Quem morreu, Edson Arantes do Nascimento ou Pelé?

03 janeiro 2023 às 13h41

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Edson Arantes do Nascimento foi o nome de batismo; para os familiares, simplesmente “Dico”, e para os amigos próximos, Edson. Mas, de onde vem o nome pelo qual o mundo o conhece e reverencia o maior craque de futebol de todos os tempos?
Conta a história que o garoto de Três Lagoas, Minas Gerais, desde muito criança amava o futebol e tinha como maior influenciador o seu próprio pai, jogador profissional na época. Quando criança, Dico não gostava muito de jogar na linha. Atuava como goleiro e tinha como inspiração o goleiro José Lino, arqueiro do time em que seu pai jogava.
Lino era conhecido por “Bilé”, mas o pequeno Edson não conseguia pronunciar corretamente o apelido do goleiro e só conseguia dizer algo semelhante a “Segura Pilééééé”, no momento das suas próprias defesas. Por esse motivo, seus amigos começaram a lhe chamar de Pelé. Ele, no entanto, não gostava do novo codinome e ficava bravo. Foi assim que o apelido pegou e aqueles garotos por nenhum momento imaginaram que estariam dando não apenas um apelido, mas um nome que jamais morreria. Um nome que seria eterno. O nome de um deus do futebol.
Pelé teve como principal professor João Ramos do Nascimento, conhecido como Dondinho, seu pai. Seu Dondinho ensinou ao filho os princípios que o tornam um jogador completo, como cabeceio, chutes com as duas pernas e dribles. Ah, graças a Deus o garoto Edson logo pegou gosto por jogar com os pés e não quis mais jogar com as mãos, começando a se destacar como melhor peladeiro das ruas da pacata cidade de Bauru (SP), onde morava.
Por conta das boas atuações nos jogos de ruas, o menino foi ganhando notoriedade e passou por alguns clubes amadores da cidade. Aos 11 anos, o jogador Waldemar de Brito levou Pelé para jogar em seu clube que estava em formação: o Atlético de Bauru. Bastaram algumas atuações para que Waldemar percebesse que o seu time era muito pequeno para tanto talento, e foi então que o treinador decidiu levá-lo para um time maior, o Santos Futebol Clube.
A partir daí começou a trajetória de um pequeno príncipe que chegou para em breve se tornar um Rei, aliás, o único. A Vila Belmiro foi o palácio que Deus reservou para que Pelé desse início ao seu reinado no mundo do futebol. Em 1956 ele foi apresentado ao novo clube e Waldemar, como um profeta, disse aos dirigentes do time santista “esse menino vai ser o melhor jogador de futebol do mundo”.
Após um mês da sua apresentação, Pelé fez sua primeira partida no time profissional de onde nunca mais saiu. Com apenas 16 anos de idade e titular do Santos, ele começou a ficar conhecido nacionalmente. Jogou praticamente toda a sua carreira pelo mesmo clube. Foram 18 anos em que ganhou quase todos os títulos disputados.
Na época, o Santos de Pelé era o segundo time mais temido do mundo, ficando atrás somente do poderoso Real Madrid, do argentino naturalizado espanhol, Di Stéfano. Ele, inclusive, era considerado pelo próprio Pelé como o jogador mais completo que já havia jogado. O Santos era conhecido internacionalmente como o “Balé Branco”. Em 1962, foi o primeiro time brasileiro a vencer a Libertadores da América e no ano seguinte foi bicampeão. Também foi pelo Santos que o rei fez o seu milésimo gol, em cima do Vasco da Gama no Maracanã. Pelo clube paulista, Pelé fez 1.116 partidas e marcou 1.091 gols, marca jamais batida até hoje.
Fez sua primeira partida pela Seleção Brasileira após dez meses jogando no Santos. Foi convocado para a disputa da Copa Roca (atual Superplástico das Américas) e é até hoje o mais novo jogador a disputar e vencer uma Copa do Mundo, com apenas 17 anos e 8 meses.
É fato que, o futebol brasileiro tem três fases: a fase antes de Pelé, a fase Pelé e a fase pós Pelé. A partir do Mundial de 1958 na Suécia, o mundo passou a conhecer de fato o futebol brasileiro e um menino negro que nasceu para brilhar, para dar espetáculos.
Com Pelé, dava-se início à chamada era de ouro do nosso futebol. Foram três títulos mundiais de 1958 a 1970, algo jamais repetido por outra seleção ou por um só jogador. Ao todo, foram 95 gols marcados com a amarelinha, o que ainda o faz o maior artilheiro da Seleção. Recentemente, a FIFA fez uma revisão nos prêmios dados aos melhores jogadores e corrigiu uma das maiores injustiças do futebol, concedendo ao rei sete bolas de ouro. Na Copa da Suécia os franceses lhe deram o nome pelo qual Pelé é reverenciado no mundo, “O Rei do Futebol”.
Como apaixonado por futebol, sou muito fã desse que para mim foi, é, e sempre será o maior jogador de todos os tempos, pelo menos até que outro consiga ganhar três Copas do Mundo – sendo a primeira com apenas 17 anos – e consiga quebrar outros recordes desse cara. Mencionei aqui neste texto somente alguns feitos do rei como jogador de futebol, (até porque seriam muitas páginas para descrever o ser humano por trás da majestade). A frase de um ex-presidente dos Estados Unidos quando se encontrou com o rei resume bem quem é Pelé: “meu nome é Ronald Reagan, sou o presidente dos Estados Unidos da América, mas você não precisa se apresentar, porque todo mundo sabe quem é Pelé”.
Há pessoas que nascem para brilhar. Deus, como criador e sabedor de todas as coisas, faz tudo de forma perfeita. Não à toa, ele escolheu um menino de pele negra para que pudesse mudar conceitos, quebrar paradigmas e mostrar ao mundo que a cor da pele não nos torna diferentes em nada. Sem dúvidas, Edson Arantes do Nascimento foi um escolhido pelo criador e aqueles garotos que lhe deram o apelido de Pelé foram simplesmente usados por Deus para dar a ele um nome que se tornaria eterno, imortal. Foi sepultado o mortal Edson Arantes do Nascimento, mas Pelé, o imortal, continuará vivo e eterno.