Instagram reforça a marca do jornal, gera engajamento, mas não amplia o acesso

29 maio 2022 às 00h00

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Os debates são tão fortes e aguerridos que até jornalistas parecem acreditar que a rede social contribui para aumentar o acesso diário
Incontornável, o Instagram é bem-sucedido e o modelo agrada aos usuários. Pode-se sugerir, de maneira excessiva e figurada, que a rede social é como uma “penitenciária” de segurança máxima. O indivíduo entra — diverte-se com as postagens, fotos e vídeos, e interage com os milhares de amigos —e “raramente” sai de lá.

Por isso, para os jornais, o Instagram praticamente não representa uma ampliação do acesso. Por que o debate — o “engajamento” — fica por lá mesmo; é, digamos, interno. Raramente, exceto quando o assunto é arrasa-quarteirão, o usuário migra do Instagram para os sites dos jornais. Repórteres e editores, se quiserem, podem fazer a verificação diária a respeito do “acesso” que a rede social envia para os jornais em que trabalham. Os que se atrevem a observar constatam que a maior audiência das publicações deriva do acesso direto e do Google (há reportagens e artigos referenciais que são uma fonte permanente de acesso). O Facebook às vezes surpreende como fonte de acesso, assim como o Twitter.
Na sexta-feira, às 22 horas, quando redigi este texto para a coluna Imprensa, a maior parte do acesso se dava nesta ordem: leitura direta do site do jornal, Google, Twitter, Facebook e, por último, Instagram.
Porém, mesmo sendo um “sistema fechado”, que cria debates internos e não externos, o Instagram tem sua importância. A jornalista Gisele Vanessa, editora do Online do Jornal Opção, tem razão: o Instagram reforça a marca do jornal e, a rigor, é um “outro produto”, e, como tal, deve ser trabalhado.

Como escrevo a coluna Bastidores, em parceria com o editor Marcos Aurélio — jornalista competente e responsável —, os políticos estão sempre me pedindo: “Me envie o link da reportagem pelo WhatsApp e depois poste no Instagram”. Por que o Instagram? Porque lá há um denso “engajamento”, uma ativa participação dos leitores, e sem nenhum controle (cada um diz o que quer). Mesmo sem a postagem da reportagem completa, e sim apenas de um fatiamento do assunto, a informação gera debate e, até, guerras verbais. Noto, por vezes, que os usuários discutem o assunto sem saber direito do que estão falando.
Há poucos dias, o ex-prefeito de Jaraguá Lineu Olímpio ligou e disse: “Na listagem dos candidatos do MDB a deputado estadual não consta meu nome”. Pouco depois, o deputado José Nelto pergunta: “Por que não colocaram o nome do Lineu Olímpio?”.
Fiquei intrigado e resolvi reler a nota da coluna Bastidores. O nome de Lineu Olímpio constava do texto, e apontado como um dos favoritos para o pleito de 2 de outubro deste ano. Aconteceu que, ao ler a notícia apenas no Instagram, o pré-candidato não viu o seu nome e, por isso, reclamou.
O que fazer: ignorar o Instagram? Não, de maneira alguma. Na verdade, os jornais trabalham seus produtos em todas as redes sociais. Estão certos? Sim. Porque a redes são mesmo incontornáveis. É tolice menosprezá-las.