Playboy circula em abril com Luana Piovani na capa, mas sem receber cachê

06 fevereiro 2016 às 09h04
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A revista não paga mais cachê, alegando que “o corpo da mulher não tem preço” e sugere as que as fotos serão mais “sensuais” do que “sexuais” ou “carnais”
A atriz e ex-modelo Luana Piovani, como Bruna Lombardi, permanece bela com o avançar dos anos e posa para a primeira capa da nova revista “Playboy”.
Ao chegar ao teatro Eva Herz, na Livraria Cultura, em São Paulo, Luana Piovani foi logo dizendo: “Sou eu!”. Não precisava, todos já olhavam para aquela mulher alta, radiante, chamativa e bonita e sabiam de quem se tratava. “Amei que marcaram num teatro, não podia ser melhor.”
Com seu estilo esfuziante, uma diva de Hollywood nos trópicos, Luana Piovani disse na entrevista coletiva: “Estou muito feliz, eufórica. Graças a Deus na minha vida profissional faço só o que gosto e porque quero. Sempre tive opção firme de trabalhar com o que me dá prazer. Se não tiver prazer, eu, como artista, não consigo criar. Estou aqui porque estou feliz”. Posar para uma revista como a “Playboy” tem algo de artístico? É possível que sim — só não se sabe de que tipo de artístico. Nu artístico? Quem sabe. As pessoas de fato, como Luana Piovani, fazem muitas coisas por prazer, mas que o dinheiro ajuda, sobretudo se for uma boa grana, isto ajuda mesmo.
Por que Luana Piovani aceitou o convite da “Playboy”? “Aceitei porque mudou o conceito. Não sou obrigada a colocar o dedinho na boca para fazer punheteiro gozar”, disse quase como se fosse uma teórica da Universidade de São Paulo, da Unicamp ou da Escola de Frankfurt.
Comportando-se praticamente como uma editora da publicação que um dia foi da Editora Abril, Luana Piovani continuou “teorizando”: “A mudança de conceito trouxe uma nova cara para a ‘Playboy’ e foi aí que me encantei. Hoje a revista convida as mulheres para fazerem o ensaio e elas fazem da forma que querem e mostram o que querem. E é para isso que estamos lutando. Porque o corpo é nosso e fazemos com ele o que queremos”. Mais feminista, impossível. Nem a intelectual americana Camille Paglia, nos áureos tempos, diria melhor.
Continuando na teorização, com sua língua viperina de mulher de fato livre das amarras da sociedade — que são algemas para limitar as mulheres —, Luana Piovani pontuou: “Quem quiser posar nua, posa. Eu, por exemplo, quero. Mas cada uma que for convidada vai mostrar o que quiser. É uma revista para maiores de 18 anos, e sabemos que é isso que o leitor quer. Mas agora nada é obrigatório. Agora tem um viés mais poético e de arte, é uma coisa sensual, despida. Você escolhe um fotógrafo, faz um ensaio lindo e você decide o que quer mostrar. E é exatamente isso que me dá tesão de fazer ‘Playboy’”. Sabe-se, é claro, que aquela mulher que posar nua, a que mostrar mais as qualidades pudendas, ganhará uma grana mais polpuda ou popozuda? Não é bem assim.
Vestida quase como Sharon Stone, a de “Instinto Selvagem” (que tanto encantou o escritor Bernardo Élis), mas com todos os adereços, inclusive aquele mignon que os homens tanto apreciam, Luana Piovani encantou a todos, numa simpatia rara. Seu vestido preto, justo e curtíssimo, contribuía para exibir suas belas pernas. “Sensualidade tem a ver com naturalidade. Você consegue se produzir para ser sexy, mas sensualidade não. Você não fica sensual, você nasce”, pontificou, quiçá interpretando as coisas como de fato são.
O que mais surpreendeu a plateia atenta, tanto às palavras quanto às pernas da atriz, foi Luana Piovani dizer que, para fazer o ensaio, não recebeu cachê. “Não teve remuneração. Quando você paga, tem aquela coisa de ‘tô pagando’. Tem cobrança, isso não é legal. Ninguém me obriga a nada”, sublinhou, rindo. “Hoje vou apresentar meus seios pós-mamada de gêmeos. Não tenho medo de críticas. Hoje sou uma Ferrari batida.” Não era, por certo, o que as pessoas que estavam lá pensavam. Nem é o que todos os demais pensam. Luana Piovani continua bonita e, mesmo quando parece não querer, glamourosa.
A revista com Luana Piovani na capa sai em abril, um mês que, para uns poetas, não é bom, mas, para outros, é ótimo. Para os leitores (ou olhadores) de “Playboy” decerto será muito bom. Eu mesmo, se a psicanalista Candice Marques, minha mulher, não me censurar, e decerto não o fará, comprarei um exemplar. Direi, como o crítico literário Marcelo Franco, o filósofo Marco Antônio da Silva Lemos e o publisher Iúri Rincón Godinho, que comprarei para ler entrevistas e reportagens do balacobaco. Mas, na verdade, olharei, como todos, primeiramente as fotografias da bela Luana Piovani e, talvez, de outras mulheres belas que exibirão suas virtudes sondáveis ou insondáveis.
Aos 39 anos — 40 em agosto —, Luana Piovani vai mesmo precisar de Photoshop? Como ninguém é perfeito, nem Ava Gardner e Marilyn Monroe eram, a atriz admite que suas fotografias precisarão de algumas correções. Homens não se importam tanto com celulite — mulheres é que são implacáveis com as demais e veem tudo, até aquilo que os homens não percebem ou não se interessam em perceber —, mas, numa revista como a “Playboy”, querem pernas e bumbuns mais “limpos”. “Não tenho nada contra Photoshop. Sou contra o excesso de Photoshop. Assim como sou contra o excesso de plásticas, contra o artificial. Uso Photoshop em casa, mas em coisa muito pequena. Quero fazer a nova ‘Playboy’ para mostrar para todo mundo que a mulher bonita é bonita com o peito que ela tem, com o corpo que ela tem.” A bela Luana é mãe de três filhos: Dom, de quase 4 anos, e os gêmeos Bem (ainda bem que não é Ravel) e Liz, de 5 meses.
Quando tinha 20 anos, Luana Piovani era vista como uma deusa do Olimpo da beleza. O corpo era impecável. “É outro corpo. Não tinha cicatriz, meu peito era irretocável.” O compositor e cantor Adoniran Barbosa disse numa música: “E eu que já fui uma brasa,/Se assoprarem posso acender de novo”. É o caso de Luana Piovani, que, porém, não precisa ser “assoprada”. Porque é um vulcão em permanente erupção.
Perguntaram a Luana Piovani se o ensaio teria nudez total. “Acho que sim. Não cheguei aqui para fazer o mesmo que já fiz em outros quatro ensaios. Mas não teremos bife. Não temos a obrigação de mostrar nada. Tem que estar despida e fazer um belo ensaio. Você dá o que quiser. Essa liberdade é que me deu vontade de fazer o ensaio.”
A atriz afirma que seu marido, Pedro Scooby, não se importa com o fato de ela posar nua. “Ele me ama, adora me ver bonita e não tem problema em saber que outras pessoas me desejam. Ele sabe que minha escolha é ele. E ele está superfeliz.” As fotos serão feitas no Brasil no final de fevereiro.
O publisher da “Playboy”, André Sanseverino, diz que a revista não vai mais pagar pelos ensaios nus. “Nossa proposta para atrair as musas é oferecer a elas uma experiência única ao posar pra gente. Vamos resgatar o glamour perdido e mostrar um novo nu, o nu com arte.” Nu é nu, e não sei se é arte. Mas há nus que atraem sexualmente e nus que atraem sensualmente. É como uma escultura de Rodin.
Num comunicado, a diretoria da revista explicitou sua filosofia: “Na nova ‘Playboy’, a mulher não será objeto de nudez, ela terá voz na revista e suas histórias de vida serão valorizadas. A nudez irá sempre existir, o que muda é o tom e o olhar sobre essa estrela”. A antiga “Playboy” não era, no geral, grosseira. As fotos quase sempre eram de bom gosto. Vera Fischer, Maitê Proença, Bruna Lombardi e Adriane Galisteu fizeram ensaios sensacionais.
Retirei as informações do site Ego (http://ego.globo.com/famosos/noticia/2016/02/luana-piovani-e-apresentada-como-primeira-capa-da-nova-playboy.html). As falas são de Luana Piovani e os comentários são de minha autoria. Espero que, embora brincalhão, tenha sido respeitoso.