Resultados do marcador: Mulheres

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Efeito de Álcool
Guarda Civil de Goiânia é preso em Caldas Novas suspeito de importunar mulheres em condomínio; GCM acionou Corregedoria

Ao chegarem ao local, os policiais militares constataram que o homem estava sob efeito de álcool e portava uma arma de fogo

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Pioneirismo
Donas do céu: conheça as mulheres pioneiras da aviação brasileira

Corajosas e determinadas, elas abriram o caminho que efetivou a presença das mulheres na aviação nacional, mas, para isso, tiveram que romper barreiras sociais erguidas a partir do extremo preconceito e da restrição de gênero

feminino
Vibradores e brinquedos sexuais são aliados das mulheres na busca do prazer após séculos de tabus

Vendas de produtos para prazer feminino aumentam, revelando mudança de paradigmas na sexualidade mulher

região metropolitana
Preso suspeito de roubar joias de mulheres em shoppings de Goiânia; vídeo

O homem teria abordado mulheres dentro dos centros comerciais e roubado joias e outros pertences pessoais

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Crime
Homem é preso em Goiânia após tentar matar a companheira queimada; mulher está em estado grave na UTI

Agressor confessou crime, alegando que jogou álcool e ateou fogo para "assustar" a vítima

Foto: Montagem
Confira dicas de panetones para deliciar ou presentear neste Natal

Iguarias tem origem milanesa e tem ganhado novos sabores, alguns até mesmo regionalizados

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Agressão à mulher
Violência psicológica atinge 88% das mulheres; Goiás ocupa o 9º lugar no país

Estado é um dos que mais registraram crescimento nos casos de perseguição (stalking) contra mulheres

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EXPECTATIVA DE VIDA
Homens vivem menos: entenda por que a expectativa de vida deles é de até seis anos menor que a das mulheres 

Fatores culturais e sociais ainda implicam em um envelhecimento saudável do homem, que ainda é a maior vítima da mortalidade quando se fala em fatores externos, como homicídios, suicídios e acidentes

Foto: Divulgação
TECNOLOGIA
Evento pioneiro no Brasil reúne produções independentes de mulheres em jogos

“Pretendemos contribuir não só com a valorização das criadoras, mas também com o estímulo à criação de jogos em Goiás”

Janira Sodré - Marcha das Mulheres Negras
MOBILIZAÇÃO
Marcha Nacional das Mulheres Negras: o retorno a Brasília 10 anos depois

Um milhão de mulheres negras são esperadas nesta terça-feira, 25, na Esplanada dos Ministérios em Brasília. A luta delas são por reparação histórica e por políticas públicas que garantem uma vida digna e com bem-estar

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Diabetes
Mulheres que convivem com diabetes: histórias de luta, adaptação e resistência

Especialista aponta que a perda de peso é a principal forma de vencer a resistência insulínica, seja por dieta, cirurgia bariátrica ou medicamentos

Faltou Dizer
O retrocesso do aborto no Brasil é o retrato de um país que odeia suas mulheres

Brasil registra recorde de estupros e intensifica barreiras ao aborto legal

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Mulheres
Saiba quais são as 10 modelos mais famosas (e bonitas) de Goiás

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REFLEXÃO
Série Violência Contra as Mulheres — Conto de Daniana Freitas (10)

O canto da mulher sem nome

Daniana Freitas

Todos os dias, eu subia a ladeira úmida da vila, para vender os quitutes que vó fazia e eu levava no surrão. O ano, 1966, 1976, ou 1986, não importa. O que me lembro, tão nítido quanto o dia claro de hoje, o som dos pássaros que acabei de ouvir ou o frescor do vento que senti agora, era dela. A mulher sem nome, que bailava na janela daquele apartamento, no alto do único prédio que existia nas redondezas.

Ali viviam os grã-finos, os bacanas, eu sempre quis entrar lá. Por isso, dava um jeito de passar perto, para olhar, apreciar, sonhar viver em um lugar tão bonito. Aquele edifício era uma antiga novidade, bem distante do barraco quente em que vivia, onde a vida continuava às custas de maços de vela e querosene queimando em latas de óleo.

E ela sempre aparecia na enorme janela, saltando como uma bailarina nas pontas, pulando de um lado a outro – eu via tudo, de longe. Parecia uma fada, colombina, Ceci, era nuvem de calor nos meus amargos secos dias. Ela deveria, de fato, ter uma vida calma, orgulhosa, completa. Podia dançar livremente, tocar o céu com sua leveza, se esticar na janela e abanar os braços como quem se rodopia num palco aberto, o palco do mundo.

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Sim, era um palco. Eu, menino calado, fedendo a chulé e dente podre, não sabia para quantos mais ela se apresentava. No fundo, eu imaginava que fosse somente para mim, e era reconfortante pensar que aquela mulher me via também, parado, observando sua facilidade, felicidade, sua exibição diária de leveza e ternura, seus gestos e movimentos cadenciados que brilhavam sobre mim como estrelas de Davi...

Fingindo desinteresse, eu continuava meu caminho, depois que ela se cansava de dançar e fechava as janelas. Na verdade, quem fechava era um homem - talvez seu namorado, que, enciumado pela ‘plateia’ que apreciava e desejava sua vida e sua amada, encerrava o espetáculo bruscamente. Eu o vaiava em silêncio, fazia de conta que ia tacar pedra, dava pirueta invisível; desconfio que era para amenizar a frustração de ter que esperar até amanhã, para vê-la novamente. Todos os dias, eu devia esperar até amanhã.

Um dia, ela começou a cantar. Me rendi à emoção de ouvir o som de sua voz, pela primeira vez, e me ensurdeci para o resto. O barulho que saía de si preenchia toda a minha cabeça, e eu apenas contemplava, extasiado com o abalo de seus braços, de seus pulos, que agora também eram incitados pelo melodioso canto da sereia. O palco lá em cima, e eu cá embaixo – à época, não descreveria esse momento como nada menos que singular. Era uma percepção de unidade, plenitude, retidão. Uma ópera. Arte total. Theatro Mvnicipal (li assim uma vez).

Pintura de Claude Cahun

Sonhei com ela por muitas noites. Uma coisa tinha certeza: eu iria me casar com aquele anjo. Trabalharia em dois ou três turnos, vendendo doce, engraxando sapato, entregando jornal, o que pintasse. Daria a ela uma vida de rainha, em um castelo maior que aquele prédio, bem maior, muito maior! Eu precisava bolar um plano: talvez em cinco, ou dez anos, já poderíamos ser felizes juntos. Enfim, bastasse que eu crescesse, trabalhasse muito, e tratasse essas minudências com minha querida, quando fosse certa a oportunidade.

E amanhã eu trouxe a flor. Era perfeita; roubei de um jardim bonito, no caminho para o prédio. Na banca do seu Zé Mathias, vi à frente da magazine, um homem ajoelhado entregando uma rosa para uma donzela, e ela sorria maravilhada. Então, era essa a sensação de amar alguém!  Uma flor representava o respeito, a dedicação, o fascínio em conviver com a minha sereia de doce canto. Eu não tinha experiências sobre o deslindado amor, mas compreendi sozinho - através daquela capa de revista - que devíamos florescer, perfumar e observar a quem desejávamos o bem.

Apanhei a mais bonita, sem nenhuma pétala enrugada ou folha enferrujada, jamais. Enferrujados já bastavam meus dentes, que um dia eu consertaria para beijá-la, claro. Também esfreguei os pés na bacia; a vó fez sabão de bola e o cheiro era ruim, mas o pé era pior. Escovei a brilhantina no cabelo, a calça pega-marreco por crescimento do dono, limpei as unhas com a ponta da faca. Finalmente estava pronto, com a flor na mão, para entregar à mulher dos meus sonhos, aquela que bailava em um palco perto do céu. Preparei também uns docinhos, ela ia gostar de adoçar a vida com o meu carinho.

Corri chorando, e me joguei no córrego poluído da vila. Quis me afogar naquele pântano asqueroso, aspirar a lama e me deixar levar para o fundo. Alguém me puxou pelo braço e os cabelos, para que eu não morresse, onde esse menino estava com a cabeça?!

Não falei por uma semana, com ninguém. Até hoje, não souberam o que me deu aquele dia, em que voltei desesperado da rua. A vó deu um salto de susto, quando larguei o bornal com doces pelo chão, o espinho da rosa espetado na mão sangrante, coração saltando no peito e me joguei no córrego. Gritei, gente em cima de mim, tentando me acalmar; minha boca se abria numa dor dolorida, de assombro, de medo, dor de menino homem que não sabe o que fazer. Tudo em mim sacudia, arranhei o rosto com as mãos e espinhos de sangue, para apagar dos olhos a imagem da mulher dos meus sonhos, caída no chão à beira do prédio - tristeza saindo de sua boca, nariz, ouvido, um rosto que já não era rosto. Estranhos confabulando, lastimando, sequer sabiam o seu nome. Ela pulou, disseram. Tão nova.

E hoje, muito tempo se passou. Sei que ela sucumbiu ao medo e ao desgosto de sobreviver naquele maldito prédio, sob a mão covarde que lhe apagava a face no vexame da própria vida; sob a mão covarde que lhe cominava castigo sem sequer um dolo versado. Sua dança não era encanto. Seu canto... não era ópera. Pela janela rogou ajuda, inúmeras e diversas e centenas de vezes, todos os dias. O único que a viu fora um garoto de faltos anos, que a amava sem dizer. E ela nunca soube.

Sua última dança aconteceu no ar, quando se lançou pela janela; uma lágrima escorrida de seu olho esquerdo restou-lhe como única companhia, no fatídico ato. Encerrou assim o espetáculo estúpido que fora sua vida infeliz, onde a beleza dos dias lhe foi tirada, em sua existência ingrata, rainha sem coroa, nem tudo, nem nada.

Comprei o apartamento, nele convivo com a solidão e uma flor, que todos os dias eu trago para ela.

Que ela tivesse paz, naquela época. Descobri seu nome, era Maria.

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Esclarecimento
Delegado descarta tentativa de sequestro em abordagem a crianças no Parque Vaca Brava; assista

Segundo o delegado, a situação está sob controle e não há risco para a população