorme o sono eterno em sua posição fetal. Não há do outro lado nenhum Deus, nenhum homem, nenhuma lei a lhe abrir o imenso mar. Não há vida em abundância, sequer um fiapo de vida a atracar ao seu magro destino. Dorme menino, logo será um farrapo desimportante no mar das estatísticas.
Foge da morte, mas a morte lhe espera no cais. Foge da dor, mas a dor lhe arrebata em suas mãos. Não há coisas de menino do outro lado. Não há outro menino a lhe esperar com uma bola debaixo do braço. Há apenas o mar e seu terror, sua gula, seu implacável cemitério.
(sobre o texto “A Europa não queria ver a foto de Aylan Kurdi, de 3 anos, morto numa praia da Turquia”, de Edmar Oliveira, Jornal Opção 2096)
Anderson Alcântara é jornalista e escritor.
“A Europa, hoje, recebe o que construiu”
Felippe Jorge Kopanakis Uma das primeiras medidas dos países europeus a partir do século 15 era proibir a língua nativa dos povos dominados. Isto quebrava toda uma cultura ancestral e criava uma nova relação entre dominador e dominado. Eram obrigados a falar a língua e “engolir” a nova cultura. Tanto que em todos os países africanos hoje existem várias línguas oficiais. Somente em Angola são seis. A Europa, hoje, recebe o que construiu. É muito mais fácil fugir para um país onde eu fale e compreenda a língua do que ir para um lugar onde não posso me comunicar.“Ninguém tem feito mais do que a Alemanha pelos refugiados”
Arnaldo B. S. Neto Todos os refugiados tem a Alemanha como destino preferencial. Um país que combina eficiência estatal, instituições inclusivas e mercados dinâmicos. Escolados por terem experimentado a violência e o obscurantismo dos dois totalitarismos que marcaram o século 20, os alemães não tem ambiguidades para com a democracia. Já foram ao inferno com hiperinflação, guerras e Estados policiais. Sabem que sua coesão social depende da inteligência de seu sistema educacional e da excelência da sua saúde pública. Conservadores em poupança e investimentos, acreditam mais em organização e disciplina. Alemanha tem empresas fortes e inovadoras e suas universidades criam conhecimento de ponta. Fazem as máquinas que outros países usam para produzir mercadorias. Muito fácil criticar a Alemanha atual pela sua resistência em receber mais que 20 mil refugiados por mês (o Brasil recebeu 8 mil desde que o conflito sírio começou, anos atrás). Mas ninguém tem feito mais do que eles! Uma grande nação e um grande povo, já de muito redimidos do eclipse dos anos 30 e 40. A Europa pode fazer mais pelos refugiados, sim. Mas vamos criticar primeiro as ideias retrógradas do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que quer ver o que ele chama de “identidade” europeia congelada no tempo. Como se “identidade” não fosse algo em permanente movimento, um princípio dinâmico que se modifica o tempo todo. Outros países não estão oferecendo apoio algum, mas, ao contrário, contribuem para manter o conflito na Síria. Arnaldo B. S. Neto é professor universitário.“Ele superou tudo, menos a barreira do capitalismo”
João Carvalho Este menino sobreviveu às bombas e à guerra, aos loucos do Estado Islâmico e à escassez de comida e água, mas não conseguiu superar uma barreira que impede muitas vezes os pobres de terem acesso à liberdade, comida e trabalho em qualquer lugar do mundo: não conseguiu superar a barreira do capitalismo. Todos esses países que não querem pobres nos seus territórios são capitalistas, ricos, endinheirados e fechados na sua própria insensibilidade diante do ser humano mais carente.“Tragédias se repetirão até bater em nossa porta”
Manoel Francisco Pereira O que torna a humanidade cada dia mais insensível é cometer sempre o mesmo erro de esquecer as tragédias e holocaustos rapidamente. Elas, então, sempre se repetem com maior proporção, até que um dia uma delas bate em nossa porta. Só aí entenderemos o seu peso e suas consequências.“Em poucos dias, essa foto não vai mais incomodar”
Ton Alves E acreditem! Dentro de poucos dias esta foto não comoverá nem incomodará nem um pouco nosso confortável comodismo. Se não aparecer outra tragédia, alguma fofoca irrelevante de uma celebridade descartável vai virar motivos de curtidas e likes nas redes sociais. Ton Alves é jornalista.“Votei em Collor e vou levar esse erro para o caixão”
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PAULA SALDANHA Tive o privilégio de acompanhar o professor Altair Sales Barbosa por décadas, em suas expedições arqueológicas, com importantes achados sobre o homem primitivo brasileiro. Suas pesquisas e realizações foram tema de diversos documentários que fiz para a TV, para o programa “Fantástico” e para nossa série “Expedições”. Na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), onde se destacou como profissional, fundou o Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA), o Instituto do Trópico Subúmido (ITS) e o Memorial do Cerrado. Criou, ainda, o Memorial Serra da Mesa. Não contente com essa valiosa contribuição para a universidade onde trabalhou por quatro décadas, plantou sementes em vários pontos do Brasil e influenciou educadores e jornalistas preocupados com nosso País, como eu. Doutor em Arqueologia Pré-Histórica pela Smithsonian Institution, Altair é também um atuante ambientalista, sempre alimentando a imprensa de nosso País com preciosas e fundamentadas informações sobre as ações do homem e as consequências para as áreas naturais — com destaque para o Cerrado. A saída de Altair Sales Barbosa da PUC Goiás deixará uma grande lacuna nessa instituição, que dificilmente conseguirá dar continuidade aos recentes e eficientes projetos por ele criados. Mas esta foi, apenas, uma bela etapa de sua longa e produtiva vida acadêmica. Alguma importante instituição em nosso País poderá contar com seu conhecimento e contribuição. Altair, com seu trabalho incansável em defesa da pesquisa científica, da proteção dos recursos naturais e da cultura do Cerrado, continuará espalhando frutos e ideias por todo o Brasil, tenho certeza. Paula Saldanha é jornalista, apresentadora de TV e escritora.
“Goiás avança, apesar da gravidade da crise econômica”
ANA CARLA ABRÃO COSTA Parabenizo o jornalista Euler de França Belém pelo texto “Ao não fazer uma crítica qualitativa à secretária da Fazenda, Henrique Arantes travou o debate” (Jornal Opção, coluna “Imprensa”, edição 2095). Estou à disposição para fazer com Euler e sua competente equipe de jornalistas um debate no campo das ideias — inclusive é esse o único tipo de debate que faço. Gostaria de apresentar ao Jornal Opção todo o conjunto de ações que hoje visam à modernização da gestão fiscal de Goiás — e, consequentemente, ao estabelecimento de bases para a retomada do crescimento. São ações estruturantes e arrojadas, que caberá à sociedade legitimar ou não. Acrescento ainda que, muito além da Sefaz [Secretaria do Estado da Fazenda], o governo hoje lidera um conjunto de ações que têm permitido que Goiás esteja muito longe da paralisia. O Inova [programa Inova Goiás, que vai investir R$ 1,5 bilhão no Estado] é um deles, mas há mais do que isso. Ao contrário do País e de vários outros Estados, Goiás hoje avança — apesar da profundidade e gravidade da crise econômica atual. Ana Carla Abrão Costa é secretária estadual da Fazenda.“Caso Piquiras: despesa maior que receita”
LUIZ CHEIN Lamentável. Uma marca como a do Piquiras, tida como sólida, enfrentar uma situação desconfortável como essa, é preocupante. E quando isso acontece não há outra explicação que não passe pela ideia de gestão equivocada. Daí, me reporto às palavras de um economista: “Quem tem e põe, faz um monte; quem não tem e tira, faz um buraco.” Simples assim: despesa maior que receita. (“Maior dívida do Piquiras é com duas instituições financeiras, Jornal Opção Online) E-mail: [email protected]“Professor alertou os brasileiros sobre a ameaça ao Cerrado”
ROBERTO WERNECK Altair Sales Barbosa desenvolveu um trabalho fantástico de dedicação às terras e ao povo brasileiro — um trabalho de uma vida inteira! Estudando a fundo, divulgando e protegendo o Cerrado, Altair foi grande defensor desse bioma — talvez o mais ameaçado do Brasil. O País não conhecia a importância do Cerrado e, ao longo de décadas de batalha na área acadêmica, Altair alertou os brasileiros para a grande ameaça que é destruir o bioma que concentra a “caixa d’água” do Brasil. Fico agradecido por tudo que Altair me ensinou sobre o bioma Cerrado e a vida das populações tradicionais, que estão sendo afetadas pelo avanço do agronegócio, sobre áreas naturais e de preservação. Roberto Werneck é documentarista e biólogo.“Recuperação judicial do Piquiras, um belo negócio”
LUIS HECTOR SAN JUAN Assim é fácil. O entrevistado jogou a culpa na crise do mercado. Grande problema! “O movimento vem caindo em 30% desde o ano passado, e não é só com a gente, mas com o mercado em geral”, ele disse. Ou seja: esse grupo não foi o único afetado pela situação econômica, mas, no entanto, os demais não pediram recuperação. Por que será? Tem mais: “As coisas estavam ficando inadimplentes e tudo estava apertando”, ele disse, e nem falou por que a administração do grupo não tomou medidas para ajustar-se aos menores resultados. Faça o favor, uma entrevista assim chega a ser uma ofensa a outros empresários que amargaram prejuízos e “cortaram na carne”. Em casos semelhantes, a dívida é parcelada em prazos bastante longos e sem juros ou com juros “micro”. Assim, dá para tentar pagar a dívida só com os lucros futuros. Que belo negócio, não acham? E-mail: [email protected]“Novos cantores sertanejos estão sujando a imagem do gênero”
FÁBIO LUIZ Parabéns a Ademir Luiz pela lista das 13 maiores duplas sertanejas da história (Jornal Opção 2089), muito bem definida. São duplas que cantam e cantavam o verdadeiro sertanejo. Hoje, infelizmente, novos cantores estão sujando a imagem de um dos gêneros musicais que marcou época de uma tal maneira, que só quem realmente sabe o que é o verdadeiro sertanejo sente que, a cada dia, ele vai ficando extinto. E-mail: [email protected]Alberto Nery Sobre a matéria “Marco Feliciano, o deputado anti-gay, processa o site Sensacionalista. Mas perde a ação” (Jornal Opção, edição 2094, Coluna Imprensa): Sempre que vejo citar o nome desse deputado, já sei que vem algo que não faz sentido. O cara é tão idiota, que não sabe a diferença entre uma sátira, e uma notícia verdadeira. Esse cabelo escovado já meio ridículo, mas se ele não estiver na mídia, ele arruma um jeito de aparecer. Pena que os evangélicos, em sua maioria, vivem sob o cabresto de seus senhores, e escolhe um cara desse para os representar no Congresso Nacional. Mas, pensando bem, lá é lugar para quase tudo que não presta. Parabéns ao juiz, pela sua sabia decisão. O bom de uma democracia é a liberdade de expressão.
“Deixem o promotor Fernando Krebs onde ele está”
Lita Carneiro Sobre a nota “José Nelto aposta em Fernando Krebs para o Senado“ (Jornal Opção, edição 2094, Coluna Bastidores): Não inventa não. Deixa o promotor Fernando Krebs onde ele está. A coragem com que ele enfrenta, apura e investiga as denúncias que lhe chegam às mãos, é admirável. Decidido a limpar a imagem do Estado, ele é a esperança e um orgulho para a população. No Senado, temos o senador Antonio Reguffe (PDT-DF) cuja honestidade é de doer (votei nele). Porém, não creio que duas ou três pessoas iguais, em meio a “tantos diferentes”, possam fazer grandes mudanças. Deixar o certo pelo duvidoso, melhor não. Vai que chegando lá, ele se contamine?[caption id="attachment_43406" align="aligncenter" width="620"] Altair Sales Barbosa, o “Dr. Cerrado” e ex-professor da PUC de Goiás[/caption]
Francisco Delmondes Bentinho
Sobre a matéria “Demissão voluntária da maior autoridade em Cerrado no Brasil evidencia crise na PUC Goiás” (Jornal Opção, 2093): Dr. Altair Sales Barbosa, hoje a maior sumidade em Bioma Cerrado, teve um início de trabalho excelente, trazendo para a comunidade científica os mais importantes resultados para se conhecer a biodiversidade deste imenso torrão do Centro-Oeste Brasileiro.
A felicidade de poder ter conhecido e até trabalhado com Dr. Altair Sales Barbosa, num momento em que na Diretoria do Departamento Cultural dos Centros do Professores de Goiás, partíamos para o interior nos finais de semana para em contato com os professores locais levar alguns conhecimentos e adquirir a experiência de vida que acontece no campo, com os professores de cada município que vistamos em nossas caminhadas.
Deixar os quadros da PUC-GO e parar trabalhos em andamento, só quem perde é a comunidade científica, pelos grandes avanços que podem ser alcançados om a experiência e capacidade de alguém, como é o Dr. Cerrado (como é conhecido Altair Sales Barbosa).
[email protected]
“O dr. Enil está usando a OAB para fins eleitorais”
Talmon Pinheiro Lima Sobre a matéria “Advogados questionam se Enil Henrique estaria usando a OAB-GO para fins eleitorais” (Jornal Opção, 2092): Nitidamente o dr. Enil Henrique está utilizando a OAB para promoção pessoal e intuito eleitoral. Por exemplo, está sendo veiculada no rádio uma peça a pretexto de propaganda institucional, onde se destaca a ênfase e a repetição do bordão OAB PARA TODOS, que deverá ser o nome da chapa dele, sabidamente dissidente do grupo OAB FORTE. Talmon Pinheiro Lima é advogado.“Se o PT fosse oposição, como ele se comportaria?”
Adalberto De Queiroz Lendo a matéria “‘Fracasso’ de Dilma é explicado por fatores que vão além da política” (Jornal Opção 2093), lembrei-me de uma peça do Oduvaldo Vianna Silva (o Vianinha), onde o personagem batia-se contra o galicismo contido na etimologia da palavra em português. Fracasser, v.t., tem o viés de romper, fraturar, romper... (casser, fracturer, rompre. Seria por isso que o brilhante repórter que assina a matéria concedeu aspas ao fracasso de Dilma? Outro aspecto da matéria é o que não se esconde no analista (como 99% deles) é visivelmente pró-pró-PT - o que se nota enviesadamente aqui: “E a oposição? Sofre do mesmo cenário da situação”, ressalta Marco Aurélio. “A única diferença é que ela atira pedra e não tem responsabilidades de governo. O engraçado é que o PSDB sempre se apresentou como o partido da responsabilidade e, agora, atira para todos os lados. Além de não gostar do PT, o que o PSDB propõe? Não está propondo nada”. Faltou perguntar ao Dr. Marco: E se o PT fosse oposição, como se comportaria com os delitos similares de seu partido-siamês (o PSDB)? A crise não tem aspas, tal qual o desastre do governo Dilma. Boa e polêmica matéria. Evoé, jovem Mestre Carreiro. [email protected]E se as esquerdas tivessem ganhado?
Marco Lemos Sobre a matéria “E se o Cabo Anselmo for mais uma das vítimas da guerra travada entre a esquerda e a direita?” (Jornal Opção 2093): De repente sinto uma aragem fria na espinha, ao imaginar o que teria ocorrido se as esquerdas tivessem ganhado em 1963/64... e se tivesse prevalecido essa mixórdia ideológica de Pecezão, PCdoB, Polop, AP, Var-Palmares, MR-8... O quanto não teríamos de “processos de Moscou” tupiniquins e uma nova “Revolução dos Bichos”, com seus Napoleões e Bolas-de-Neve... Marco Lemos é desembargador do Distrito FederalCovardia com um cabo pé-de-chinelo
Hugo Studart Cabo Anselmo era um sindicalista autêntico, ligado ao PCB. Preso, aceitou delação premiada (e infiltração) em troca da vida. Como centenas de outros militantes, inclusive uma certa Vanda, da VAR-Palmares, e um certo Daniel. Para quase todos os demais, a delação compensou. Para Anselmo, contudo, recaiu toda a culpa do mundo. Covardia com um cabo pé-de-chinelo.Foi tragado pela voracidade
Arnaldo B. S. Neto Na minha época de militante era tido como o Calabar da esquerda. Um personagem tragado pela voracidade daqueles dias trágicos.Pedro Baima A elaboração de políticas públicas é uma reunião de agentes públicos, agentes privados e outros cidadãos e, todos os dias, gestores participam da elaboração de políticas públicas que afetam positiva ou negativamente a vida de milhares de pessoas. Entretanto, existe historicamente uma assimetria de poder e de saber que legitima muitas injustiças e que impedem a elaboração de políticas públicas equânimes. Tenho percebido que existe uma contradição da prática no trabalho do elaborador de política pública que o antropólogo Johannes Fabian chama de aporia, isto é, uma distância entre o estudo de campo e a elaboração do projeto por falta de uma interação comunicativa com o Outro, que são os cidadãos que terão suas vidas impactadas pela política pública. E para romper com essa distância, tenho sugerido a adoção do tempo intersubjetivo compartilhado e de maneira coeva na elaboração dessas políticas públicas. O contrário do tempo coevo é a negação da coetaneidade, que muitas vezes é proporcionada pela ênfase da visão dos policy-makers sobre a sociedade à singeleza da audição, e que estando em tempo diferente dos demais atores, o tempo do progresso, do desenvolvimento e da modernidade, partem de uma visão evolutiva como ponto de partida. Quando nos posicionamos assim, todas as afirmações sobre os outros passam a se relacionar com as nossas experiências como observadores e que, portanto, não passam de representações da realidade. Se conhecimento é poder, há uma brecha que favorece a assimetria de poder e de saber dos atores envolvidos nessas políticas quando a racionalidade científica exige a imparcialidade ou neutralidade do gestor, pesquisador ou outro operador dessa lógica que fundamenta nosso saber, neutralidade muito comum nas chamadas hard sciences. Nesse caso, o uso do Tempo quase invariavelmente é feito com o propósito de distanciar aqueles que são observados do Tempo do observador e se tornam discursos imperialistas que buscam o direito de ocupar os espaços “vazios”, subutilizados e subdesenvolvidos para o bem comum da sociedade, mas que na verdade não passam de mecanismos de dominação praticados pelas classes dominantes. Dessa maneira, o Tempo intersubjetivo parece impedir qualquer tipo de distanciamento, haja vista que a interação social pressupõe intersubjetividade, mas para isso, os atores envolvidos devem assumir o mesmo tempo coevos, isto é, contemporâneos, sem hierarquizações temporais que colocam os atores em posições opostas como desenvolvidos e subdesenvolvidos, capazes de propor soluções e os incapazes, para assim criar um Tempo compartilhado. Ou os gestores se submetem à condição da coetaneidade e lançam mão de um conhecimento etnográfico para alcançar políticas públicas mais justas por meio de investigações e da práxis intersubjetiva ou se iludem na distância temporal e não alcançam a equidade. É fundamental que a elaboração, aplicação e avaliação das políticas ocorram de maneira coeva, com base no Tempo intersubjetivo compartilhado e na contemporaneidade intersocial. Para tanto, devemos superar também a função ideológica dos discursos de progresso, avanço e desenvolvimento que ocultam a contingência temporal da expansão capitalista entendendo que essa negação da coetaneidade é um ato político, e não apenas discursivo. A coetaneidade, portanto, busca reconhecer a contemporaneidade como condição verdadeiramente dialética entre as pessoas, pois ela milita contra falsas concepções da dialética, abstrações binárias que são impingidas como contradições como novo e velho, atrasado e evoluído etc. Dia 25 de agosto às 9 horas, em reunião ordinária, vou propor ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (Commam) a criação de uma Câmara Técnica que terá o objetivo de ouvir as pessoas impactadas por projetos ambientais durante a sua elaboração, e não apenas após a sua conclusão, para quem sabe assim, pavimentar a estrada que nos levará à efetiva participação, controle popular dos projetos e apropriação dos conselhos pela sociedade. Você é meu convidado. Pedro Baima é conselheiro no Conselho Municipal de Meio Ambiente de Goiânia. Email: [email protected]
“Mediocridade, incompetência e autoritarismo”
Jales Naves A gestão da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, desde que Wolmir Amado assumiu a Reitoria, tem sido lamentável: pela incompetência; mediocridade; autoritarismo e prepotência; pela omissão da Igreja. Conheci de perto essa arrogância. Todos conhecem os problemas. Não há diálogo e sobram vaidades, bajulações e servilismo. Quando os servidores passam a conhecer os dirigentes da instituição, vão se distanciando e muitos logo são demitidos, sem qualquer justificativa. Não há na PUC Goiás uma política para valorizar e estimular a produção científica, a pesquisa, para que a Universidade cumpra o seu real papel. O trabalho do professor Altair Sales Barbosa é reconhecido nacional e internacionalmente, pela sua competência, dedicação, conhecimentos e determinação. O desfecho agora conhecido é resultado de perseguições, desprezo, humilhações e inveja. Ele foi um exemplo. Realizou muito, projetou a instituição, carreou recursos para as diversas atividades que liderou, implantou e consolidou, como o Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA), o Instituto do Trópico Subúmido (ITS) e o Memorial Cerrado, todos grandes centros de estudos, experimentações e pesquisas. Não foi devidamente valorizado, reconhece que a Universidade não tem um projeto claro e voltado para a região, e optou pela demissão voluntária. Uma pessoa admirada e respeitada. Só temos a lamentar a saída de uma pessoa brilhante, estudiosa, um pesquisador, que sabe fazer e fez. Perdem Goiás, a pesquisa, o Cerrado e todos nós. Jales Naves é escritor.Artigo aprovado em congresso internacional
As servidoras Simone Domingues e Dayse Mysmar, do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), tiveram artigo aprovado no Congresso Internacional de Educação à Distância. O artigo expõe que o Plano Nacional de Capacitação Judicial de magistrados e servidores do Poder Judiciário (PNCJ) inclui apenas os aspectos comuns aos distintos ramos do Poder Judiciário, cabendo ao TJ desenvolver seus programas específicos, incrementando-os de acordo com suas características e necessidades próprias, ajustando-se ao Plano Permanente de Capacitação (PPC). De acordo com as autoras, “o trabalho é uma oportunidade única e essencial para a representação do Poder Judiciário de Goiás em um evento internacional, demonstrando como o órgão supre a necessidade de qualificar e aperfeiçoar seus servidores, atendendo à demanda imposta pela sociedade na exigência de uma prestação jurisdicional com eficiência, conforme normatização do Conselho Nacional de Justiça. Constitui ainda o conjunto de diretrizes norteadoras das ações promovidas pelas escolas judiciais brasileiras na formação e aperfeiçoamento de magistrados e servidores do Poder Judiciário, integrando-as a um sistema harmônico e conjugando os esforços de cada uma, na busca do ideal comum de excelência técnica e ética da magistratura nacional e dos servidores da justiça”.“Que alguma grande universidade cuide de absorver o passe – agora livre – do grande mestre do Cerrado Brasileiro”
Luiz de Aquino Alves Neto Sobre a nota “Pressionado, Altair Sales, o cientista que mais entende de Cerrado no Brasil, pede demissão da PUC-GO” (Jornal Opção, coluna Imprensa, 2091): Conheci Altair Sales Barbosa em nosso primeiro ano do curso de Geografia, na então Universidade Católica de Goiás. Atuamos juntos naqueles primeiros anos acadêmicos. Vi-o trancar a matrícula para, logo após concluído o segundo ano, acompanhar o Padre Schmidt, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), a uma longa jornada de pesquisa no deserto de Atacama, no Chile. Desde então, se tornou pesquisador, inicialmente; tão logo graduou-se, passou a professor. Fundou o Instituto de Pré-História e Arqueologia e, depois, o Instituto do Trópico Subúmido. Antes, na nossa condição de jovens universitários iniciantes, fundamos, juntos, o Instituto Geográfico de Estudos e Pesquisas (Igep), que o ministro Jarbas Passarinho, da Educação, mandou fechar porque os poderosos da ditadura tinham medo de organizações estudantis, ainda que desprovidas de propósitos políticos. Acompanho a vida desse querido amigo e muito distinto cientista há muitas décadas (em abril de 1968, escapamos dos tiros da PM na Catedral; dias depois, escapamos novamente dos tiros na Praça do Bandeirante, quando o coronel Pitanga mandou descer a “mutamba” na pele da estudantada que gostava da Liberdade e dos direitos civis). Vi-o crescer sempre, tornar-se mestre e depois doutor; tenho a honra do meu nome listado entre as pessoas a quem ele dedicou sua tese de doutorado e o orgulho de ostentar, no meu livro “Poemas de amor e Terra”, belíssimo texto crítico no qual ele sempre me “acusa” de ter trocado a Geografia pela Poesia e a Boemia. Alonguei-me demais, mas ainda não acabei. Uma assessora não nominada na matéria diz que Altair Sales Barbosa é enganador. Se a referência se faz ao cientista, ao professor e ao homem Altair, contesto-a com veemência – mas se foi o caso de ela alimentar sonhos em torno da pessoa de Altair Sales Barbosa, lamento muito; ela pode ter sido vítima, sim, mas de algum autoengano. Infelizmente, o prejuízo recai não somente sobre a instituição Pontifícia Universidade Católica de Goiás, mas sobre a comunidade acadêmica brasileira como um todo! Que alguma grande universidade cuide, muito rapidamente, de absorver o passe – agora livre – do grande mestre do Cerrado Brasileiro! Luiz de Aquino Alves é poeta.TOM COELHO Quando crianças, temos um mundo inteiro para descobrir e explorar. E esse mundo parece não ter fronteiras, tamanha sua vastidão. Olhamos ao redor e tudo o que vemos é a linha do horizonte. Mas há um aspecto muito bem delimitado. Ele corresponde à amizade [o Dia do Amigo foi comemorado em 20 de julho]. Nossos amigos são poucos e estão sempre próximos. Acompanham-nos à escola, curtem o recreio conosco, partilham a merenda. Ao lado deles fazemos as tarefas, estudamos para as provas, praticamos esportes e brincamos. A idade avança e somos contemplados com o rótulo de adultos. Mudam nossos propósitos, responsabilidades e prioridades. E, quase que invariavelmente, também mudamos de casa, de bairro, talvez de município, Estado ou mesmo país. Nosso mundo, agora, fica bem delineado. Passamos a tratar com mais e mais pessoas e, paradoxalmente, cultivamos menos amizades porque nossas relações são todas marcadas com o lacre da superficialidade. Pessoas entram e saem de nossas vidas. Muitos se tornam nossos conhecidos, de um vizinho que mora na casa ao lado ou no apartamento do andar de cima, a profissionais que vemos em reuniões de negócios ou congressos. Sobre estes, pouco ou nada sabemos, nem mesmo o nome. Já alguns viram nossos colegas. Dividem o tempo e o espaço conosco, sobretudo no ambiente de trabalho. Por conta deste vínculo, temos objetivos comuns, metas a serem alcançadas, até valores corporativos alinhados. Sabemos seus nomes, seus cargos, suas atribuições, mas podemos conviver por anos separados por uma única divisória ou porta sem conhecer suas preferências, sua família, sua história de vida. De tanto refletir, descobri algumas coisas que dizem respeito à amizade. Amigos são pessoas que compartilham com alegria nossas vitórias, mas que nos acolhem despretensiosamente nos maus momentos. Nós os descobrimos na adversidade e na infelicidade. São apoiadores por natureza, mesmo quando discordam de nossas posições. Bons ouvintes, concedem-nos atenção e sabem que muitas vezes não queremos opiniões ou comentários, mas apenas sermos ouvidos com paciência. Adeptos da diversidade, pouco lhes importa aspectos como raça, credo ou condição socioeconômica, pois respeitam nossas diferenças antes mesmo de desfrutar as semelhanças. Surpreendem-nos com regularidade e são admiráveis confidentes, compartilhando seus segredos – e os nossos. Não existem bons ou maus amigos, sinceros ou dissimulados. Por definição, um amigo é verdadeiro, honesto, leal e digno de honra e admiração. Lembro-me de Publius Syrius [escritor da Roma antiga]: “A amizade que acaba nunca principiou.” Melhor do que conquistar novos amigos é conservar os velhos. Por isso, visite seus amigos com frequência. Os escandinavos dizem que o mato cresce depressa nos caminhos pouco percorridos. A amizade torna as pessoas mais amenas, gentis, generosas e felizes. Mas, para ter amigos, é preciso antes ser um. E isso envolve atitude. Começar junto e terminar junto. Assim se edifica uma sólida amizade. Tom Coelho é educador, escritor e palestrante em gestão de pessoas e negócios. E-mail: [email protected].
“Adriana Accorsi tem meu voto em qualquer lugar do mundo”
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Divino Alexandre O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDB) em Goiás apresentou na última semana, as inovações do Plano Safra da Agricultura Familiar 2015/2016. O governo federal vai disponibilizar R$ 28,9 bilhões para apoiar a produção da agricultura familiar, acréscimo de 20% em relação ao ano anterior, o que representa o maior valor já destinado a esse público. Acredito que o fortalecimento da agricultura familiar é imprescindível para garantir a segurança alimentar da população e para manter o trabalho no campo. Um fato que sempre nos chama a atenção é que a agricultura familiar, além de ser o carro chefe na produção de alimentos, promove a interação entre gestão e trabalho, contribuindo de forma expressiva para o desenvolvimento econômico-social do nosso País. Ela é a responsável pela produção de 70% dos alimentos produzidos no Brasil, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e representa 90% da base econômica dos municípios brasileiros. Por isso, precisa ser valorizada, incentivada e integrada à grande rede da produção nacional. Sabemos que o Brasil possui uma enorme extensão de terras férteis, recursos hídricos e um clima favorável, propício à produção de grãos em grande escala. Por isso, devemos trabalhar para ampliar metas que beneficiem os assentados da reforma agrária e os agricultores familiares, visando aumentar a produção e colaborando por melhor qualidade de vida aos pequenos agricultores goianos. Podemos avançar muito mais se as instituições que lidam com o desenvolvimento rural integrarem suas ações. É hora de repensarmos um novo modelo de gestão em todos os segmentos públicos. Pois, a continuar como estamos, vamos assistir a falência do setor rural, prejudicando principalmente os pequenos agricultores, cedendo lugar à monocultura. Como exemplo, a cana de açúcar, que, diga-se de passagem, expulsa os pequenos produtores de suas terras, por falta de recursos e condições. O País precisa se desenvolver observando as questões regionais e locais, pois a sustentabilidade econômica, social e ambiental se dará a partir de um novo arranjo produtivo, onde se valoriza os trabalhadores, em especial, homens e mulheres do campo, subsidiando, disponibilizando tecnologias, técnicos e equipamentos. Enfim, temos um longo caminho pela frente para promover o diálogo produtivo, colaborativo e cooperativo entre agronegócio e agricultura familiar, para assegurar a distribuição de renda, garantir a circulação do dinheiro na economia do município, e incentivar e preservar a cultura alimentar regional. Divino Alexandre é prefeito de Panamá de Goiás e presidente da Federação Goiana de Municípios (FGM)
[caption id="attachment_41153" align="alignright" width="620"] História da menina de 5 anos violentada em Anápolis é comparada à do cachorro supostamente vítima de maus-tratos em artigo do presidente do CRMV | Fotos: Reprodução[/caption]
Benedito Dias de Oliveira Filho
As redes sociais trouxeram dois fatos há duas semanas que merecem nossa reflexão: um cachorro magro num pet shop de Goiânia que imediatamente foi considerado vítima de maus-tratos. Sua foto registrou mais de 20 mil compartilhamentos, uma verdadeira força-tarefa em defesa dos animais. Imprensa mobilizada, várias entrevistas concedidas e, por fim, a verdade: o animal estava apenas um pouco debilitado devido ao recente desmame, pois ainda se adaptava ao novo alimento. Não havia sinais de maus-tratos.
Simultaneamente a esse caso, uma criança de apenas 5 anos havia sido estuprada na cidade de Anápolis. Ao analisar as duas notícias, o que chamou minha atenção foi que o assunto “cachorro magro no pet shop” acabou sendo alvo de mais indignação e comoção que o fato de uma menina inocente ter sido estuprada por um criminoso que se aproveitou de um descuido dos responsáveis para raptá-la e violentá-la, um trauma que pode deixar sequelas psicológicas e mesmo físicas para o resto da vida de um ser humano.
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“Cachorro magro no pet shop” acabou sendo alvo de mais indignação e comoção que o fato de uma menina inocente ter sido estuprada[/caption]
Os animais são importantes, inclusive para Deus. Para quem crê no cristianismo, lembramos que o Criador mandou Noé construir a arca para abrigar as diversas espécies antes do dilúvio. Isso se chama cuidado e preservação. Qualquer ser humano com um mínimo de bom senso tem apreço pelos animais. Eles merecem afeto, atenção e muito amor. Essa é minha pregação diária, como médico veterinário e ser humano. Para quem é indignado com a ideia de zoológico, por exemplo, saiba que eles existem porque os animais ali não podem mais voltar à natureza, principalmente porque foram vítimas de maus-tratos. Seres incapacitados para a vida livre, embora mereçam viver, filhotes que perderam os pais e não aprenderam a caçar, outros mutilados por atropelamento e até os que estão em extinção. Todos com direito à vida.
É simples bradar “sou contra zoológico” e sequer procuram saber o motivo pelo qual os espaços existem ou a função social, científica e educativa desses ambientes. Assim como é fácil dizer “o cachorro está maltratado”, porém, não conhecer o real fundamento da acusação, pois o conceito está no artigo 32 da Lei 9.605/98. Os amantes de animais, especialmente, deveriam ter mais conhecimento da legislação do que afinidade com o botão de fotos e vídeos dos modernos aparelhos celulares. Se um bebê for levado ao pediatra e esse profissional constatar que a criança está abaixo do peso, significa que a mãe está maltratando seu filho?
Creio que não. Mas as redes sociais parecem não ter limites. Todos são médicos, médicos veterinários, psicológicos, advogados, jornalistas, sociólogos, professores, enfim, “grandes especialistas”. Vivemos na era do relativismo, inclusive moral, e da idiossincrasia. Cada um relativiza sua própria ideia de ofensa, de violência, mesmo quando essa violência seja indiscutível e passível de cadeia. Sempre existe alguém para justificar a não punição dos crimes mais escabrosos, porque existe um tal relativismo, uma válvula para deixar escapar nosso senso de análise crítica e acreditar em “ondas” impostas pelas redes sociais, publicidade ou outros mecanismos de persuasão. Por outro lado, há os que exigem punição a qualquer custo mesmo sem embasamento da acusação, simplesmente por uma obtusa visão pessoal. E assim inaugura-se um novo código de ética, novas leis e demais normativas, principalmente virtuais. Lembro que a Resolução do CFMV n° 1069 (editada no início do ano, que trata de animais em exposição e comercialização) foi equivocadamente divulgada, gerando grandes transtornos para médicos veterinários e donos de pet shops em todo o Brasil, já que o jornal que publicou o texto errado tem grande circulação nacional.
Crianças são violentadas por pedófilos desprezíveis, idosos ganharam até delegacias especiais devido aos inúmeros casos de maus-tratos, além dos excluídos diariamente que muitas vezes passam por nós como seres invisíveis nas redes sociais e nas ruas. Há aqueles que preferem uma justificativa confortável: “Os animais são melhores que os homens.” Será mesmo que, por trás de tanta mobilização, esforço e gritos de proteção animal, muitas pessoas não estão urrando em favor delas mesmas? Pedindo socorro? Clamando por assistência, menos solidão ou sendo vítimas de modismos na busca desenfreada por uma curtida ou por mais amigos?
Não tenho a resposta nem estou dizendo que protetores de animais sejam desequilibrados ou carentes, mas devemos repensar nosso papel como seres humanos e cidadãos ativos na sociedade. Essa inversão de valores não nos torna mais dignos, justos ou corretos. A vida animal deve ser protegida, mas não podemos fechar os olhos diante da desvalorização das pessoas, muitas efetivamente magras, famintas e maltratadas pela dureza da vida, como é o caso dos moradores de rua e das crianças abandonadas. Por que o estupro de uma criança que deveria ser protegida por um adulto é considerado irrelevante ou menos importante na imprensa? Já ouvi de muitas pessoas: “Como Deus permite isso tudo?” A pergunta que Deus pode nos fazer um dia é “como vocês permitiram isso tudo?”. Será que estamos preparados para responder um questionamento como esse? Para apertar o botão “compartilhar”, tenho certeza que o ser humano está plenamente habilitado e ainda se julga perfeito.
Benedito Dias de Oliveira Filho
é presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMV-GO).
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Luciano Corrêa, judoca, foi um dos medalhistas a bater continência[/caption]
“Medalhistas em continência, imagem importante para nossos jovens”
Porto Pinheiro Excelente, o texto “Continência prestada por brasileiros no Pan-Americano é gesto patriótico, legal e admirável”, de Frederico Vitor (Jornal Opção Online). Fico emocionado quando vejo esses vitoriosos tomarem atitude tão patriótica. É uma imagem importante para os nossos jovens. Bem mais marcante do que ver André Vargas [ex-deputado federal, expulso pelo PT e preso na Operação Lavajato] e José Dirceu [ex-deputado do PT, condenado no mensalão] com o punho esquerdo cerrado. Patriotismo 7, corrupção 1. E-mail: [email protected]
[caption id="attachment_40643" align="alignnone" width="620"] Watusi Santiago: “Meu rosto está bem. Minha raiva vai durar mais” | Foto: Arquivo Pessoal[/caption]
WATUSI VIRGÍNIA SANTIAGO SOARES
Na quarta-feira, 15, atravessando a Rua 3, no Centro de Goiânia, meu ojá (turbante) e minha conta (colar ritualístico característico das religiões de matriz africana) me fizeram alvo da violência praticada pelas “pessoas de bem”. Um objeto lançado ao meu rosto aos gritos de “você vai pro inferno” foi só mais uma demonstração de como a cultura eurocêntrica trata as outras, e sempre foi assim.
O racismo foi coisa inventada pelos brancos, os mesmos que há pouco ostentavam um #somostodasmaju [referência a Maria Júlia Coutinho, repórter da TV Globo que recentemente foi vítima de ofensas raciais nas redes sociais] e que acham que o quebra nos terreiros e a violência para com o povo de orixá não tem nada a ver com isso. E não tente atribuir ao meu povo desunião e atraso, tudo que a Europa foi e é, tudo que a América foi e é deve a nós, deve aos meus ancestrais pretos, tudo! Meu rosto está bem. Minha angústia e raiva vão durar mais do que o ardor da pele!
Watusi Virgínia Santiago Soares é servidora pública.
“Secretária Raquel dá aula sobre educação em entrevista”
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“O ‘jeitinho goiano’ nos enche de orgulho”
DAVIS SAKAI A respeito do texto “Concessionária aponta “cultura cordial do goiano” como motivo de longas filas nos pedágios” (Jornal Opção Online), esse “jeitinho goiano” que a empresa percebeu nos enche de orgulho. Jeito cordial, hospitaleiro, aberto e amistoso. Logo os goianos se acostumam com o sistema e passarão a levar o dinheiro “trocadim, trocadim” e evitaremos tais congestionamentos. Que bom que a empresa assumiu sua responsabilidade em não ter feito um estudo mais detalhado — e mais ainda de ter ligado para a redação esclarecendo uma nota que poderia ser mal interpretada por muitos. Parabéns ao povo goiano e parabéns à Triunfo Concebra. E-mail: [email protected]“Ainda há espaços e sujeitos livres do pânico moral”
JOÃO PAULO SILVEIRA Muito bom o texto “Identidade de gênero é um tema que precisa ser discutido até em sala de aula?” (Jornal Opção 2088), de Marcos Nunes Carreiro! Felizmente, ainda há espaços e sujeitos livres do pânico moral e dos espantalhos (a falácia) que assolam e empobrecem os debates sobre esse tema na educação básica. E-mail: [email protected]“Eixo Rio–SP acho que tudo o mais é inferior”
MANUEL FERREIRA Lendo a nota “Mônica Iozzi puxa a orelha dos fãs “novinhos” do sertanejo” (Jornal Opção 2088, coluna “Imprensa”), acredito que o pessoal do eixo Rio–São Paulo acredite que o Brasil se resume ali, e tudo o mais é inferior. Ok, podem não gostar de sertanejo, mas daí a crer que o gênero é uma classe musical inferior, desconsiderando todo o seu público, é apenas recibo de ignorância e presunção. E-mail: [email protected]“Aécio transpira ódio e frustração por todos os poros”
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“Os tempos de lulopetismo estão no fim”
WELBI MAIA BRITO A situação está cada vez pior para o PT. Dilma Rousseff com apenas 9% de aprovação, Lula perde tanto para Aécio Neves como para Geraldo Alckmin (PSDB), dizem as pesquisas. As investigações do petrolão cada dia mais perto do Palácio do Planalto e do ex-presidente petista. Parece que os tempos de lulopetismo no Brasil estão chegando ao fim. E-mail: [email protected]“A China não deve ser pivô de uma crise maior”
EVERALDO LEITE Muito boa a matéria do jornalista Cezar Santos “A China pode arrastar o mundo para o buraco?”, para o Jornal Opção (edição 2088). Eu penso que a China pode diminuir a sua dinâmica de crescimento, mas não deve ser o pivô de uma crise maior. Ainda é um país com promessas econômicas muito alvissareiras, e com oportunidades gigantescas face ao seu imenso e crescente mercado consumidor. Os fatores de produção são baratos para quem produz lá e o seu alcance de mercado é global. Os parceiros comerciais estão hoje fortemente vinculados ao seu desempenho e farão todos os esforços para manter intacta esta relação. A política da China não tem sido um problema efetivo, mesmo sendo “socialista” e apesar da corrupção. Os Estados Unidos, na verdade, ainda são a verdadeira ameaça, em termos de crise, já que para se salvar da crise de 2008 promoveram um expansionismo nunca visto na história capitalista. A conta virá em forma de aumento de juros, baixo crescimento e, talvez, nova recessão mundial. Everaldo Leite é economista. E-mail: [email protected]
[caption id="attachment_40203" align="alignright" width="620"] Escritor critica individualismo do craque Neymar | Divulgação[/caption]
TOM COELHO
Quem é Neymar Jr.? Para o mundo do futebol, é o maior jogador brasileiro da atualidade, com uma habilidade ímpar, capaz de fazer a diferença entre a vitória e a derrota, inclusive para a seleção canarinho. Para a mídia, é um personagem tido como de elevado carisma, com 52 milhões de seguidores no Facebook e 19 milhões no Twitter, garantindo repercussão às marcas que o patrocinam.
De fato, ele pode ser tudo isso, mas definitivamente não é um herói tal como postulado por aqueles que buscam em alguém com exposição pública uma referência, uma pessoa notável capaz de influenciar e criar conceitos, tornando-se um autêntico paradigma.
No universo dos esportes, é fácil exemplificar este ideal a partir de Ayrton Senna. Mais de 20 anos se passaram e não conseguimos eleger um representante à altura. Um herói, por definição, carrega consigo valores dignos de admiração, como integridade, generosidade e altruísmo. Neymar é um individualista por natureza, com comportamentos tomados pela vaidade e o benefício próprio – basta observar suas mensagens nas redes sociais, regadas por selfies e campanhas publicitárias.
E a ética não é um de seus fundamentos. Não me refiro apenas a sua contestada transferência para o Barcelona, mas a sua postura em campo. Apenas para exemplificar, recentemente, na final da Champions League, teve um gol anulado pelo fato de a bola ter batido em sua mão. Durante a argumentação com o juiz, tentou convencê-lo de que a bola havia tocado em seu ombro. É compreensível: seu desejo de vencer o leva a acreditar que os fins justificam os meios. Compreensível, mas não justificável.
Essa escassez de heróis, evidentemente, expande-se para outros cenários. Seja no mundo corporativo — onde faltam líderes autênticos —, passando pela vida pessoal — na qual os pais, os mais legítimos ícones para os próprios filhos, mostram-se cada vez mais ausentes da educação dos mesmos. Falta convivência para instruir, faltam exemplos para compartilhar.
No cenário político, os heróis seriam os chamados estadistas, pessoas capazes de exercer a liderança acima de interesses pessoais e partidários. Entretanto, o que temos hoje são apenas políticos preocupados exclusivamente com o próximo pleito, seja para a reeleição, quando possível, ou para fazer seu sucessor. O estadista pensa na próxima geração; o político, na próxima eleição. O estadista edifica o futuro; o político, sua perpetuação no poder.
Precisamos de heróis. Não trajando fardas, capas e máscaras, mas sim vestindo o manto do inconformismo, com um interesse genuíno em provocar mudanças capazes de transformar positivamente o meio e deixar um legado. Como diz o historiador e escritor Ricardo Bonalume Neto, “a escolha dos heróis diz muito sobre a sociedade que os escolhe”. Quem se habilita?
Tom Coelho é educador, escritor e palestrante em gestão de pessoas e negócios.
E-mail: [email protected].
“É preciso analisar o fenômeno do sertanejo universitário”
SOLANGE FRANCO Parabéns pelo texto “A comoção na morte de Cristiano Araújo: uma análise do infeliz texto de Zeca Camargo” (coluna “Imprensa”, Jornal Opção 2087), pela coerência na argumentação e por rechaçar os muitos equívocos do jornalista da Globonews, que chegaram a ludibriar muita gente lúcida. Apesar de ter mencionado a bolha cultural, senti falta de uma abordagem sobre valores e cultura, já que Zeca faz duas referências em seu texto: “pobreza da atual alma cultural brasileira” e “verdadeiro valor desses produtos”. Ainda que não goste desse tipo de música — e que me espante com o avanço do gênero de Norte a Sul no País —, creio ser preciso analisar o fato ou fenômeno (como querem muitos) do sertanejo universitário, até para poder compreender este momento histórico. Quem sabe em outro texto, possa ser analisada essa questão sob a luz dos conceitos de cultura. Solange Franco é jornalista.“A verdadeira cultura goiana nunca me envergonhará”
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“Tirar Waldir Soares da disputa é entregar a Prefeitura a Iris Rezende”
DIEMERSON ALMEIDA Deixar o delegado e deputado Waldir Soares (PSDB) fora da disputa da sucessão municipal é o mesmo que entregar a Prefeitura de Goiânia de bandeja a Iris Rezende (PMDB). E o PSDB sabe muito bem disso. A base eleitoral de Iris é principalmente nos bairros mais pobres, onde o delegado é muito forte. Se Waldir estiver na disputa, as chances da oposição serão muito maiores. Mesmo se ele não vencer, tirando a força do Iris nos bairros mais humildes, Vanderlan Cardoso (PSB) leva. Daí é só juntar A + B: fazer aliança com o Vanderlan e fortalecer ainda mais a base para 2018. E-mail: [email protected]
Daniela Neves
Sobre o artigo “Eu não conhecia nem quero conhecer (a música do) cantor Cristiano Araújo” (Jornal Opção Online), o autor Edmar Oliveira afirma que sentiu a morte de Chico Anysio e Millôr Fernandes por conhecê-los. Da mesma forma, sinto a morte de Cristiano Araújo (foto), que não era ídolo de uma música só e eu senti, e muito, sua morte. A grande questão é que ele ainda não tinha entrado na panelinha dos pseudointelectuais do eixo Rio-São Paulo.
Goiânia é uma cidade rica em cultura e não é só sertanejo, não. O preconceito sobre minha cidade e a música sertaneja é notório. As pessoas que não se agradam do gênero fazem de tudo para desmerecê-lo, simplesmente por se acharem mais cultos que os sertanejos. A palavra “cultura” é relativa, uma vez que os índios têm a sua, mas nenhum conhecimento intelectual e nem por isso deixam de ser cultos, porém de sua maneira — e nem eu nem ninguém tem o direito de achar que um silvícola não tem cultura. Quem tem esse pensamento está sendo ignorante.
Nossa revolta com Zeca Camargo não foi pelo fato de ele não conhecer o cantor, mas, sim, desmerecer seu trabalho que ele sequer tem conhecimento. A falta de respeito com sua memória e com sua família foi desnecessária. No alto de seu ostracismo televisivo, tentou se reerguer à custa de um ídolo de verdade, que arrastava multidões e que vai deixar muita, mas muita saudade. Na tentativa tresloucada de se manter em foco, fez um dos comentários mais medíocres e desnecessários de sua vida. A pessoa para ser famosa tem de fazer parte do grupinho dele? E no dia em que Zeca morrer, quem vai a seu velório? E se me acharem “sem cultura”, já li Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer, Émile Durkheim, Karl Marx, Max Weber. Sou graduada e pós-graduada, porém caipira, com muito orgulho. Sou goianiense, logo sou sem cultura? Vamos parar com esse preconceito! E viva a música, seja ela de qual gênero for!
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