Dois goianos estão na lista de arbitragem para a Copa do Mundo no Qatar

30 maio 2022 às 17h41

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Wilson Pereira Sampaio irá como árbitro. Bruno Pires será assistente de árbitro
Cilas Gontijo
Pela primeira vez na história das copas, goianos fazem parte da comissão de arbitragem. “É a realização de um sonho, o ápice da nossa carreira”, declaram.
A Copa Mundo do Qatar certamente entrará para a história por ser a mais cara de todos os tempos, com investimentos estimados de US$ 220 bilhões. A Copa no Brasil custou aos cofres públicos cerca de US$ 15 bilhões e estava no topo da lista de maiores gastos de um país em uma Copa do Mundo.
Há outro motivo pelo qual este Mundial jamais será esquecido. É que será realizada em um país árabe, numa nação muçulmana, ou seja, onde há a predominância de uma sociedade machista, em que as mulheres normalmente são discriminadas simplesmente pelo fato de ser mulher, servindo apenas para gerar e criar filhos. A Fifa pela primeira vez escala mulheres para compor o quadro de arbitragem de um dos eventos esportivos mais importantes do planeta, três árbitras e três bandeirinhas, sendo que uma é brasileira Neuza Back, de Santa Catarina.
Neste cenário de luxo, quebra de paradigmas e preconceitos, na escalação da Fifa figuram o nome de dois goianos: o árbitro Wilton Pereira Sampaio e o assistente de árbitro Bruno Pires. Ambos têm filiação na Federação Internacional de Futebol.

Wilson Pereira Sampaio
Wilton Pereira Sampaio, 40 anos, natural de Teresina de Goiás, cidade do Nordeste goiano, se tornou árbitro de futebol em 2001 e já em 2003 entrou para os quadros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Wilton não iniciou sua carreira em Goiás, e sim em Brasília, fazendo parte da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), de 2001 até 2011. Em 2012, ele se transferiu para Goiás e, desde então, compõe a lista de árbitros da Federação Goiana de Futebol (FGF). Um ano após sua entrada para a FGF, se tornou árbitro da Fifa.
Wilton conta que recebeu a notícia da sua convocação quando estava concentrado para um jogo da série B entre Grêmio e Criciúma. “Recebi a notícia por e-mail oficial da Fifa. Porém, já tinha muitas mensagens me parabenizando por estar convocado. Foi uma sensação única, de muita alegria e, ao mesmo tempo, sabendo do tamanho da responsabilidade que terei em representar bem meu país, meu Estado e a entidade que represento, a FGF”, disse ele.
O árbitro assinala que não foi fácil manter a concentração para o jogo que, logo após a notícia, ele teria que apitar, mas garante que correu tudo bem. Wilton, que recentemente foi escalado pela Fifa para apitar jogos da Copa Árabe, também apita jogos na América do Sul, quando é chamado pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). O goiano fez parte dos convocados para a última Copa na Rússia, como árbitro auxiliar de vídeo. Portanto, já é um árbitro bastante experiente em jogos nacionais e internacionais.
Para ele, sua idade não será um problema. “Corro em cada partida o equivalente a 10 a 12 quilômetros. Me sinto muito bem-preparado para enfrentar mais este desafio na carreira. Estou no ápice da forma física. Contudo, também sei que, com esta convocação, preciso me preparar ainda mais, tanto fisicamente, porque o futebol está muito rápido, como tecnicamente. O processo continua”, afirma.
Wilton parabeniza a catarinense Neuza Back, que foi uma das escolhidas para ser bandeirinha nesta Copa. “Neuza é muito competente e tenho certeza que fará bonito no Mundial.”
Bruno Raphael Pires
O outro goiano chamado pela Fifa é o auxiliar de arbitragem Bruno Raphael Pires, de 36 anos, natural de Bela Vista (GO). É formado em arbitragem desde 2009 pelo curso do sindicato dos árbitros em parceria com a FGF e em 2010 entrou para a federação. Sua estreia no profissional se deu no mesmo ano, sendo indicado para os quadros da CBF, em 2012 — e, em 2016, foi aprovado para fazer parte do quadro de arbitragem da Fifa.
Portanto, é um bandeirinha com muita bagagem. Assim como seu colega, antes de ter acesso à notícia oficial, foram as redes sociais que deram a ele ciência da sua convocação. “Participar de uma Copa do Mundo é a principal realização profissional e pessoal e agradeço a todas as pessoas que Deus colocou em minha vida para que eu chegasse a este momento. É a realização de um sonho”, diz Bruno.
Bruno salienta que agora a responsabilidade só aumenta em manter a parte técnica e física na melhor qualidade possível, para não correr o risco de ser cortado da convocação por algum motivo. Ele parabeniza seu amigo Wilton e a sua colega de beira de campo Neuza Back pela sua conquista. “Apesar de ser uma competição masculina, os testes que são aplicados a ela são os mesmo que os homens passam. Por este motivo, ela está tão preparada quanto os homens. É uma conquista de todas as mulheres.”

O Coronel Mota, presidente da Comissão de Arbitragem na FGF, explica que a CBF é quem escolhe os árbitros que farão parte da Fifa. “É mérito dos árbitros, sem qualquer indicação da FGF. São os observadores-analistas da Fifa que definem.”
Mota ressalta que há alguns pilares que são observados na avaliação de um árbitro: a parte técnica (que envolve leitura de jogo, dinâmica e a aplicação das regras corretamente); o físico (os testes da Fifa são muito rigorosos); e a parte mental (precisa ter controle emocional e o social. É de suma importância que os árbitros estejam bem como cidadãos, cumprindo as suas obrigações).
Para Mota, os dois goianos representam a coroação de um trabalho de base e isso motiva os demais a serem melhores em cada atuação. “Esta convocação é um fomentador de arbitragem.”
Cilas Gontijo é estudante de Jornalismo na Faculdade Araguaia.