Bernardo Élis foi também advogado e professor. Filho do poeta Érico José Curado e de Marieta Fleury Curado
Nascido em Corumbá, Bernardo Élis conquistou, em 1975, a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras
Bernardo Élis foi um escritor de grande dimensão brasileira, foi justamente eleito para a Academia Goiana de Letras e, como contista, também um dos melhores do Brasil. Seu pai, Erico Curado, foi poeta simbolista. Bernardo deixou também poesia, que não foi seu grande gênero. Veja-se este exemplo, um poema sobre a primeira chuva.
Primeira chuva
Quentura de noite pejada de nuvens baixas e negras.
Bambos bamboleios de trovão soturno
batendo o tímpano bambo da zabumba do horizonte.
Trovão apagado,
saudoso,
distante.
Depois a chuva em grossos pingos
sobre os telhados,
na poeira ressequida das estradas,
na terra requeimada das queimadas,
desprendendo um cheiro forte de gestação.
(Mamãe molhava algodão em cachaça canforada
e nos dava para cheirar: – cuidado com defluxo!)
Amanhã tudo vai começar de novo:
as folhas voltarão aos galhos secos,
as águas resmungarão nas grotas mortas,
os pássaros do céu hão de cantar no cio…
(E aquela que partiu porque não volta?)
Lá fora uma goteira numa lata pinga,
pinga a pingo,
pengue,
pengue,
numa toada monótona de preta que ninasse.
Pengue,
pengue,
pingo a pingo.
(E aquela que partiu,
Porque não volta?)

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