
Lula consegue, melhor que Dilma, enxergar o futuro do PT no governo | Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
A presidente Dilma amanheceu no Planalto, na segunda-feira, 6, disposta a resolver de uma vez dois problemas: a troca do amigo e companheiro gaúcho Pepe Vargas na Secretaria de Relações Institucionais por alguém do PMDB; e uma nova colocação para o secretário demitido.
A semana prometia barulho. A posse do novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, naquela manhã seria o momento para outras mexidas na equipe.
Na quinta-feira, 9, a CPI da Petrobrás na Câmara interrogaria o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Neste domingo, novos protestos nas ruas contra Dilma pelo país todo.
Na véspera, domingo, 5, um artigo da repórter Vera Rosa, com fontes retiradas do bolso do colete, como os antigos definiam soluções que surgiam entre amigos, plantadas no predominante PT de São Paulo, de onde Lula reina sobre o partido.
Renovavam-se na matéria as criticas do ex-presidente ao prestígio que o Planalto concede ao chefe da Casa Civil, companheiro Aloysio Mercadante, o real articulador político do governo. Mas nem sempre feliz no sucesso de suas formulações, como o embate permanente com o PMDB.
Lula insistia no esvaziamento de Mercadante e na remoção de Pepe Vargas como articulador político no varejo do dia a dia e a quem o ex criticava por falta de envergadura, experiência e maturidade. Ainda estava fresco na memória geral o novo despencar do prestígio de Dilma em pesquisas.
O ex sugeria que a função, se era para ficar no PT, deveria ser do companheiro Jaques Wagner, acomodado como ministro da Defesa que não apreciaria dar expediente no Planalto neste momento. Porém, o melhor negocio seria entregar a articulação ao PMDB, principal aliado e em litigio com o palácio.
Recomendava a transferência do peemedebista gaúcho Eliseu Padilha da Secretaria de Aviação Civil para a de Relações Institucionais, de Vargas. Além de destacar-se na articulação política, Padilha é amigo do vice-presidente Michel Temer, o que facilitaria o trânsito dele no PMDB.
Na manhã de segunda-feira, Dilma, ansiosa, aproveitou a presença de Padilha na posse do novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, e o convidou à troca de pouso: sair da Aviação Civil e desembarcar nas Relações Institucionais. Ao lado dos dois, estava Michel Temer.
Prometeu a Padilha autonomia nas negociações com o Congresso. O secretário se colocou “à disposição” da presidente, mas não assumiu compromisso naquele momento.
Preferiu sentir, antes, o pulso do PMDB. Os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha não se animaram. Eles tinham outros interesses quanto a ministros.
Na terça-feira, Padilha agradeceu o convite, mas o dispensou. Achou melhor continuar onde estava, na Aviação Civil. A cúpula do partido previa que Padilha, se aceitasse a troca de lugar, entraria em choque com o antipeemedebista Mercadante numa disputa por espaço.
No fim do dia, a presidente se voltou à opção pelo vice Temer, que se recusou a ser secretário. Veio então a ideia de esvaziar as Relações Institucionais e montar uma coordenação na vice-presidência.
Não houve oposição na cúpula do PMDB, onde a escolha de Temer não perturbava a ordem pré-existente. O senador Calheiros continuaria a defender a permanência do amigo Vinicius Lages no Ministério do Turismo. Enquanto o deputado Cunha continuaria a trabalhar para colocar no lugar o ex-colega Henrique Alves, antigo presidente Câmara.
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