
Marqueteiro de Dilma Rousseff, João Santana sabe que sua cliente não tem proposta a oferecer ao eleitor | Foto: Silas Dias/Divulgação
A mais recente pesquisa para consumo interno do PT notou que estacionou o sentimento de confiança popular no futuro. A crise na economia seria a maior razão do descrédito. Os petistas não vazaram, mas certamente os gastos com a Copa do Mundo são contrastados pela população com a alta no custo de vida, o desemprego e as deficiências dos serviços públicos.
Com a pesquisa na mão, oito conselheiros da campanha da reeleição da presidente, com Lula à frente, sugeriram que a propaganda de Dilma Rousseff se dedique a apontá-la como a candidata mais indicada para promover a recuperação econômica e, por consequência, reanimar a esperança dos eleitores num futuro melhor do que hoje.
Um dos sintomas da crise na candidatura se manifestou na conclusão, na noite de segunda-feira no Alvorada, de que a confiança da sociedade pode vir se houver ainda mais exposição de Dilma ao público. Não ocorreu entre os petistas a ideia de que mais visibilidade da presidente pode significar mais oportunidades de desgaste da candidata em tempo de protestos nas ruas.
A presidente, por exemplo, encarava com reserva a presença em estádios na Copa do Mundo com receio de vaias como há um ano. Mas os conselheiros sugeriram que basta Dilma ir ao futebol na companhia de Lula para ser bem recebida pela massa. Assim, ambos compareceriam na próxima quinta à abertura do campeonato com o jogo entre o Brasil e a Croácia.
Os dois voltariam a estar juntos no encerramento da disputa um mês depois, em 13 de julho, no Rio. Porém, se a seleção brasileira não estiver no Maracanã para o jogo que consagrará o campeão, será que a presença de Lula seria o suficiente para conter a explosão da insatisfação da massa perante o poder em carne e osso?
O problema da imaginação petista é que o comando da campanha de reeleição propõe à candidata mais do mesmo. É o caso de mais exposição e fala de Dilma. Se for assim, a falta de ideias novas na campanha leva à conclusão de que os conselheiros não enxergam novos espaços a favor da expansão do prestígio da candidata.
Outro sintoma de crise na criatividade petista está no consolo cínico que o marqueteiro João Santana repassou aos companheiros no Alvorada: a presidente enfrenta dificuldade, mas, em compensação, os dois concorrentes principais, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), não empolgam como alternativas de mudança no governo.
Mais do que um consolo, a observação de Santana sugere a alienação quanto à valorização de Aécio e Campos, revelada em pesquisas. Ambos, apesar de tudo, ainda não representam um sinal de alerta para o PT. Bastaria congelar as posições dos três candidatos no status atual e aguardar as urnas daqui quatro meses. A reeleição se torna mais importante do que a gestão.
Sendo assim, o marqueteiro avaliza a ideia de que basta tocar a vida como está, fazendo mais do mesmo. A presidente que continue a discursar quase diariamente para exaltar as obras de seu governo como garantia de crescimento econômico. Afirme sempre que a inflação está sob controle. Se quem vai às compras de varejo a cada dia pensa que não é bem assim, dane-se.
Como corolário da exaltação do governo, a novidade foram os vídeos recentes que buscam injetar no povo o medo pelo retrocesso social se a oposição vencer a disputa presidencial. Os vídeos foram barrados pela justiça eleitoral como campanha antecipada. Mas podem reaparecer em cartaz no período autorizado à propaganda.
Um governo que depende de resultado de futebol para sua aprovação não merece a confiança do país! Fora cambada de vagabundos!
A campanha de Aécio conta agora com a dedicação de Marina Silva para falar mal do PT e de Dilma. Acho que seria muito produtivo se fossem mostradas as cenas em que Aécio acaba com a reputação de Marina e as em que Marina ataca Aécio Neves. Isto mostraria aos eleitores como são frágeis e oportuistas as convicções destes dois entes da política brasileira.