Resultados do marcador: Expectativa de poder é tudo

[caption id="attachment_73106" align="aligncenter" width="620"] Vanderlan Cardoso, do PSB, e Iris Rezende, do PMDB: o segundo teme que a expectativa de poder, se o primeiro superar Waldir Soares, produza a mesma ideia de mudança que ocorreu em 1998[/caption]
O candidato do PMDB a prefeito de Goiânia, Iris Rezende, é um político que mistura intuição, messianismo e pragmatismo. Porém, ao menos nesta eleição, cercou-se de aliados capazes de avaliar o quadro eleitoral a partir de pesquisas qualitativas e quantitativas, com monitoramento dos movimentos do eleitorado. Com o detalhamento do comportamento dos eleitores, em seus respectivos bairros, tornou-se possível entender onde, por exemplo, o deputado Waldir Delegado Soares estava mais forte. Deste modo, o irismo pôde definir táticas para o peemedebista, como comparecer nestes setores e estabelecer um diálogo direto com seus eleitores. O avanço sobre o eleitorado “do” Delegado Waldir deu resultados imediatos: o postulante do PMDB cresceu e o candidato do PR caiu nas pesquisas de intenção de voto. O objetivo da articulação, ao “tomar” parte do eleitorado do republicano, era descolar Iris Rezende do segundo colocado e criar expectativa de vitória já no primeiro turno.
A ação do irismo gerou, porém, uma contradição: a queda do Delegado Waldir “puxou” o candidato do PSB, Vanderlan Cardoso, para cima — gerando um empate técnico entre os dois. No momento, examinando as pesquisas, o irismo avalia que talvez seja necessário reduzir a pressão sobre o eleitorado “do” republicano. O motivo é: o grupo que apoia Iris Rezende não quer que seja superado pelo líder socialista. Tese do irismo: o Delegado Waldir, na hipótese de segundo turno, não é visto como “grande ameaça” às pretensões do candidato peemedebista.
Entretanto, se superar Waldir Soares e descolar ao menos 5%, acima da margem de erro, Vanderlan Cardoso passa a ser uma ameaça para Iris Rezende. Por duas razões. Primeiro, por ser visto como um político mais consistente e agregador de correntes díspares, tende a levar o embate eleitoral para o segundo turno — quando, como se sabe, zera-se o jogo.
Segundo, se superar o postulante do PR, denotando ascensão e força eleitoral, Vanderlan Cardoso cria uma nova expectativa de poder. E, ao contrário de Waldir Soares, o candidato do PSB tem a imagem de gestor eficiente e, ao mesmo tempo, de ser mais técnico. Por não ter experiência administrativa, o delegado não joga no mesmo campo de Iris Rezende. Vanderlan Cardoso, por ser empresário e por ter sido prefeito de Senador Canedo, joga no campo do próprio Iris Rezende — o dos gestores.
Na disputa de 1998, quando Marconi Perillo, do PSDB, derrotou Iris Rezende e se elegeu governador pela primeira vez, o novo surgiu e se fortaleceu aos poucos. Quando consolidou-se, não houve mais como segurá-lo. Na eleição para prefeito de Goiânia, em 2016, o novo — aquele que o eleitor avalia como consistente — ainda não se firmou. Cabe a Vanderlan Cardoso — ou a outro candidato, como Delegado Waldir, Francisco Júnior (PSD) ou Adriana Accorsi (PT) — se apresentar, expor seu ideário e ser aceito como o “novo”.