Articulações para eleger novos integrantes do comando do Poder Legislativo estão amenas, por enquanto. A partir de janeiro, afunilamento de pretendentes será intensificado

José Vitti e Mané de Oliveira, PSDB; Lincoln Tejota e Francisco Jr., PSD; Helio de Sousa, DEM; Talles Barreto e Valcenôr Braz, PTB; e Francisco Oliveira, PHS: nomes para disputar a presidência da Assembleia Legislativa (Fotos: Fernando Leite / reprodução)
José Vitti e Mané de Oliveira, PSDB; Lincoln Tejota e Francisco Jr., PSD; Helio de Sousa, DEM; Talles Barreto e Valcenôr Braz, PTB; e Francisco Oliveira, PHS: nomes para disputar a presidência da Assembleia Legislativa (Fotos: Fernando Leite / reprodução)

Marcello Dantas

O início da 18ª legislatura da Assembleia Legislativa de Goiás se aproxima e o panorama dos prováveis candidatos à presidência da Casa fica mais claro. Novatos e veteranos se movimentam, mesmo que informalmente, para concorrer a principal cadeira do Poder Legislativo, em votação no dia 1º de fevereiro. Entre eles o do atual presidente, Helio de Sousa (DEM); de Francisco Jr. e Lincoln Tejota (ambos do PSD); dos tucanos José Vitti e Mané de Oliveira; de Valcenôr Braz, Henrique Arantes (PTB); e de Francisco Oliveira (PHS).

Os parlamentares têm motivos diversos em comandar o Palácio Alfredo Nasser. Afinal, passam por lá os projetos de interesse do governador Marconi Perillo (PSDB), que chega ao quarto mandato com mais experiência e a base fortalecida. Sete deputados da sigla vão atuar em plenário.

Mais votado para a Assembleia nas últimas eleições, o radialista Mané de Oliveira está em seu segundo mandato – o primeiro foi em 1986. O radialista ressalta que, por ser o parlamentar com mais idade e pelos 50 anos de história no jornalismo goiano, tem legitimidade em se colocar como pré-candidato. Acredita que a amizade firmada com o governador desde a década de 80 dá mais força. “Democraticamente, tenho o direito. Se for feita uma enquete com o povo para saber qual dos 41 parlamentares deve ser o presidente do Legislativo, acho que eu teria uma votação tão boa quanto tive para deputado.”

O tucano adianta que pretende conversar com os colegas de partido e com Marconi Perillo sobre a pré-candidatura. O encontro com o governador, no entanto, não está agendado. “Para ser presidente, a opinião pública tem de ser respeitada. Se dessa vez não der para ser, não quero disputar votos. Não preciso contar minha história, todos os deputados me conhecem.”

Sobre o fato de a Assembleia estar sendo presidida pelo democrata Helio de Sousa, o deputado eleito avalia que, historicamente, o PSDB elege o presidente. “Apesar de ser do DEM, é um companheiro de longas datas, que não deixou a gente. Foi uma prova de fidelidade [ao governador]. E ele tem de ser considerado pelo nosso partido”, argumentou. Mané de Oliveira disse que caso não seja efetivada a pré-candidatura, votaria no colega. “Não tenho nenhum motivo para não votar nele, se eu não for candidato.”

A eleição de um peessedebista é importante para o Poder Executivo. Tanto é que outro tucano se coloca como pré-candidato e adianta as conversações, inclusive com a oposição. José Vitti lembra que desde sua saída do DEM, em setembro de 2013, para se filiar ao PSDB, o governador sabia de sua intenção em presidir a Assembleia — o que teria sido reforçado pelo desempenho nas eleições. “Achei justo colocar o meu nome à disposição por ser do partido com a maior bancada”, lembrou o parlamentar, que tem reduto eleitoral em Palmeiras de Goiás, cidade onde o governador viveu durante anos. Segundo ele, Helio de Sousa também sabe da sua vontade.

Empresário do ramo da mineração, José Vitti cita que reuniu-se com o governador logo após o primeiro turno para tratar do assunto e acredita que haverá consenso na sigla. Pregando o diálogo em busca do entendimento, sugere que é bem aceito na base e na oposição. “Nesta legislatura principalmente, onde tenho amigos de infância e que atuam no meu segmento. Agora, com a mudança, permaneceram alguns e apareceram outros que mostraram interesse em conversar.”

Contatos teriam sido feitos com os peemedebistas Samuel Belchior, presidente da sigla e que não se candidatou à reeleição; Bruno Peixoto, líder de bancada; e José Nelto, eleito neste ano. Além deles, os petistas Luis Cesar Bueno e Humberto Aidar, e Simeyzon Silveira (PSC). De maneira informal, comunicou Helio de Sousa sobre sua pretensão. Mesmo assim, acredita que a oposição irá votar em bloco.

José Vitti expôs que existem critérios para fortalecer os nomes dos pretendentes, principalmente para os novatos. “Devem prevalecer algumas regras que são historicamente implantadas na Assembleia. Nada contra quem foi eleito por partidos menores, mas tem o bônus, por ter sido eleito com menos votos e não ter participado de uma coligação tão pesada. E o ônus é a dificuldade de chegar e alcançar lugares melhores”, refletiu, apontando o caso de Francisco Oliveira.

O parlamentar considera que as primeiras conversas são apenas para “sentir” qual é a reação dos colegas quando se propõe a pré-candidatura. O deputado teceu comentários sobre o fato de a Assembleia estar sendo presidida por Helio de Sousa (que substituiu o tucano Helder Valin, indicado para o Tribunal de Contas do Estado) sendo que o partido do democrata apoiou a candidatura de Iris Rezende (PMDB) ao governo estadual. “Você está entregando a presidência do poder para um partido que elegeu um senador [o deputado federal Ronaldo Caiado] de oposição ao Marconi Perillo, que não fez parte da coligação nem ajudou parlamentares da base. É preciso ter noção disso: você cria certa dificuldade. Amanhã, o governador e o vice saem para viagem e quem vai ficar no poder será do DEM”, contextualiza, destacando que não pretende impor sua pré-candidatura.

Helio de Sousa confirma a conversa com José Vitti, mas de maneira informal, e registra ao Jornal Opção sua vontade em continuar no comando. O ex-prefeito de Goianésia tem certeza de que, até o momento, nenhum deputado definiu quem irá apoiar. “As candidaturas estarão em campo a partir de janeiro, um mês decisivo”, alerta, destacando que a reforma política e administrativa do governo – prestes a ser enviada à Assembleia – poderá atrair pré-candidatos.

Eleito para o quinto mandato, o democrata adianta que comentou sobre sua pré-candidatura com deputados eleitos, reeleitos e o próprio governador. Entretanto, apontou que nenhum deputado abriu o jogo. “Da parte de Marconi Perillo, não há restrição a nenhum candidato”, observa, completando que aquele que tem vontade de ser presidente convém ser “querido”, não apenas querer ocupar o cargo.

Para ele, o fato de ser democrata não o descredencia de ser presidente de novo. “A Mesa Diretora é suprapartidária”, analisou, citando deputados de diferentes partidos que hoje ajudam a presidir a Casa de Leis, inclusive de oposição.

O PTB, que tem cinco deputados, também tem interesse na presidência. O líder da bancada, Talles Barreto, afirma que Henrique Arantes se mostrou disposto a concorrer. “O PTB tem interesse na presidência. Se perguntar algum deputado, ainda mais reeleito, se deseja ser presidente e ele disser que não, é mentira.” Ao Jornal Opção, informa que na segunda-feira, 10, os deputados da sigla vão se reunir com a maior liderança petebista no Estado, o deputado federal Jovair Arantes. Um dos assuntos da pauta é a eleição. “Somos da base, é importante ouvi-lo, assim como o próprio governador.” Já Valcenôr Braz foi mais comedido e negou qualquer possibilidade de entrar na disputa: “Está descartada. É intriga da oposição”.

Nos bastidores, a informação é a de que as articulações estariam mais intensas para eleger Lincoln Tejota. No entanto, o jovem parlamentar não se posicionou a respeito das especulações. Ele tem forte influência do pai, Sebastião Tejota, conselheiro do TCE.

O colega de partido Francisco Jr. nega pretender se candidatar, mas esclarece que apoia o nome de Lincoln Tejota. “Está em nível zero de articulação, pelo contrário, quero trabalhar junto com o partido. E, até agora, quem se colocou à disposição [para concorrer] foi o Lincoln Tejota. E tem o meu apoio”, disse. Ex-vereador por Goiânia, reconhece que há um movimento inicial para as conversas, que deve ser intensificado nas próximas semanas. “A partir de agora, as articulações entre as bancadas serão mais objetivas.”

Em número de deputados, a bancada do PSD é a maior, empatada apenas com a do PTB. Somam-se a Lincoln Tejota e Francisco Jr., os neoeleitos Lissauer Vieira, Diego Sorgatto e Vir­mondes Cruvinel. Todos, segundo o entrevistado, apoiam a candidatura de Lincoln Tejota.

Para o deputado, não é prejudicial o fato de o pré-candidato de sua legenda ser jovem e estar no segundo mandato. “Eu fui bem avaliado quando presidi a Câmara [de Goiânia]. Mas é preciso ter suporte partidário e reunir boa base que o sustente. O fato de a pessoa ter o mandato já o legitima para concorrer. É necessário entender que, caso eleito, não irá presidir sozinho. O melhor candidato tem que representar a vontade das bancadas”, avalia.

Em sua primeira atuação no Poder Legislativo estadual, Francisco Jr. lista que o projeto para a presidência tem que atender os anseios dos 41 deputados, tanto do ponto de vista interno, no caso do trato político para a aprovação de projetos do governo, quanto externo, que represente e recupere a imagem da Assembleia diante da população goiana.

A experiência de ter dirigido uma Casa de Leis é uma das vantagens de Francisco Oliveira, pré-candidato próximo ao governador. Ex-presidente da Câmara de Vereadores da capital, ele tem conhecimento sobre os processos internos. Alguns deputados afirmaram que o colega iniciou intensas articulações logo após o primeiro turno e que, agora, teriam sido amenizadas.

As eleições para a Assembleia vão ocorrer logo após a posse dos deputados, no primeiro dia de fevereiro. O presidente eleito vai ocupar o cargo até 1º de fevereiro de 2017.