A execução de Ruy Ferraz e a urgência do dever de casa da segurança pública em São Paulo
17 setembro 2025 às 20h20

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- Por Jornalista Alan Ribeiro
A execução brutal do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, não é apenas um crime hediondo que choca pela covardia e ousadia dos criminosos. É, sobretudo, um símbolo da fragilidade estrutural da segurança pública paulista, que segue operando de forma reativa e pouco preventiva, expondo tanto cidadãos comuns quanto autoridades e agentes que dedicaram a vida ao combate ao crime organizado.
Com mais de 40 anos de serviço e tendo chefiado a Polícia Civil até 2022, Ruy Ferraz já era alvo de antigas ameaças. Ainda assim, foi morto em plena Praia Grande, após ser perseguido, capotar o carro e ser alvejado por criminosos que agiram com frieza e planejamento. Se alguém com esse histórico e profundo conhecimento da máquina policial pode ser eliminado com tamanha facilidade, o que resta para o cidadão comum?
O episódio expõe problemas que o governo de São Paulo, sob a gestão de Tarcísio de Freitas, insiste em não enfrentar com a profundidade necessária. O atual modelo de segurança privilegia ações espetaculares e operações midiáticas, mas falha em garantir proteção real, inteligência preventiva e credibilidade junto à população.
Nos últimos anos, assistimos ao aumento da letalidade policial, a operações de grande visibilidade e a discursos de endurecimento contra o crime. No entanto, os resultados práticos são questionáveis: facções criminosas seguem fortes, comunidades vivem sob tensão constante e a sensação de insegurança cresce. O assassinato de um ex-delegado-geral evidência que, apesar da retórica oficial, o Estado continua vulnerável diante do crime organizado.
O governador precisa compreender que segurança pública não se resume a enfrentamento armado ou a números em relatórios. É necessário:
- criar protocolos sólidos de proteção a agentes sob ameaça, ativos ou aposentados;
- investir em inteligência e monitoramento de risco, antecipando ataques;
- reduzir a letalidade policial, que fragiliza a legitimidade da corporação e afasta a população;
- fortalecer o policiamento comunitário, aproximando a polícia do cidadão;
- e, sobretudo, garantir transparência e prestação de contas, em vez de discursos vagos após cada tragédia.
O dever de casa está claro: São Paulo precisa de uma política de segurança pública séria, preventiva, planejada e integrada, que vá além de ações pontuais e do marketing político. Antes de pensar em projeções nacionais ou em candidaturas futuras, Tarcísio de Freitas deve dar respostas concretas e efetivas a quem mais precisa — o povo paulista, hoje cada vez mais exposto.
A execução de Ruy Ferraz é um alerta duro. Se não houver mudanças imediatas, novos episódios de violência continuarão revelando que o Estado mais rico do país não consegue garantir sequer o básico: a vida de quem lutou para proteger a sociedade.
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