O candidato à presidência da república Ciro Gomes (PDT) defendeu, em entrevista no Jornal Nacional nesta terça-feira, 23, a transformação do Auxílio Brasil em um programa de renda mínima que continue a longo prazo. Para isso, o terceiro colocado nas pesquisas eleitorais prevê a taxação de grandes fortunas.

Ciro Gomes é o segundo presidenciável a ser entrevistado na série de sabatinas feitas pelo telejornal ao longo desta semana, a partir de 20h30. Nesta segunda-feira, 22, o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) foi entrevistado. Na quinta-feira, será a vez do ex-presidente Lula (PT) e, no dia seguinte, os jornalista William Bonner e Renata Vasconcelos recebem Simone Tebet (MDB).

Na entrevista de hoje, Ciro Gomes disse que, caso eleito, instituirá a renda mínima de R$ 1 mil às famílias de baixa renda em caráter permanente. O Auxílio Brasil, segundo ele, seria transformado em direito previdenciário constitucional. Para custear o programa, o candidato disse que irá reunir vários benefícios sociais e ainda outra fonte de recurso: tributação sobre grandes patrimônios. “Esta consolidação dá R$ 290 bilhões. (…) Eu vou agregar um tributo sobre grandes fortunas apenas e tão somente sobre patrimônios superiores a R$ 20 milhões”. Segundo o candidato, 58 mil brasileiros têm esta quantia em bens. “Cada super rico no Brasil, vai ajudar a financiar com R$ 0,50 apenas de cada R$ 100 da sua fortuna”, argumentou.

A relação de Ciro com o Congresso, caso eleito, foi questionada na entrevista, uma vez que sua candidatura pelo PDT não tem alianças. Entre as saídas apontadas pelo candidato, está a de que ele pretende mudar o modelo de governança “que se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão na expressão elegante do Fernando Henrique ou nessa adesão vexaminosa e corrupta ao Centrão”. 

Na entrevista ao Jornal Nacional, o candidato reforçou que não tentará reeleição, algo que havia dito em outras oportunidades. “O que destruiu a governança política brasileira nesse modelo que estou falando é a reeleição. Ele [o governante] quer agradar todo mundo porque quer fazer a reeleição. Têm medo de CPI porque querem se reeleger”, afirmou.

Ainda sobre a governança, Ciro foi questionado sobre a defesa que faz em relação a plebiscitos. Nestas consultas, a população decide de forma direta temas de relevância nacional. “Onde persistir o impasse [no Legislativo], peço autorização do Congresso para fazer plebiscito popular”, disse.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de seus posicionamentos sobre os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) ajudarem aumentar a polarização no país, Ciro afirmou que pode reavaliar a postura. “Não custa nada rever certos temas”, disse.