Polícia adverte quem estiver ajudando prefeita de Bom Jardim a se esconder
24 agosto 2015 às 12h54
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Lidiane Leite é suspeita de desviar mais de R$ 5 milhões da educação e está foragida. Aquele que colaborar com ela será considerado membro de organização criminosa
Suspeita de desviar milhões de reais dos cofres públicos, a prefeita de Bom Jardim (MA), Lidiane Leite (PP), está foragida há quatro dias. A Polícia Federal montou um esquema de vigilância em rodovias, portos, aeroportos, rodoviárias e até em fazendas de amigos de Lidiane, onde ela poderia estar escondida, mas ainda não conseguiu encontrá-la.
A expectativa é de que Lidiane seja presa até, no máximo, o fim desta semana. Pela quantidade de dias em que está foragida, a suspeita é de que ela esteja recebendo ajuda para se esconder. Segundo o superintendente da PF no Maranhão, Alexandre Saraiva, a população vem ajudando no caso, mas quem não colaborar e ajudar Lidiane pode ser classificado como membro de uma organização criminosa.
Desde a última quinta-feira (20), quando foi deflagrada a Operação Éden, a Prefeitura está sem ninguém no comando. Segundo as investigações, Lidiane teria desviado cerca de R$ 5 milhões da educação. A Polícia apura fraudes licitatórias, transferências bancárias suspeitas e desvio de dinheiro da merenda escolar.
As investigações verificaram transferências regulares de R$ 1 mil para a conta pessoal da prefeita. O valor total é de mais de R$ 40 mil em um ano. O advogado da prefeitura, Danilo Mohana, também recebia valores dos cofres públicos constantemente – em um ano, embolsou mais de R$ 200 mil.
Ainda de acordo com as investigações, Lidiane fechou um contrato de R$ 18 mil anuais com agricultores para que eles fornecessem alimento para a merenda dos alunos da rede pública. Estes agricultores alegam nunca ter recebido o dinheiro. As fraudes em licitações se deram em contratos firmados com empresas “fantasmas”, que receberam, juntas, R$ 3,1 milhões para reformar 13 escolas.
A operação já prendeu algumas pessoas envolvidas nas irregularidades: o ex-secretário de Agricultura, Antônio Gomes, e o ex-secretário de Assuntos Políticos, Humberto Dantas. Dantas, conhecido como Beto Rocha, é ex-namorado de Lidiane. Ela foi eleita depois de ocupar seu lugar nas eleições para a Prefeitura da cidade quando ele foi impedido de seguir pleiteando o cargo pela Lei da Ficha Limpa.
Lidiane, de 25 anos, chamava a atenção por ostentar um estilo de vida luxuoso nas redes sociais. Seu histórico de problemas com a Justiça é longo: ela foi afastada pela primeira vez em 2014. Na ocasião, após denúncias de improbidade administrativa, Lidiane deveria se distanciar do cargo por 30 dias, mas conseguiu retornar em 72 horas por meio de liminar.
Ela foi beneficiada por liminares em outras duas ocasiões: em dezembro daquele mesmo ano (quando deveria ficar afastada por 180 dias) e em maio de 2015. Os vereadores da cidade estão impedidos de votar a cassação do mandato porque Lidiane conseguiu uma medida cautelar na Justiça.