Resultados do marcador: lança

Encontramos 2 resultados
Palestra deu início ao Mês da Advogado em Goiás | Foto: divulgação/OAB-GO
Ferramenta
OAB-GO lança primeira IA jurídica gratuita para advogados do país

Em um movimento inédito no Brasil, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) lançou primeira ferramenta de inteligência artificial gratuita voltada exclusivamente para a advocacia. Desenvolvida em parceria com a legaltech Forlex, a plataforma batizada de LIVIA promete transformar a rotina dos profissionais do Direito com soluções tecnológicas especializadas.

O lançamento ocorreu durante a sessão do Conselho Pleno da Seccional, em Goiânia, e marca um passo significativo na digitalização da prática jurídica. A LIVIA foi treinada exclusivamente com fontes jurídicas, como legislação, jurisprudência e doutrina, e oferece funcionalidades como assistente jurídico integrado a 81 tribunais, editor de documentos, cofre digital, gestão de clientes, atendimento automatizado via WhatsApp e fluxos padronizados para petições e audiências.

O presidente da OAB-GO, Rafael Lara Martins, destacou que a iniciativa representa mais do que um avanço tecnológico: trata-se de uma mudança de cultura na forma de exercer a advocacia. “Somos a primeira seccional do país a oferecer uma IA jurídica gratuita. Isso reflete uma visão estratégica e moderna, conectada às demandas atuais da profissão”, afirmou.

Vinícius Espíndula, co-CEO e CTO da Forlex, reforçou que a ferramenta foi desenvolvida para atender às necessidades específicas da advocacia brasileira. “Ao contrário de modelos genéricos, a LIVIA foi treinada com base em fontes jurídicas confiáveis, o que garante precisão e segurança nas respostas”, explicou.

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Brasil possui cerca de 79 milhões de processos em tramitação. Embora o uso de IA já esteja presente no Judiciário, o desafio tem sido garantir confiabilidade e segurança. A LIVIA surge como resposta a essa demanda, com reconhecimento oficial da OAB.

A plataforma está disponível no site da Forlex (www.forlex.ai), com acesso gratuito ao plano Starter para advogados goianos mediante o uso do cupom OABGOFREE. Planos avançados contam com desconto de 30% via o código OABGO30. A expectativa é que a ferramenta seja adotada por outras seccionais da OAB em breve.

A Forlex, reconhecida como a IA oficial da advocacia brasileira, conta com apoio da AWS e investimentos liderados pela Vinci Ventures. A startup tem acelerado sua expansão com infraestrutura de ponta e foco em compliance regulatório.

Durante o evento, a OAB-GO também lançou o guia “OAB-GO Next: uma revolução tecnológica e cultural na advocacia”, elaborado pelo Grupo de Trabalho de Tecnologia e Inovação da Seccional, reforçando seu compromisso com a modernização da profissão.

Leia também:

José Eliton vai integrar “frente progressista” e pode concorrer em Goiás pelo PT, diz Adriana Accorsi

Deputado Coronel Adailton gasta mais de R$ 330 mil em viagens internacionais pagas com dinheiro público

Sem confirmação, Goiás tem 9 casos notificados de intoxicação por metanol

Formação Nacional
A brasilidade em seis ensaios: professor da UFG lança obra sobre o caráter inusitado do Brasil

O pós-doutor em educação e cultura, e professor da faculdade de educação da UFG, Wilson Paiva, lança, no dia 22 de agosto seu novo livro que reúne seis ensaios que exploram os traços culturais, políticos e educacionais que moldam a brasilidade. O autor propõe uma reflexão sobre como o Brasil e o povo brasileiro foram constituídos de maneira aleatória e contrária às expectativas da Coroa, do Império, da República e de seus intelectuais. A obra busca compreender esse “modo inusitado” de formação nacional, revelando como muitos estadistas e pensadores não conseguiram captar a essência do país.

Escritos ao longo de 15 anos, os ensaios foram inicialmente apresentados em ambientes acadêmicos, como o encontro da Lusophone Studies Association no Canadá. No entanto, ao serem reunidos para publicação, ganharam uma linguagem mais acessível, por vezes poética e irreverente, como destacou a professora Susannah Ferreira, da University of Guelph. Essa escolha estilística torna o livro atraente para qualquer leitor interessado nos dilemas brasileiros, sem perder o rigor intelectual.

Segundo o autor, compreender o Brasil exige romper com os enquadros temáticos “perfeitos” e adotar uma abordagem fenomenológica, inspirada na suspensão eidética de Husserl. O professor aponta que apenas uma leitura integrada entre história, sociologia, antropologia, filosofia e pedagogia pode dar conta das idiossincrasias brasileiras. Ele apresenta o conceito de “ramalhada” como o mais próximo da realidade nacional, em diálogo com pensadores como Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro.

Ao longo dos ensaios, o leitor encontrará uma releitura crítica e estética da formação do Brasil, marcada por trechos poéticos, historiográficos e até debochados. A obra não se propõe como uma tese acadêmica, mas como uma tese ensaística que busca entender a brasilidade em sua complexidade. Como resume o autor: “O Brasil e o povo brasileiro desenvolveram uma cultura inusitada, diferente, ‘ramalhada’ e totalmente nova, pela qual se vislumbram riquezas, mas também problemas os quais advêm de uma política e de uma intelectualidade desprezíveis.”

Em entrevista ao Jornal Opção, em formato ping-pong, o docente respondeu perguntas sobre os ensaios:

Raunner — A sua nova obra são ensaios sobre cultura, política e educação: na sua visão qual seria o “espírito” da obra?

O “espírito” presente nos seis ensaios é o caráter da brasilidade e como ela foi constituída. O que chamo de “modo inusitado” é a constituição da terra brasilis e do homo brasilianus de forma totalmente aleatória e às avessas do que se esperava ou do que projetara a Coroa, depois o Império, a República e seus intelectuais. Por isso o título da palestra que será proferida no lançamento leva esse título: “O caráter inusitado da brasilidade”. Ao analisar os traços culturais que nos constituem, assim como nossos estadistas e nossos intelectuais, tento discutir o fato de que muitos deles não entenderam essa brasilidade e muito menos seu caráter inusitado.

Raunner — Você diria que escreveu para um tipo específico de leitor?

Os seis ensaios foram escritos ao longo de 15 anos, alguns foram publicados, como o primeiro, que versa sobre a Saudade, foi apresentado em língua inglesa no encontro sobre Lusofonia, organizado pela Lusophone Studies Association, no Canadá, em 2017. O público era, certamente composto de pesquisadores, professores e estudantes. Outros, também publicados em revistas acadêmicas, em formato menor, tiveram também esse público. Porém, ao reescrevê-los, optei por uma linguagem menos formal, menos acadêmica, às vezes poética e às vezes, como disse a Profa. Susannah Ferreira, da University of Guelf (Canadá), “irreverentes”. Nisso o livro se torna acessível a qualquer leitor, principalmente a quem estiver interessado nos problemas brasileiros.

Raunner — Você diria que compreender o Brasil é fugir constantemente de enquadros temáticos “perfeitos”?

Sim, com certeza. Para compreender o Brasil é preciso fazer a verdadeira suspensão eidética, mais ou menos no sentido que Husserl desenvolveu, e adotar uma mirada fenomenológica em busca não da essência, mas da condição da brasilidade. Os quadros “perfeitos”, criados pela Coroa, pelo Império, pelos positivistas e outros intelectuais e estadistas nunca funcionaram na realidade e nem nas formas de leitura dessa realidade. Portanto, quadros conceituais “perfeitos” não dão conta de nossas idiossincrasias, as quais só se explicam com o conjunto desses integrado desses campos do conhecimento. No livro, eu levanto a tese de que o quadro temático que mais se aproxima é o do ramalhagem, cujo conceito está no Segundo Ensaio.

Raunner — O que leitor encontrará em sua obra?

O leitor, qualquer que seja, vai encontrar muita informação histórica, sociológica, antropológica, filosófica e até pedagógica – pois intento fazer um diálogo com a educação ao longo dos ensaios. Além disso, vai encontrar uma releitura do Brasil, de sua constituição, de sua cultura, pela perspectiva que chamo de “ramalhada”, a qual aproxima da visão culturalista de Gilberto Freyre e de Darcy Ribeiro. Por fim, vai encontrar um conjunto de seis textos que se conectam e se desenvolvem por meio de trechos bem poéticos, outros historiográficos, muitos trechos críticos (às vezes até debochados) para que, na liberdade da escrita ensaística, eu conseguisse unir o rigor acadêmico e a leveza literária.

Raunner — Se pudesse resumir a ideia geral em uma frase, qual seria?

O Brasil e o povo brasileiro desenvolveram uma cultura inusitada, diferente, “ramalhada” e totalmente nova, pela qual se vislumbram riquezas, mas também problemas os quais advêm de uma política e de uma intelectualidade desprezíveis.

Raunner — Qual é a proposta central dos ensaios que você escreveu sobre a identidade brasileira?”

Dentre os colegas que fizeram a leitura dos manuscritos, e teceram seus comentários, fiz questão de publicar na contracapa a observação da Profa. Susannah Ferreira, que é uma canadense de origem portuguesa, porque ela conseguiu captar minha tentativa de fazer um “deep dive” na história, na cultura e na identidade do Brasil. E o argumento que tento elaborar, como bem comentando por ela, é exatamente o de que “é preciso entender a história e a identidade brasileiras para forjar o futuro do Brasil”.

Mas entender pela via da suspensão eidética, que comentei antes, sem a qual o fenômeno da brasilidade, sobretudo no seu caráter inusitado, se nos escapa e acabamos presas de ideologias interpretativas que captam apenas parte desse fenômeno, quando o fazem. Não é uma tese acadêmica, mas uma tese estética, especificamente ensaística, que levanto e busco argumentar através desses seis ensaios. Espero que a leitura seja agradável e proveitosa.

Descrição pessoal

Pós-doutor em educação e cultura, pela University of Calgary (Canadá); Pós-doutor em filsofia estética e educação pela Sorbonne Université (França). Doutor em Filosofia da Educação, pela USP; e Mestre em Filosofia Ética e Política, pela UFG. Professor da Faculdade de Educação da UFG; Professor do PPGE. É especialista em Rousseau, com foco na obra Emílio ou da Educação;. É membro da Rousseau Association, nos EUA, da LSA - Lusophone Studies Association, do Canadá, e outras associações e grupos de pesquisa no Brasil e no exterior. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: Teorias educacionais, cultura e educação, educação brasileira, jesuítas, colonização, filosofia política, democracia, Rousseau, filosofia da educação, estética, epistemologia, colonização, políticas públicas, política e escola, projeto pedagógico e gestão educacional. Foi professor visitante na Universidad Autónoma de Madrid (Espanha), na University of Calgary (Canada) e na Sorbonne Université (França).