Resultados do marcador: O deputado não mudou

O jornalismo brasileiro quase sempre foi a favor. Carlos Lacerda, com sua “Tribuna da Imprensa”, é uma das exceções, sob Getúlio Vargas e João Goulart.
Às vezes fica-se com a impressão de que o jornalismo é o bobo da corte da era moderna e republicana.
A revista “Veja”, possivelmente garantida por seus anunciantes privados — claro que sem descuidar de anúncios públicos, pois ninguém é de ferro —, faz um jornalismo agressivo, duramente crítico, de matiz liberal (tanto que escreve “estado” com inicial minúscula), o que incomoda muitos leitores, sobretudo aqueles que pertencem à esquerda petista ou ao menos têm simpatia pelo petismo.
Ouço até intelectuais respeitáveis dizendo que a revista é “nojenta” — o que não é. Tão-somente pensa diferente deles. Quando o adversário intelectual expressa suas ideias e divergências com tamanha clareza, longe de ser ruim, é muito positivo. Clareza quase sempre reflete honestidade intelectual e retidão pessoal. “Veja” é honesta — até quando excede.
Mas a capa e a reportagem incensando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que, de vilão, se tornou herói para a revista, ficará na história como um mau passo da “Veja”.
Para criticar o governo da presidente Dilma Rousseff — e o que chamam de Lulopetismo, espécie de peronismo patropi —, a publicação “aderiu” ao peemedebista, que, de repente, se tornou um defensor emérito da democracia e das instituições.
Eduardo Cunha é um deputado do segundo time. Está sobressaindo, não por ter qualidades revigorantes e louváveis, e sim porque a “atual” legislatura é uma das piores da história.
É provável que, no tempo de Bilac Pinto, Carlos Lacerda, Milton Campos, Aliomar Baleeiro, Petrônio Portella, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, o agora elogiado Eduardo Cunha não serviria para carregar a pasta executiva de nenhum deles.
Mas triste mesmo é ver a “Veja” se comportar como office-boy de luxo de Eduardo Cunha. É a vitória da mediocracia.